24/06/2015

Questão de gênero fica fora do Plano de Educação de Artur Nogueira

Pedido foi feito por grupos evangélicos. Entidades alegam que o assunto não compete às escolas. Movimento LGBT se posicionou contra a alteração do texto.

A Secretaria de Educação de Artur Nogueira cedeu ao pedido de grupos evangélicos e retirou o termo ‘gênero’ do novo Plano Municipal de Educação (PME). A mudança foi feita após grupos se manifestarem contra o uso da expressão na última semana quando o projeto foi apresentado em audiência pública. Segundo as entidades que se posicionaram contra a inclusão da diversidade de gênero no plano, não cabem às escolas ensinarem sobre esse tema e sim às famílias. O Movimento LGBT de Artur Nogueira criticou as alterações feitas no texto e afirmou que a escola pode sim ajudar na luta contra o preconceito. O texto segue com os vereadores e tem até amanhã, quarta-feira (24), para ser aprovado. De acordo com a Câmara Municipal, uma sessão para votar o projeto está marcada para amanhã.

O artigo que causou a polêmica foi o 4.1 da meta 4, que trata sobre o respeito à diversidade humana. O texto colocava como medida: “Implementar na Unidade Escolar ações conjuntas para desenvolver a conduta ética dos alunos, considerando as desigualdades sociais, étnico-raciais, de gênero [sic] e regionais, buscando aprimorar o relacionamento interpessoal, com respeito às diferenças individuais, de natureza social, física, intelectual e emocional dos educandos.”

De acordo com o atual presidente da Comean, pastor Maurício Anis Rahme, o pedido de alteração foi para evitar qualquer má interpretação. “Por que não de sexo? Hoje o pensamento da ideologia de gênero diz que todo ser humano nasce sem definição de gênero. Isso é um assunto para a família ensinar e não a escola.”

Para ele se esse assunto fosse abordado dessa forma os valores relacionados à família seriam desconstruído. “A gente sabe que existe um pessoal tentando trazer algo como desconstrução da família, do modelo familiar. A família é detentora da formação ideológica. Fazer isso é tirar da família essa função e colocar no Estado. E a gente simplesmente, em função de crença, não concorda.”

Rahme acredita que pelo fato das crianças serem vulneráveis ao ambiente em que vivem o estudo de gênero influenciaria na tomada de decisões futuras. Perguntado se isso não demostra medo que a criança se torne homossexual, ele responde que não e fala sobre manutenção da vida na terra. “A humanidade tem padrões de procriação. Então não é medo, é cuidado. Protegemos os valores morais que a Bíblia mostra.”

De acordo com o secretário de Educação, professor João Gazolli, o termo gênero foi usado por orientação do Ministério de Educação, que visa políticas contra o preconceito dentro da escola. “Não íamos ensinar ideologia de gênero, íamos falar sobre respeito”, explica.

No novo texto a palavra ficou suprimida junto com os termos ‘etnicoraciais’ e ‘regionais’. Na frase em que eles apareciam agora só é mencionado a conduta ética para ‘desigualdades sociais’.

Para o ativista do movimento LGBT, Raoni Zopolotato, a atitude é preconceituosa. “Suprimir esse assunto das salas de aula é um retrocesso”, enfatiza. “Trabalhar esse tema com as crianças é muito importante para que se diminua o preconceito. E o preconceito é formado dentro de casa. As crianças, aprendendo isso, vão levar para os seus lares esse ensino e as coisas poderão mudar.”

Zopolato cita que é preciso aprender a lidar com as crianças trans pois se trata de uma orientação sexual e não uma escolha. Como exemplo ele comenta o caso de um menino norte americano que desde a infância já se identificava como menina.

O novo texto está com os vereadores e tem até quarta-feria para ser aprovado.

Enquete

[poll id=”72″]

Veja mais

 Saiba as diferenças entre identidade de gênero e orientação sexual


Comentários

Não nos responsabilizamos pelos comentários feitos por nossos visitantes, sendo certo que as opiniões aqui prestadas não representam a opinião do Grupo Bússulo Comunicação Ltda.