29/06/2016

TCE suspende pela segunda vez licitação da água de Artur Nogueira

Segundo Tribunal, Prefeitura descumpriu ordem ao reapresentar edital de concorrência pública sem as alterações solicitadas.

Da redação

Após tentar pela segunda vez o procedimento para licitar o serviço de água e esgoto do município, a Prefeitura de Artur Nogueira viu novamente sua iniciativa se tornar alvo de impugnação por parte do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE). Segundo o conselheiro do órgão, Antônio Roque Citadini, o Executivo Municipal descumpriu ordem do TCE ao reapresentar o edital de concorrência pública sem as alterações apontadas pelo órgão. Após a decisão proferida pelo TCE no dia 20 de junho, a Prefeitura publicou o termo de suspensão da licitação, que estava marcada para ocorrer na última terça-feira (21).

De acordo com o despacho, o TCE acatou representação dos vereadores Ermes Dagrela (PSB) e Zezé da Saúde (PSDB) contra a denominada ‘1ª Republicação’ do edital de licitação, assinada pelo prefeito Celso Capato (PSD) no dia 28 de abril deste ano. Segundo o TCE, entre os argumentos aceitos pelo órgão estão a ausência, no Plano de Municipal de Saneamento, do patrimônio do Sistema de Água e Esgoto de Artur Nogueira (Saean). O próprio valor estimado da contratação, de R$ 120 milhões, que se tornou um dos objetos da primeira impugnação, foi reapresentado sem qualquer alteração.

Diante deste cenário, Citadini decidiu pedir pela segunda vez a impugnação do edital 005/2015 referente a licitação dos serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto de Artur Nogueira. Conforme o despacho, o conselheiro do TCE afirma que “deverá o senhor prefeito de Artur Nogueira adotar as providências para a suspensão do certame e, no prazo e forma regimentais, apresentar as justificativas que tiver sobre todos os pontos impugnados.

1ª impugnação

No despacho proferido pelo TCE no início deste ano, o conselheiro Antonio Roque Citadini apontou entre as questões levantadas pelo morador Rodrigo Carlstrom, responsável por representar contra a licitação à época, “a ausência de anexos que pertenceriam ao Plano Municipal de Saneamento Básico e que seriam indispensáveis para a formulação de propostas” por parte das empresas concorrentes; na ocasião também foi apontada a falta de informação referente ao valor inicial do investimento a que a empresa licitada deveria aplicar.

O valor de contrato para a concessão de R$ 120.000.000 apresentado pelo Executivo foi questionado na petição, à época. Outras supostas falhas como erros de datas e a assinatura indevida pela presidência da Comissão de Licitação no edital de licitação foram citadas.

O documento apresentado por Carlstrom tinha como base uma solicitação de impugnação protocolada pelos vereadores de oposição Ermes Dagrela (PSB), Zezé da Saúde (PSDB) e Nando (PT) na Comissão Especial de Licitações de Artur Nogueira. Após a Comissão negar a impugnação do edital de licitação, o morador buscou junto ao TCE a suspensão do processo.

Vereadores

Abaixo, segue nota na íntegra enviada pelo advogado Eduardo Vallim, representante dos vereadores Ermes e Zezé da Saúde:

Os vereadores Ermes Dagrella e Zezé da Saúde afirmam que: “representaram junto o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, contra irregularidades e ilicitudes constatadas na concorrência pública da Saean pelo prazo de 30 anos, que seria realizada em 21/06/2016 e que se encontra atualmente suspensa por ordem do Conselheiro Antonio Roque Citadini. Os argumentos apontados pelo advogado Dr. Eduardo Vallim na representação foram: a-) prejuízo de R$ 11.000.000,00 à Saean e ao Município em razão da concessão; b-) omissão e desconhecimento dos valores dos bens móveis e imóveis, a serem transferidos à concessionária; c-) ausência de indenização ao Município dos bens móveis que seriam transferidos; d-) ausência de metas, objetivos e prazos a serem cumpridos pela concessionária vencedora, pois, segundo informações fornecidas  pela própria SAEAN, no Ofício 41/2016, o sistema está funcionando regularmente, o que contraria e diverge o Plano Municipal de Saneamento Básico, que afirma que o sistema encontra-se em condições precárias de funcionamento e de atendimento ao público; e-) ilicitude de prorrogação por mais 30 anos da concessão. 

Tudo isto, deu-se em razão da Lei que foi aprovada em 23/dez/2014, às 10h da manhã na Câmara Municipal, de forma proposital e precipitada, às vésperas do natal, sem participação popular. Assim como a audiência pública realizada em 28/09/2015, sem nenhum esclarecimento à população, nem direito à réplica, conforme constata-se na reportagem veiculada no Portal Nogueirense a respeito.

Esclarecem ainda os vereadores que: “Tais argumentos foram suficientemente demonstrados através de farta documentação, levada àquele Tribunal de Contas, que tomando ciência deles,  determinou a imediata suspensão do certame, até que o Prefeito Municipal, elimine as irregularidades e ilicitudes contidas na representação.

Relatam os vereadores Ermes e Zeze que: “não são contra a concessão, porém, da forma arbitrária e sem amplo debate popular como foi feita, inclusive causando prejuízos ao Município, jamais poderão concordar.”

Afirmam finalmente os vereadores que: “Dessa forma, encontra-se atualmente suspensa a licitação da SAEAN, tendo a população nogueirense nova oportunidade de se inteirar a respeito do assunto e participar mais ativamente do debate, a fim de se saber se efetivamente é o caso ou não de  se permitir a  concessão da  Saean”.  

Prefeitura

Abaixo, segue nota na íntegra enviada pela Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal:

A Prefeitura informa que é facultado ao cidadão questionar o Tribunal de Contas do Estado sobre processos licitatórios em andamento e que também é praxe do mesmo Tribunal pedir para que se suspenda o processo para que a Prefeitura apresente resposta sobre os respectivos questionamentos.

Ainda  mais no caso específico deste processo que a abertura dos envelopes já estava para acontecer. Por se tratar de processo que foi elaborado de forma lícita, dentro da estrita legalidade, a Prefeitura já se manifestou diretamente ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo sobre os questionamentos e aguarda decisão do egrégio órgão.

Outras reportagens já publicadas no Nogueirense sobre a concessão da água:

Concessão da água de Artur Nogueira divide opiniões

Prefeitura abre licitação para serviço de abastecimento de água de Artur Nogueira

Tribunal de Contas pede suspensão de licitação da água de Artur Nogueira

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