01/11/2011

Qual é o túmulo mais famoso do cemitério de Artur Nogueira?

Conheça a incrível história de Nhá Fermina, a mulher que viveu 140 anos e que muitos consideram santa

Alex Bússulo

A história a seguir pode parecer estranha. Os dados relatados são incertos, mas poderiam até se transformar em um filme.

Há aproximadamente cem anos, um homem chamado José Francisco Paes comprou uma propriedade de 40 alqueires, próximo ao bairro Muniz, entre as cidades de Artur Nogueira e Limeira.

As terras não passavam de uma invernada, uma espécie de pasto com árvores. No lugar havia um rio que cortava a propriedade. É nesse ponto do sítio que a nossa história começa.

Ao comprar as terras, o senhor Paes junto com a esposa, Maria Madalena Barbosa e seus filhos, se deparou com uma estranha surpresa: descobriu que uma senhora vivia no sítio há muito tempo.

Nhá Fermina, como ficou conhecida, era uma velha mulher negra, que fazia do sítio seu lar. O mais estranho é que ela não tinha uma casa, barraca ou qualquer outro tipo de abrigo, ela simplesmente morava no meio do mato.

Não plantava nada, muito menos comprava. Seu alimento era colhido na própria natureza quando sentia fome.

Comovido com a situação, o senhor Paes decidiu ajudar a senhora, construindo uma humilde casa para abrigá-la. A construção foi feita de pau-a-pique e sapê. Possuía apenas dois cômodos. Em um deles havia um fogão à lenha, que nunca foi aceso. Nhá tinha medo de fogo. Não gostava de nada que ela mesma não tivesse feito.

O proprietário do sítio cuidava da senhora misteriosa. Tanto que pedia para que seus filhos a visitassem pelo menos uma vez por semana, para ver se tudo estava bem.

A tarefa não era fácil, pois era preciso passar por toda a propriedade e depois se equilibrar sobre uma velha pinguela, uma pequena ponte sobre o rio, para chegar a casa de Nhá.

Todo domingo, os filhos e netos do proprietário levavam comida, sabão feito em casa e roupas. Mas tudo era em vão. Nhá não gostava de nada daquilo, nem usava nada. “Preocupávamos-nos com ela, mas ela gostava das coisas feitas por ela mesma” comenta a neta do senhor Paes, Luzia Maria Delgado, na época com nove anos, hoje com 76.

Nhá gostava da cor branca, usava em sua cabeça um lenço da mesma cor. Nunca cortava o cabelo, muito menos tomava banho.

Certa vez, fez um pequeno cercado de bambu dentro de sua casa, onde criava um galo. “Ela não dava milho para a ave, até mesmo porque não tinha, tratava o galo com frutas” comenta Luzia.

A neta ainda lembra que de tanto a ave bicar o bambu, acabou entortando o bico. Quando falavam para a velha senhora comer o galo, ela resmungava afirmando que não. Aliás, Nhá não comia nada que lhe oferecessem, estava acostumada a se virar sozinha.

Assim foi a vida da família Paes naquele lugar por um bom tempo.

Até que em um dia de visita, Luzia, acompanhada por sua mãe, encontrou Nhá deitada na cama muito mal. Desesperada, a pequena pegou o cavalo e foi buscar algo para dar à senhora.

Na volta trouxe caldo de feijão e conseguiu a tempo alimentar Nhá. Vinte minutos depois, Luzia e sua mãe, presenciaram a morte da velha misteriosa.

A própria família Paes comprou o terreno onde está sepultado o corpo de Nhá, no cemitério de Artur Nogueira.

Depois de mais de sessenta anos de sua morte, Nhá ainda continua presente na vida de muitos nogueirenses. Considerada por alguns como uma verdadeira santa, a velha possui o túmulo mais visitado do cemitério. “Precisava fazer uma cirurgia urgente, colocar uma prótese em meu braço. Foi quando passei pela sepultura de Nhá e notei que seu túmulo estava muito sujo e feio, arrumei e fiz uma promessa. Quando retornei ao médico, fui informado que estava curado” comenta o aposentado Renê de Mello Marcelino, que desde 2002 cuida do túmulo de Nhá.

A velha senhora atrai fieis de toda a região. Relatos de cura de câncer, pessoas que conseguiram empregos, são algumas das graças alcançadas.

Difícil conseguir entender como uma senhora conseguiu viver durante tanto tempo, segundo sua própria lápide, Nhá viveu 140 anos.

Fato é que ela ainda vive nas orações de muitas pessoas.

 

 

 

 


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