Conheça os patrimônios culturais protegidos por lei em Artur Nogueira
Município possui três bens materiais e um imaterial tombados
Alysson Huf
Embora só tenha se tornado um município em 1948, Artur Nogueira possui mais de cem anos de história. Os pioneiros chegaram por aqui em meados da primeira década do século passado, quando o local ainda era conhecido como Lagoa Seca. Em 1916, o povoado foi elevado a distrito de Mogi Mirim e possuía uma população composta, em sua maioria, por imigrantes italianos, alemães, portugueses e espanhóis.
Hoje, não é difícil andar pela cidade e encontrar locais que conservem parte do passado do município “Berço da Amizade”. De acordo com o Guia Cultural da Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp), três desses locais possuem tanto valor histórico para os nogueirenses que são oficialmente reconhecidos como patrimônios culturais de Artur Nogueira: a capela e a entrada do Cemitério Municipal, o relógio da Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores e o prédio da Biblioteca Municipal. Além desses, o Bloco da Vaca também é um patrimônio cultural da cidade, no entanto imaterial.
Um patrimônio cultural é um bem ou um conjunto de bens, de natureza material e/ou imaterial, que guarda em si referências à identidade, à ação e à memória de algum grupo social. No caso de Artur Nogueira, os três bens materiais foram tombados em 1990 pelo Conselho Municipal de Cultura. Devido a sua importância histórica para a cidade, eles estão protegidos pela legislação. Já o Bloco da Vaca teve seu tombamento oficializado em 2012, a nível municipal, e, em 2015, a nível estadual.
Patrimônios de Artur Nogueira
Construída em estilo eclético em 1918, a capela – juntamente com a entrada – forma o portal do Cemitério Municipal de Artur Nogueira. As duas construções constituem um patrimônio cultural da cidade, que foi tombado em 7 de fevereiro de 1990.
Localizado na Avenida Dr. Fernando Arens, o prédio da Biblioteca Municipal foi edificado em 1920 e, originalmente, sediava o Grupo Escolar Francisco Cardona. O edifício foi doado ao município pelo Governo do Estado de São Paulo e tombado em 24 de abril de 1990. Atualmente, o espaço que possuía quase 18 mil publicações está fechado.
O relógio da Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores, instalado em 1938, também constitui um patrimônio cultural da cidade. Ele foi tombado em 14 de dezembro de 1990.
Artur Nogueira ainda tem outro bem tombado: o tradicional Bloco da Vaca, que é um patrimônio cultural imaterial do município e, desde setembro de 2015, também do estado de São Paulo. O bloco é quase tão antigo quanto a cidade: possui 73 anos. Você pode saber mais sobre ele aqui.
Memória e identidade
“A memória é o fundamento da identidade, é por ela que se chega à história local”, afirma Elder Hosokawa, mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do curso de História do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus Engenheiro Coelho.
Segundo ele, os historiadores valorizam os patrimônios culturais porque são uma fonte de resgate privilegiado e competente do passado. “Cidade que não cuida de seu patrimônio histórico e cultural está destinada ao esquecimento de sua própria gente e à mercê da especulação e do descaso”, adverte.
O tombamento é uma espécie de registro realizado pelo poder público que visa preservar, por meio de leis, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico e ambiental para uma comunidade, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados. O tombamento pode ser feito a nível municipal, estadual, nacional e mundial.
Como “bens”, entende-se fotografias, livros, acervos, mobiliários, utensílios, obras de arte, edifícios, ruas, praças, bairros, cidades, regiões, florestas, cascatas, entre outros. Com exceção de seres humanos e animais isolados, praticamente tudo pode ser tombado, até mesmo um ecossistema, para a preservação de uma ou mais espécies. “Somam-se a isso os aspectos antropológicos que tratam da formação de um grupo humano, como as crenças e os costumes, a língua e os ritos”, explica Hosokawa.
Marcos do município
Segundo a Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp), além dos quatro bens protegidos, Artur Nogueira possui ainda dois bens de interesse turístico-cultural. Embora não tenham sido tombados, são reconhecidos como marcos do município. Um deles é o prédio da Corporação Musical 24 de Junho, construído em 1950 para sediar as atividades do grupo. Esta é uma das últimas edificações a preservar a arquitetura antiga do município.
O outro bem turístico-cultural é o Projeto Casulo. Trata-se de uma cápsula contendo objetos da cidade e que foi enterrada na Praça Governador Laudo Natel em 2000. Ela será desenterrada em 2100. Em 2013, o Portal Nogueirense fez uma reportagem especial, em vídeo, mostrando como o Casulo foi feito. Clique no play abaixo e assista:
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