Qual a sua recordação de criança em Artur Nogueira?
Nogueirense da terra e do coração, Geso Franco de Oliveira sempre gostou de compartilhar boas histórias. Hoje, Dia das Crianças, ele recorda como foi a infância no município ‘Berço da Amizade’. Lembra das brincadeiras, do tempo escolar e dos lugares que marcaram a época
Por Geso Franco de Oliveira
Escrevi essa história para lembrar a criança que fui juntamente com meus irmãos e amigos. Sobre o que fazíamos e onde fazíamos. Lembranças de pessoas, lugares e brincadeiras de minha época, apesar de acreditar que nunca deixamos de ser crianças.
Fui bem criança até meados dos anos 70. Lembro-me dos cavalos de cabo de vassouras, dos carrinhos de latas de óleo amarrados com arames e de colocar o sapato embaixo da cama para esperar o presente do Papai Noel. Parece que foi ontem que entrei na escola, tinha 6 anos e quanta novidade, pois era a primeira experiência em grupo, no Grupo Escolar Francisco Cardona, recordo-me da primeira professora Dona Olga Conti, das merendeiras Dona Sebastiana e Dona Belmira, Sr. Sergio Leme – diretor respeitado por todos.
Usávamos uniforme camisa branca e short azul marinho, conga azul marinho (alpargatas). Em uma época havia aulas aos sábados, dia em que não era obrigado usar o uniforme. Formávamos fila para entrar, as meninas sempre na frente, os professores e o diretor ficavam a frente, mão no peito para cantar o Hino Nacional e não tinha som para acompanhar, em ordem e em fila todos entravam para a sala de aula, sentávamos em dupla e no meio da carteira ainda havia o extinto tinteiro, até a hora do recreio as aulas demoravam a passar, mas no recreio não havia tempo suficiente para tudo o que queríamos fazer, tomar sopa, lanchar, brincar, etc. O cardápio era bem variado: tinha dia que era sopa, sagu outro dia, pão com manteiga e leite com Toddy. O início e término das aulas e a hora do recreio eram anunciados pelas badaladas de um sino – a primeira badalada anunciava o fim do recreio, a segunda era para se organizar em fila e outras mais até que pairasse o silêncio.
Antigas Brincadeiras de Crianças, do que você brincava quando era criança?
Pular corda, amarelinha, carrinho de rolimã, bicicleta, bolinha de gude, esconde-esconde, pega-pega, salada mista, pião, cama de gato, roléfa ou cinta, pique latinha, siga o mestre, balança caixão, soldado ladrão, cor flor fruto fantasia ou miss, mimica, passar anel entre outras que esqueci.
Metadinha e licença: quem participava da brincadeira para comer ou beber tinha que pedir licença, caso não pedisse os amigos se aproximavam e diziam: “metadinha” e tínhamos quer dar metade de tudo aquilo que tínhamos como alimento; e os jogos: rebatida, bolinha de gude, banco Imobiliário, ludo, tombola.
Usávamos tênis Bamba Maioral, que com o tempo de uso encardia e os Armazéns do Pelóia e do Alduino vendiam um pó branco que recuperava a brancura, se não me falha a memória era orvalhada. Depois veio o Bamba Mil Milhas, Iris, All Star era para poucos.
E os lugares onde brincávamos: na antiga estação íamos jogar futebol, ao lado tinha um campo de bolinha de gude, e a datinha (terreno) que era cheia de pés de manga, ameixas, bananeiras e árvores (colégio Anglo hoje), não havia aquele pedaço de rua ligando a rua 13 de maio com a rua São Sebastião, a passagem era por dentro da datinha, caminho usado pelos Holandeses e os demais alunos que estudavam no Colégio Amaro e iam até a padaria do Marino Caetano esperar o ônibus. Como não havia piscina, íamos nadar no tanque do Bôer, cachoeira do Sítio Novo e Lagoa do Zé Vinha.
Sempre apareciam circos por aqui, lembro-me dos Irmãos Giglio que era montado onde é hoje o Colégio Amaro, Grande Circo Sul Americano, Circo do Porréca. Havia também os circos de touradas: Pena branca e Asa branca, geralmente montados em frente ao bar do Dinho Boer.
E quando apareciam as novidades: todos faziam cabaninha para ver o relógio digital do colega acender a hora em vermelho, e aqueles da Casio que tinham joguinhos e calculadoras. Brincar de Soldado-Ladrão se tornou muito melhor depois que junto com amigos comprei um par de rádios de comunicação da marca Evadin, compramos do Bertão Rossetti, esse rádio rendeu muitas histórias.
Lembram que as TVs tinham aquele seletor de canais redondo que estalava a cada mudança e a mãe vivia reclamando que se girasse de uma vez ia quebrar.
Refrigerantes só em casamento ou no Natal, era maçã ou soda limonada, com o tempo apareceram outras como: Grapette (refrigerante de Uva); e Crush (Laranja).
E quando tinha dor de garganta, sempre havia uma tia ou avó receitando chás milagrosos e que bastava rezar para São Brás e a cura era garantida, meu pai nos trazia em um farmacêutico que pincelava nossas gargantas com um remédio azul que era um horror, parecia uma caneta e na ponta um algodão encharcado com aquele líquido azulado que só depois de grande descobri que o nome é Colubiazol, muitas vezes sofria calado a dor de garganta para não ter que passar o Colubiazol e ficar com a língua azulada. Ainda bem que depois vieram o Vick Vaporub e as pastilhas Valda.
Hoje também é dia de Nossa Senhora Aparecida, e quando criança meu pai, minha mãe e meus irmãos e eu íamos todos os anos em Aparecida/SP, e de Fusca, lembro-me de viajar no pequeno espaço atrás dos bancos.
Tudo passou… Todos temos recordações de uma criança que fomos. Parabéns a todos nós.
Comentários
Não nos responsabilizamos pelos comentários feitos por nossos visitantes, sendo certo que as opiniões aqui prestadas não representam a opinião do Grupo Bússulo Comunicação Ltda.