11/04/2013

ESPECIAL: Mal de Parkinson atinge cerca de 200 mil brasileiros

Ciência ainda conhece pouco sobre doença neurológica

Alex Bússulo

11 de abril foi o Dia Mundial da Doença de Parkinson

Pregar um prego na parede, varrer uma sala ou simplesmente escrever uma palavra pode ser uma tarefa muito difícil para uma pessoa que possui Mal de Parkinson. Com tremores, lentidão nos movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita, o parkinsoniano, como é conhecido o portador da doença, enfrenta vários obstáculos, considerado simples para a maioria, mas que a Ciência ainda sabe pouco sobre a origem e as causas.

Descrita pela primeira vez em 1817 pelo médico James Parkinson, é considerada uma doença neurológica, que não causa a morte, nem é contagiosa, mas é progressiva, ou seja, vai se agravando com o passar dos anos. “A pessoa que tem Mal de Parkinson possui muita dificuldade em se movimentar e de modificar seus movimentos, tais como virar da esquerda para direita ou abaixar e se levantar. É uma doença mais comum em pessoas acima dos 60 anos. Praticamente afeta igualmente homens e mulheres”, afirma o médico neurologista, Dr. Urbano Chamadoiro.

Aos 78 anos de idade, o nogueirense Marino Guidotti conhece bem essa realidade. Portador do Mal de Parkinson há mais de 15 anos, o aposentado vive diariamente as dificuldades da doença. “Eu sinto que daqui a algum tempo já não vou mais conseguir andar. Sinto o corpo mais pesado a cada dia que passa”, afirma.

No começo a dificuldade que o aposentado sentia era quase imperceptível. O problema começou leve, quando percebeu que já não conseguia mais abotoar uma simples camisa. Hoje, Guidotti sente muita dificuldade em pronunciar palavras. Em tom quase silencioso, explica que seu maior desafio é manter o equilíbrio. “Tenho que andar devagar, quase que parando, caso contrário, sei que vou cair e me machucar”, explica.

Junto com Guidotti, cerca de 200 mil pessoas convivem com a doença no Brasil, segundo estimativa do Ministério da Saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que 1% da população com mais de 65 anos de idade convive com a doença.

Mesmo com a popularidade da doença no Brasil e no mundo, a ciência ainda possui muita dificuldade em explicar o que leva uma pessoa a contrair o Mal de Parkinson. O que se sabe é que seus principais sintomas são resultantes da falta de uma substância química chamada dopamina, que é a responsável pela comunicação entre os neurônios em uma parte do cérebro que coordena os movimentos físicos.

É como se o cérebro fosse um controle remoto com as pilhas fracas. A cada tentativa de trocar de canal, aumentar o volume ou qualquer outra função, você encontrasse diversas dificuldades. Talvez tivesse que pressionar o botão com mais força, ou se aproximar mais da televisão para resolver uma ação tão simples quanto apertar um botão.

A pessoa que possui o Mal de Parkinson vai perdendo o controle mental das atividades físicas. Com o passar dos anos, o parkinsoniano começa a deixar de ter o reflexo automático de seus movimentos. Até então aquele movimento que acontecia de maneira espontânea, agora precisa ser ordenado que aconteça. É como se controlasse um robô, que para pegar uma bola no chão tivesse que receber primeiro a ordem e só depois executar a ação. “Tudo o que o parkinsoniano vai fazer ele tem que pensar primeiro, mesmo assim, às vezes, o pensamento e a ordem falham. A mente acha que a perna deu um passo, mas na verdade ela nem saiu do lugar e a pessoa perde o equilíbrio e cai”, afirma Suely Guidotti, filha do senhor Marino.

A alimentação de um portador da doença também deve ser acompanhada por um médico especialista. Devido os movimentos descontrolados, os parkinsonianos desenvolvem um gasto maior de energia. “Por isso a alimentação e a reposição dos nutrientes devem ser realizadas de maneira correta, evitando alimentos duros e secos, que facilitam a mastigação e digestão”, afirma a nutricionista, Fernanda Rocha Lima.

Até o momento, a medicina não encontrou nenhuma cura para a doença. “O que existe hoje é uma associação de medicamentos e até cirurgia, em casos selecionados, mas infelizmente os tratamentos apenas amenizam os sintomas”, afirma Dr. Chamadoiro.

Outro caminho alternativo que pode melhorar a vida de um parkinsoniano é a Fisioterapia. “Assim como os medicamentos, a realização de exercícios físicos ajudam, e muito, na melhoria dos pacientes, desde que sejam sempre acompanhados por um especialista”, afirma o fisioterapeuta, Luis Marcelo Multini.

De todas as incertezas da doença, o que se pode afirmar hoje é que o parkinsoniano pode ter uma expectativa de vida melhor. “Sem dúvida, a doença ainda continua sendo um grande desafio para o tratamento e a cirurgia foi o que mais agregou efetividade e bons resultados no tratamento, e parece ser extremamente promissora para o futuro”, conclui Dr. Chamadoiro.


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