13/02/2015

Período é de alerta contra dengue em Artur Nogueira

Mesmo sem registro de casos no município, pessoas relatam terem sido contaminadas pelo mosquito este ano.

A chegada da temporada de chuvas e a rotatividade de pessoas na cidade aumentam a preocupação com a proliferação do mosquito transmissor do vírus da dengue em Artur Nogueira. Isso porque além de vasilhas a céu aberto armazenarem água e favorecerem o desenvolvimento das larvas, pessoas contaminadas em menos de seis dias podem transmitir a doença a mosquitos ‘limpos’. Só ano passado 88 casos foram confirmados na cidade.

Segundo a Vigilância Sanitária de Artur Nogueira (Visa) este ano ainda não há nenhum registro da doença, mas ao Portal Nogueirense duas famílias contaram terem sido diagnosticadas.

A aposentada Rosimara Inácio de Souza, de 39, e a filha de 15 anos foram contaminadas. Elas moram no Parque dos Trabalhadores em frente a uma construção que foi abandonada há mais de três anos, e acreditam que o mosquito se proliferou ali já que há lixo acumulado no local.

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O mosquito transmissor, Aedes Aegypti, vive e se reproduz em ambientes com água limpa. Qualquer local com capacidade de armazenamento mínimo – como um pote, uma tampa ou um plástico –, ao receber água da chuva, torna-se um espaço ideal para a proliferação e reprodução do Aedes.

Os mosquitos fêmeas podem colocar até 400 ovos por vez e estes são capazes de sobreviver até dois anos sem contato com a água. Mas logo que encontram condições favoráveis eles eclodem e dão continuidade ao ciclo de vida, deixando de ser larva e se tornando mosquito em no máximo 10 dias.

Ao picar alguém a doença pode se manifestar de duas formas: a clássica e a hemorrágica. Os sintomas da dengue clássica são febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores nas costas, com ou não aparecimento de manchas vermelhas no corpo. Em alguns pacientes podem ocorrer pequenas hemorragias na boca, urina e nariz. Já a dengue hemorrágica é mais grave. No início os sintomas são iguais aos da dengue clássica, mas após o quinto dia, infectados podem apresentar sangramento em vários órgãos e choque circulatório. Este tipo de dengue pode levar a pessoa a morte.

Rosimara conta que no dia 29 de janeiro começou a sentir alguns sintomas. Nela despontaram fortes dores no corpo, enjoo, dores nos olhos, costas e coceira. Então procurou o Pronto Socorro de Artur Nogueira. “Mas lá eles falaram que eu tava com uma infecção e me receitaram um antibiótico que eu ainda tive que comprar”, lembra. Mas depois de tomar o remédio as dores pioraram. “Eu não conseguia parar em pé. Eu que nunca fiquei tão doente não aguentava nem fazer comida. Tive que ficar deitada. Nunca imaginei que pudesse ser dengue.”

No dia seguinte ela voltou ao Pronto Socorro e recebeu uma nova receita de antibiótico. “Ele [médico] falou que meu organismo não aceitou aquele primeiro remédio e me passou um outro e Buscopan. Comprei de novo, mas eu não melhorava com aquilo.”

Foi só depois que uma amiga levou Rosimara ao Hospital Walter Ferrari, em Jaguariúna, que ela descobriu que se tratava de dengue.  Segundo a aposentada, ao ser atendida, a médica percebeu os sintomas e aplicou um exame que confirmou a doença. “Depois do atendimento eu tomei soro e ela me receitou remédio pra dor e nada mais”, conta. “A gente ouve falar de dengue, mas não pensa que é uma dor tão forte. Só quem pega dengue é que sabe o quanto dói.”

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A filha de Rosimara também foi contaminada. Um dia após a mãe ser diagnosticada a filha apresentou os mesmos sintomas. Ambas passam bem agora.

Já no Centro de Artur Nogueira uma mulher de 45 anos, que não quis se identificar, conta ter sido diagnosticada há cerca de 20 dias. “Tive uma forte dor de cabeça e um cansaço. Após dois dias fui até o médico.”

Ela diz que esperou uma semana para fazer o exame de sangue. A princípio não era nada. Mas como as dores não passavam, buscou outro hospital. “Eu fui ouvir da boca de um médico de Cosmópolis. Lá no Santa Gertrudes o médico me disse que era dengue.”

Ela acredita que o foco do mosquito esteja na região próxima a Igreja Nossa Senhora das Dores. “É incrível como nada foi feito ainda. Tenho conhecimento de que várias pessoas pegaram dengue só nessa região”, critica.

Visa

De acordo com o coordenador da Visa, Alexandre Scatena, a cidade só toma como base os casos registrados no Sistema de Informação de Agravos e Notificações (Sinan), um sistema nacional de base de dados. Para entrar nesse banco, Scatena explica que além do diagnóstico do médico é preciso que o paciente realize uma semana depois um exame de sangue. O resultado é avaliado no Instituto Adolfo Lutz, em Campinas, e se confirmado é contabilizado no Sinan. “Sem isso a gente não pode afirmar que a pessoa esteve ou não com dengue na cidade”, frisa.

Em relação ao centro da cidade Scatena diz que há uma averiguação. “Estamos aguardando resultado de um caso próximo à igreja. Mas foi realizado o trabalho de casa em casa e não encontramos nenhum tipo de criadouro.”

Prevenção

Atualmente a Visa trabalha diariamente com a fiscalização nas residências e nos pontos estratégicos há cada quinze dias. A avaliação de densidade larvária é realizada quatro vezes ao ano, além do bloqueio químico em áreas com mais de três casos positivos próximos. Os fiscais também averiguam os locais denunciados pela população.

Um deles foi um foco de Aedes aegypti encontrado em uma pilha de pneus deixado em uma escola no Jardim Amaro. Na última quinta-feira (12) um fiscal esteve no local e antes de retirar os objetos colocou uma espécie de cloro para matar as larvas. Pelo tamanho ele avaliou que já estavam há mais de cinco dias ali. “As larvas levam de cinco a sete dias para se desenvolverem e virarem pubas, que é quando começam a criar perninhas”, explica.

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Nos pneus da escola foram coletados larvas, pubas e um mosquito. Mas, de acordo com o fiscal, não são todos os mosquitos que possuem a doença. “Só que não há como saber, então é preciso eliminar todos.”

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Quando um mosquito não infectado pica uma pessoa infectada ele se contamina, depois transmite a doença às outras pessoas com quem entrar em contato, aumentando os casos.

A Vigilância pede à população para que denuncie caso tenha conhecimento de locais com criadouro e Scatena frisa: “É importante que os moradores eliminem os possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti dentro de seus imóveis residenciais e comerciais. Esta é a principal medida de prevenção e combate a dengue.”

O site dengue.org divulgou dez dicas básicas que todas as pessoas podem aplicar nas próprias casas.

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