ONG resgata pit bull vítima de maus-tratos em Artur Nogueira
Membros da RPAA desconfiam que animal tenha sido usado em rinha e cobram medidas mais efetivas do poder público
Alysson Huf
A Rede de Proteção Animal e Ambiental (RPAA) recuperou um cachorro que foi vítima de maus-tratos em Artur Nogueira. O pit bull, de aproximadamente quatro anos de idade, foi encontrado na rua por um morador da cidade e encaminhado à entidade. Membros da Organização Não Governamental (ONG) desconfiam que o animal tenha sido usado em rinha e cobram medidas mais efetivas do poder público.
O pintor José Maria conta que encontrou o cachorro na rua de casa, no Jardim Arrivabene, neste sábado (17). Segundo ele, o animal estava completamente machucado, numa situação pior que a das imagens que ilustram essa matéria. “Ele estava sangrando muito, com a pata toda rasgada de mordidas”, relata. José levou o Pit Bull para casa, tratou dos machucados e o encaminhou à feirinha da RPAA neste domingo (18).
De acordo com Carlos Caressato, um dos diretores da ONG, a maior suspeita da equipe é que o animal tenha sido usado numa rinha de briga e descartado após perder o embate ilegal. Ele explica que uma das evidências para isso é o fato de o animal estar com muitas feridas na cabeça. “Em rinhas, o objetivo é morder o pescoço, furar a veia e matar o rival”, explica. “Já recebemos algumas denúncias de que no Bairro da Parada existem rinhas”, alerta.
Caressato conta que há outros dois casos recentes de abandono de Pit Bull em Artur Nogueira. “O que acontece: várias pessoas que adquirem um cachorro dessa raça acabam abandonando o animal quando ele chega à idade adulta e começa a estranhar alguém da família ou a dar gastos demais”, explica.
Poder público
Os membros da RPAA fazem um apelo às autoridades para que regulamentem a lei municipal 3.247, que pune agressores de animais na cidade. A lei foi aprovada em 2015, mas até hoje não foi regulamentada pelo Poder Executivo. Segundo a ONG, colocar em vigor a legislação facilitaria o serviço da entidade e otimizaria o combate aos maus-tratos em Artur Nogueira.
Eles também cobram do Poder Executivo o envio de um Projeto de Lei à Câmara que regulariza o comércio de animais em Artur Nogueira. “A cidade está virando um centro de proliferação de animais porque há criadouros que abandonam os filhotes que não se encaixam nos padrões que julgam ser comercializáveis”, resume Caressato.
Ele ainda enfatiza que a RPAA não é contra a criação de animais. “Nós só queremos que a Prefeitura regulamente essa lei, que é simples, curta e dá poder à Vigilância Sanitária para fiscalizar e organizar os criadouros”, comenta. Caressato acrescenta que há centenas de reclamações no município sobre criações suspeitas em fundos de quintal da cidade.
Destino incerto
Come feridas ainda abertas, que atraíam dezenas de mosquitos, o pit bull ainda sem nome permaneceu amarrado a um poste ao lado da feira livre deste domingo (18). Enquanto a equipe do Portal Nogueirense entrevistava os voluntários que o socorreram, o animal soltava pequenos gemidos de dor e mancava ao se movimentar. Água e ração lhe foram oferecidos, mas a situação do cachorro é tão delicada que ele vomitou o que comeu.
O pit bull ainda não tem destino definido, nem quem possa cuidar dele. “Se o José não tiver condições de levar o cachorro para casa, o Pit Bull será abandonado aqui [na feira], pois a RPAA não tem como assumir essa responsabilidade”, lamenta Caressato. Segundo ele, a reponsabilidade pelo cachorro terá de ser assumida, nesse caso, pelo poder público.
Liana Maia, uma das diretoras da entidade, comenta, que a ONG não tem uma sede, e cada um dos protetores está trabalhando além de seus limites para ajudar os animais. Ela ainda explica que a verba que a RPAA recebe da Prefeitura é usada apenas para as castrações, não dá para praticamente mais nada. “Essa ‘vaquinha’ que vamos fazer aqui tem a ver com os protetores que estão se solidarizando com o sofrimento deste animal, ou seja, vai sair do nosso bolso”, destaca.
Aumento da subvenção
As entidades sociais de Artur Nogueira, incluindo a RPAA, terão um aumento de três salários mínimos na subvenção fornecida pela Prefeitura. O anúncio do aumento foi no mês passado em reunião com líderes do Poder Executivo e representantes das entidades. O aumento de R$ 2.811 será válido a partir de julho.
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