01/04/2015

Ato em apoio à greve dos professores reúne mais de 50 estudantes em Artur Nogueira

“A gente não é celular pra viver de bônus, a gente merece salário digno”, diz professora.

Por Isadora Stentzler

Mais de 50 estudantes da Escola Estadual José Amaro Rodrigues realizaram um ato no centro de Artur Nogueira em apoio à greve dos professores da rede estadual de ensino na manhã desta quarta-feira (1). A manifestação pedia aumento salarial para a categoria e mais infraestrutura nas escolas. Professores da instituição acompanharam o ato.

O protesto começou na praça do Coreto por volta das 10h30 e seguiu pela rua Duque de Caxias. Os alunos usavam nariz de palhaço e portavam cartazes em apoio aos professores. Eles também ocupavam as faixas de pedestres quando os sinais eram fechados e repetiam as palavras de ordem: “O professor é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo”.

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Para a estudante do terceiro ano da escola, Shirley Soares, de 16 anos, participar do ato é reivindicar por uma melhor educação. “A nossa escola não tem piso, não tem espelho no banheiro, tem uma lousa de giz… temos que pagar para fazer prova! E isso é culpa do estado”, reclamou. Segundo um aluno, dos seis anos que estuda na escola, sempre teve que pagar pelo xerox da prova. Quando não tinha o valor precisava copiar as questões do quadro porque a folha da avaliação não era dada gratuitamente.  Outro estudante completou: “ Mas sem eles [professores] a gente não é nada na vida”.

A greve foi convocada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) após assembleia realizada na sexta-feira, 13 de março, no vão livre do Masp, em São Paulo.

A categoria reivindica aumento de 75,33% para equiparação salarial com as demais categorias com formação de nível superior e jornada de 20 horas semanais de trabalho.

De acordo com a professora de Filosofia e Língua Portuguesa Rachel de Oliveira, da EE José Amaro Rodrigues, o salário é apenas uma das reivindicações. “A gente resolveu fazer um ato porque a gente sabe que a escola pública tem muitos problemas e não é só a questão salarial, claro que é também, porque nós somos a única categoria que se exige ensino superior de ensino, mestrado, pós graduação, e o nosso salário é o salário de nível médio”, pontua. “Mas também queremos condições de trabalho.”

Rachel citou como exemplo um caso de uma escola de Campinas em que o Ministério Público instaurou um inquérito civil devido às salas estarem operando com quase 100 alunos. “Então se a gente está vendo isso na justiça como eles [governo estadual] podem negar que existe?”, diz se referindo ao problema da superlotação.

Na segunda-feira, dia 30 de março, em uma tentativa de acalmar a greve o governo de São Paulo prometeu pagar R$ 1 bilhão em bônus por mérito para os 232 mil funcionários da Secretaria da Educação do Estado. No ano passado foram repassados R$ 700 milhões. “Mas uns recebem, 10 mil, 15 mil e outros zero”, contesta Rachel. “A gente não é celular pra viver de bônus, a gente merece salário digno”.

A greve da rede estadual vai para a terceira semana e não tem previsão de término.

Em Artur Nogueira o ato desta quarta-feira durou cerca de uma hora.

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