23/09/2012

Vó Nair se despede em aniversário de 15 anos da Iefan

A cerimônia de 15 anos da Instituição Evangélica Filadélfia de Artur Nogueira (Iefan) foi realizada na noite do último sábado (23) no Anfiteatro do Cemeb Monteiro Lobato (Escola Modelo). Cerca de 200 pessoas, entre alunos, ex-alunos, pais, voluntários e autoridades participaram do evento. Após a execução do Hino Nacional, interpretado e tocado pelos músicos Bruno […]

A cerimônia de 15 anos da Instituição Evangélica Filadélfia de Artur Nogueira (Iefan) foi realizada na noite do último sábado (23) no Anfiteatro do Cemeb Monteiro Lobato (Escola Modelo). Cerca de 200 pessoas, entre alunos, ex-alunos, pais, voluntários e autoridades participaram do evento.

Após a execução do Hino Nacional, interpretado e tocado pelos músicos Bruno Nascimento e Kleberson Calanca, o público pode prestigiar a apresentação da Confraria do Sax, formada por alunos e professores da Corporação Musical 24 de Junho e do Unasp e regida pelo maestro Ricardo Michelino.

O jornalista Alex Bússulo foi o cerimonialista da noite e entrevistou ex-alunos que tiveram suas vidas marcadas pela instituição nogueirense. “Não sei o que teria sido de mim sem a Vó Nair. Foi ela que me acolheu e me ensinou muitas coisas que até hoje carrego comigo. Sou muito grato a esta senhora”, afirma o ex-aluno, Alan Barbosa.

Logo em seguida, o Coral da Iefan fez quatro apresentações musicais. Emocionado, o sobrinho de Vó Nair, Dr. Pedro Curitiba, que é juiz de Direito de Jales, relembrou a história da senhora em Artur Nogueira. “Eu gostaria que tivesse uma Vó Nair na cidade em que eu trabalho. Essa mulher, mesmo com todas as dificuldades que a vida lhe impôs, nunca deixou de ajudar os mais necessitados. É uma grande lição de vida”, afirma Dr. Curitiba.

Representando a diretoria da instituição, a assistente social Tereza Fernandes, fez um pedido aos presentes. “A Iefan precisa da ajuda de todos. É uma importante instituição para o município e para as crianças nogueirenses. Precisamos urgentemente de uma nova sede. Toda a ajuda será bem-vinda”, disse Tereza.

O secretário Municipal de Educação, Marcos Roberto Campos, disse que a prefeitura coopera todos os meses com a instituição, mas que essa contribuição deve ser aumentada. “Se a Vó Nair não fizesse esse trabalho certamente teríamos que criar um projeto parecido, mas ele jamais alcançaria a grandeza da Iefan, pois ela foi construída com muito amor pela Vó Nair. Nós só temos a agradecer”, disse o secretário.

Ao final, a idealizadora da Iefan subiu ao palco e agradeceu o carinho e cooperação de familiares e voluntários. “Estou deixando a frente da Iefan para poder cuidar mais da minha saúde. Tenho que passar por algumas cirurgias e sei que minha parte foi feita. Hoje, emocionada, sinto-me com o dever cumprido. Peço a toda a população nogueirense, ao Poder Público, que não deixe a Iefan fechar as portas”, afirma Vó Nair.

A presidente da instituição, Sônia Pandolfo Caetano, disse que a presença de Vó Nair ainda é fundamental para a Iefan. “Na verdade ela só estará se ausentando por um pequeno tempo para cuidar da saúde. Ela sempre será a cara da instituição. Será a nossa presidente honorária”, conclui Sônia.

No final da cerimônia, os presentes participaram de um coquetel, com salgados, refrigerantes e bolo.

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VÓ NAIR (Texto lido em homenagem a fundadora da Iefan)

Nair Nóbrega Versolatto, carinhosamente conhecida como Vó Nair, saiu do Maranhão montada em um jumento. Trabalhou na roça até se casar, depois foi para São Paulo, onde trabalhou por mais de 40 anos. Aposentou-se e procurou uma cidade mais tranquila para viver. Foi aí que transformou o município Berço da Amizade em seu novo lar.

Em 1997, quando se mudou para Artur Nogueira, Vó Nair tinha uma doença que nenhum médico conseguia descobrir. Vivia com várias feridas espalhadas pelo corpo. Sofria muito com as dores.

Após várias consultas, um médico descobriu o seu problema. O doutor, na época, disse que ela tinha uma doença conhecida como Fogo Selvagem, que não era transmissível e que também não havia cura imediata.

Mesmo já idosa, nunca gostou de ficar reclamando dos problemas da vida de braços cruzados. Ignorando o problema de saúde, passou a se preocupar com a triste realidade que a rodeava.

Morava de aluguel, de frente com um campo cheio de mato, onde frequentemente era utilizado por crianças e adolescentes para o consumo de drogas.

Sobrevivendo com apenas um salário mínimo, esta senhora não se conformou com o drama e passou a ajudar os pequenos da vizinhança.

Começou a convidar aquelas crianças para comer bolo e tomar suco. Tudo iniciou com três, quatro, cinco crianças. Depois vieram 15, 20, 30! Todos os dias na porta de sua casa.

Vinham porque tinham fome. Carentes de comida e, principalmente, de amor.

Foi assim que ela descobriu a sua missão. Mesmo sem ter dinheiro, passou a cuidar das crianças nogueirenses. Aquela velha senhora, pobre e doente, começou a fazer bolinhos de chuva, chá de erva cidreira, e foi aí que ela ganhou um apelido inesperado: todos passaram a chamá-la de ‘muié rica’.

Amor, Vó Nair sempre teve de sobra. No quintal da própria casa, começou a ensinar ponto cruz, crochê e a falar de Deus.

Ao lado do marido, sempre buscava ajudar os mais necessitados. Foi ajudando, que ela foi ajudada. Sua doença, que os médicos não viam cura, simplesmente desapareceu.

Vó Nair transformou sua casa em um abrigo para acolher crianças. Reforço escolar, informática, esporte, cultura, e claro, religião, princípios para uma vida mais saudável, tudo era transmitido aos pequenos. Com muito amor e dedicação.

Em junho de 2003, uma tempestade bateu a sua porta. Vítima de um bandido, sentiu o sofrimento da violência dentro da própria casa. Apanhou e viu o seu marido apanhar. O marginal queria dinheiro, mas como dar dinheiro em uma casa onde só tinha amor? E esse sentimento nenhum homem de coração de pedra conhece.

Devido os ferimentos, Tom, o companheiro de Vó Nair, não resistiu e faleceu.

Vó Nair tinha todos os motivos do mundo para largar Artur Nogueira e seus problemas para se mudar para São Paulo, ao lado dos filhos, e começar uma nova vida. Muito fariam isso. Mas não ela.

Mais uma vez, a senhora conseguiu forças e continuou sua missão. Hoje, aos 80 anos de idade, mãe de seis filhos, completa 15 anos à frente da Instituição Evangélica Filadélfia de Artur Nogueira (Iefan), acolhendo e cuidando de 50 crianças, de 3 a 14 anos de idade.

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Clique aqui e assista a entrevista especial feita com a Vó Nair

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