10/10/2024

Pela primeira vez, Lucas Sia fala sobre sexualidade: “Sofri homofobia”

Em entrevista ao vivo, por quase três horas, prefeito reeleito comentou sobre vários problemas e soluções para Artur Nogueira. Em trecho, ele desabafou sobre ter sofrido homofobia. Lucas também comentou fato de também ter um vice-prefeito gay. Assista

Da redação

Lucas Sia abordou pela primeira vez sua sexualidade no contexto de sua vida política, durante entrevista exclusiva ao Portal ON na noite de segunda-feira (07). O atual prefeito de Artur Nogueira afirmou que, nas recentes eleições, foi alvo de ataques homofóbicos e de vídeos manipulados, acompanhados de discursos falsos, que circularam nas redes sociais. “A gente não sabe quem fez aquilo, sabe? Quem fez aqueles vídeos invadindo a minha privacidade […] colocaram imagens que não são verdadeiras junto com o vídeo. Imagens que não eram do meu corpo, por exemplo, e também agressões totalmente homofóbicas”, expôs Lucas.

Ele ainda mencionou que, apesar de não ter levado a questão de sua sexualidade para a política, a oposição usou isso de forma velada durante as eleições. Lucas também citou um episódio em que foi insultado de forma homofóbica por uma munícipe, mas reforçou que a maioria das pessoas o trata com respeito. “Vejo muito mais gente boa do que gente ruim. A maioria das pessoas me recebeu com carinho. A minha sexualidade nunca foi pauta. Eu nunca trouxe isso nem na minha campanha de vereador, nem na minha campanha de prefeito”, observou.

Polêmica no Bloco da Vaca

Lucas Sia também refletiu sobre as críticas recebidas por se fantasiar de mulher durante o carnaval de 2023, em uma das apresentações do Bloco da Vaca. Ele observou que, embora muitos outros homens participem do evento da mesma forma, o fato ganhou grande repercussão por ele ocupar o cargo de prefeito.

“Como que o prefeito sai de mulher no carnaval onde 70% dos homens da cidade que vão no Bloco da Vaca, que é um bloco com uma tradição mais antiga do que a cidade, também vão de mulher? Qual que é a diferença? A diferença é que eu não posso me divertir”, Lucas criticou.

Sia afirmou que decidiu não se fantasiar de mulher no Bloco da Vaca em 2024 por respeito à sua família, que foi alvo de críticas. Para ele, os comentários sobre sua conduta revelam preconceito e hipocrisia. “Sair fantasiado no carnaval é deixar de ter valor? Eu deixo de ser leal com a minha família, leal para as pessoas que estão comigo?”, questionou o atual prefeito.

Parada do Orgulho LGBTQIA+

Lucas foi questionado sobre a possibilidade de promover eventos como a Parada do Orgulho LGBTQIA+ na cidade, como já ocorreu em gestões anteriores. Em sua resposta, Sia afirmou não concordar com o formato atual em que algumas dessas paradas são realizadas. Ele ressaltou que, em sua opinião, tais eventos deveriam focar mais na conscientização e no respeito à diversidade, e não apenas em celebrações festivas.

Sia mencionou que, em algumas ocasiões, o foco desses eventos parece desviar do objetivo de educar sobre diversidade sexual e de gênero, aproximando-se de um caráter que ele considera “apelativo”. Para ele, a temática deve ser tratada com seriedade e voltada para a conscientização sobre questões como transfobia e respeito à diversidade, com um formato que permita a participação das famílias.

O prefeito enfatizou que, em sua visão, eventos como esse não devem promover atitudes que, segundo ele, seriam mais apropriadas para ambientes privados. Ele também traçou um paralelo com o carnaval, afirmando que, assim como em outras celebrações públicas, deve-se ter cuidado com a maneira como as relações pessoais são demonstradas, mantendo o foco em um evento voltado à inclusão e educação cultural.

“Acho que, quando a gente tem uma relação de afeto com alguém, isso vou falar em todas as relações, uma relação heterossexual também, tem os lugares adequados para você poder beijar, para você poder abraçar, para você poder ter alguma relação mais calorosa, que eu acho que são em lugares privados, entre quatro paredes”, comentou Lucas.

Sexualidade e família

Lucas Sia descreveu sua descoberta da homossexualidade como um processo gradual, que começou aos 16 anos, quando passou a questionar suas preferências. Durante esse período, teve relacionamentos com homens e mulheres, e aos 17 para 18 anos, decidiu contar sobre sua sexualidade aos pais.

Segundo Lucas, seus pais, Simone e Dr. Américo, reagiram de forma acolhedora. Ele mencionou que, apesar de sua mãe ser exigente e de seu pai ter uma postura firme por ser delegado, o diálogo em sua casa sempre foi baseado em valores como responsabilidade. Lucas destacou que, ao longo desse processo, seu objetivo era garantir que sua sexualidade não fosse um fator limitante.

Confira o trecho da entrevista:

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