27/10/2017

Apae de Artur Nogueira completa 31 anos superando falta de recursos

Diretor administrativo abriu as portas da entidade e contou como lidar com os desafios financeiros para ajudar mais de 170 alunos

Da redação

Neste sábado (28), a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Artur Nogueira completa 31 anos de atividade. Com 170 alunos matriculados e 30 funcionários – sem contar os voluntários – a entidade tem lutado todos os dias para fechar as contas mensais no azul. O Portal Nogueirense conversou com Flávio de Almeida, diretor administrativo da associação, que explicou os principais desafios e vitórias da Apae nogueirense em 2017.

À frente da entidade desde o começo do ano, Almeida comenta que o grande desafio da Apae é manter o saldo positivo do caixa no final do mês. Segundo ele, a entidade recebe três subsídios – um federal, dois estaduais e três municipais. Somadas, as ajudas fornecem à instituição 12 parcelas de pouco mais de R$ 70 mil. O custo mensal da associação, porém, está na casa dos R$ 100 mil.

Outro agravante da situação, explica Almeida, é que o subsídio é dividido em 12 parcelas e deve incluir o pagamento do 13º salário de funcionários e as férias. “Para dar conta, o ideal seria que a entidade recebesse 14 parcelas”, afirma. A fim de evitar que haja resultados negativos no fechamento do caixa, a Apae tem usado a criatividade para contornar a escassez de recursos – e os próprios alunos matriculados contribuem com o processo.

A Apae aproveitou as oficinas oferecidas aos estudantes, que servem para desenvolver habilidades motoras e sociais, e usa o produto delas como fonte alternativa de renda. Por isso, todo o artesanato confeccionado pelos alunos da instituição – patchwork, pintura em MDF, tricô, filtros dos sonhos, tapetes, papel reciclado, uso de retalhos – é comercializado numa pequena loja anexa ao prédio da entidade: o Bazar Apae, que vende artesanato produzido in loco e peças de roupas doadas.

Além disso, toda quarta-feira os alunos se envolvem na Cozinha Criativa. Junto a instrutora de padaria, eles preparam salgados, bolos e tortas variados. Após devidamente embalados e etiquetados, os produtos são comercializados entre os funcionários da Apae e a vizinhança da associação. Nas terças-feiras, são os familiares dos alunos que colocam a mão na massa e preparam quitutes para venda.

Uma novidade da Apae este ano é a horta. Construída nos fundos do terreno, com direito até a espantalho, a área é mantida pelos próprios alunos, que plantam, regam, limpam e colhem as verduras. Além de poderem comer uma salada orgânica produzida por eles mesmo, os estudantes se beneficiam do contato direto com a terra, sempre recomendado pelos especialistas.

Alternativas

Os esforços da entidade, no entanto, vão além do que o possibilitado pelas oficinas. Praticamente todo mês é realizada alguma festa ou algum evento que apoie a instituição. Com um grande salão em suas dependências, a Apae aluga o espaço ou promove festas nele que angariam fundos para a manutenção da associação, como bazares, shows de prêmios e almoços especiais.

As barracas de pastel em eventos da cidade são outra alternativa de renda. Na próxima quinta-feira (2), Dia de Finados, a Apae estará no Cemitério Municipal vendendo flores aos visitantes e comercializando pastéis e água para a população. Ações semelhantes foram realizadas em outras datas comemorativas, sempre visando aliviar o estresse financeira da entidade.

Outro ponto destacado por Almeida foi que, em 2017 a organização consertou e reativou duas máquinas que fabricam sacos de lixo, e está comercializando o produto. Fora isso, o diretor administrativo tem buscado firmar parcerias com empresas e comércios da região.

Almeida revela que está tentando fechar com uma empresa de plástico para que os alunos da Apae façam o acabamento nas rebarbas dos baldes que eles fabricam – e que isso ajude a entidade a se manter. Aproveitando as máquinas de fazer saco de lixo, a associação deve também começar a fornecer saquinhos para mudas de plantas a uma empresa de Holambra (SP).

De acordo com o diretor, uma de suas ideias é montar uma espécie de feira com food trucks nos arredores da Apae até o final do ano. Ele diz que ainda não está nada fechado, mas que seria muito bom para a entidade e para os comércios da cidade que abraçassem a causa.

Fila de espera

Com tudo isso, o trabalho de Almeida não se limita a permitir que a Apae pague todas suas contas e não deva nenhum fornecedor ou funcionário – o que, segundo ele, foi alcançado em 2017. O intuito é que a entidade tenha condições de contratar mais funcionários para que consiga expandir sua oferta de serviços. Isso porque, atualmente, há mais 50 pessoas na fila de espera para se matricular na Apae de Artur Nogueira.

Hoje, o aluno mais novo da Apae tem 3 meses de vida; o mais velho, 69 anos. Lidar com faixas etárias tão amplas e necessidades especiais variadas exige pessoal qualificado e estrutura adequada, visto que a entidade oferece atendimento ambulatorial, educacional e centro de convivência.

Segundo Almeida, a Apae atende hoje 17 crianças de 0 a 3 anos e 11 meses; 18 crianças de 4 a 5 anos e 11 meses; 18 crianças de 6 a 13 e 11 meses; 58 pessoas de 14 a 29 anos e 11 meses; e 32 com mais de 30 anos de idade na escola e 27 atendidos no ambulatório. Cada grupo etário precisa de um tipo diferente de atendimento, envolvendo variados profissionais e voluntários.

A associação conta com três fisioterapeutas, uma fonoaudióloga, uma pedagoga, uma psicóloga, uma assistente social e um médico neurologista infantil. Juntos, eles somam mais de 3 mil atendimentos por mês na Apae – e não é o suficiente para atender a demanda.

Dentre elas, Almeida destaca: estudo social, acolhimento, orientação sobre acesso a benefícios, auxílio na obtenção de documentação pessoal, ajuda na realização do cadastro no Cras, atividade coletivas, encaminhamento para serviços de saúde da rede pública, encaminhamento para rede de serviço socioassistencial, direcionamento para rede educacional, apoio a cuidadores domiciliares, entre outros.

Aniversário

Fundada em 1986 pelas irmãs Marinez e Roseane Teresani, a Apae de Artur Nogueira teve como primeiro presidente o falecido empresário Osvaldo Sia. Em 31 anos, ajudou milhares de nogueirenses a oferecerem melhor qualidade de vida a pessoas com necessidades especiais.

Nesta sexta-feira (27), uma pequena comemoração deve marcar a data na entidade. Os alunos receberão uma benção proferida pelo padre Edson Tagliaferro e comemorarão o aniversário da entidade com bolos e brincadeiras.

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