03/04/2021

Orelhões vão desaparecendo aos poucos em Artur Nogueira

Há 50 anos era feito o desenho do telefone público

Michael Harteman

Você provavelmente não sabe quem é Chu Ming Silveira, no entanto, é muito provável que já tenha utilizado um equipamento desenhado por ela, o orelhão. Chu nasceu na China, mas foi naturalizada brasileira. Ela faleceu aos 56 anos, em 1997. O desenho do telefone público que se tornou popular no Brasil aconteceu há 50 anos, em 1971. No entanto, com o avanço da tecnologia, os aparelhos estão praticamente em desuso e deve desaparecer em breve dos cenários urbanos do país.

Andando por Artur Nogueira ainda é possível encontrar alguns orelhões, mas claro, será preciso andar bastante. “Eu não sei aonde tem, também nem me lembro a última vez que utilizei o aparelho, hoje todo mundo tem celular, né”, comenta Valdecir, morador de Artur Nogueira. Janaína, vendedora, também comenta que não se preocupa com o desaparecimento dos aparelhos. “Eu acho que ainda podem ter pessoas que precisam, mas está ficando cada vez mais raro, já que a gente tem isso aqui”, exclama ao mostrar o aparelho celular.

Demanda praticamente não existe

Já foi comum encontrar cartões telefônicos em diversas bancas. Não é mais. A banca da Izildinha, uma das mais tradicionais da cidade, já não oferece mais o produto. “Quando tinha demanda a gente vendia bastante, hoje não tem mais. Não compensa mais eu pedir cartão, a empresa ainda oferece, mas se eu pedir vai ficar parado aqui. O celular popularizou, hoje praticamente todo mundo tem um na mão”, explica Izildinha.

Em bares do centro da cidade também já foi possível encontrar os cartões telefônicos. “Eu vendia bastante, hoje não tem mais, pra te falar a verdade eu nem lembrava mais que a gente já uso isso”, comenta, aos risos, o dono de um bar.

Local, em frente à Banca da Izildinha, contava com um orelhão

Decreto de 2019

Em 2018 o então presidente Michel Temer assinou o decreto 9.619/2018 que desobrigava as empresas de instalarem novos orelhões ou substituírem aparelhos danificados. Em troca, as empresas se comprometeram a melhorar a qualidade da rede móvel em todo o território nacional até o fim de 2023.

Segundo a Anatel ainda existem 20 aparelhos na cidade; eram 216 em janeiro de 2019

Em Artur Nogueira, segundo a Anatel, ainda existem 20 orelhões. Os aparelhos estão nos seguintes locais: 2 na Avenida Dr. Ademar de Barros; 1 na Avenida Dr. Fernando Arens; 1 na Rua 24 de Outubro; 1 na Rua Primeiro de Maio; 1 na Rua Umberto Rosseti; 1 na Rua Nossa Senhora das Dores; 1 na Rua Tiradentes; 1 na Rua Antônio Sia; 1 na Rua Boa Vista; 1 na Rua Seraphin da Silva Barros; 1 na Rua Papa João Paulo Segundo; 1 na Rua Francisco Cabrino; 1 na Rua Rico Guidolin; 1 na Rua Afonso Facini; 1 na Rua Antonio Cezar Druzian; Rua Glycério Caetano; 1 na Rua Ricco Guidolin; 1 nas proximidades da Rodovia José Santarrosa; 1 na Rua Conchal e 1 na  Rua Vereador Luiz Guidotti.

Pontos verdes, segundo Anatel, são orelhões em funcionamento

A reportagem do Portal Nogueirense foi até alguns desses orelhões. Embora a Anatel afirme que eles estão ativos, vários já não estão mais em funcionamento .

Orelhões no Brasil

No Brasil ainda existem 176.405 orelhões em funcionamento. A maior parte deles está concentrada na região sudeste, com 70.998 aparelhos em funcionamento.

A trajetória do Orelhão

O primeiro orelhão foi inaugurado no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1972. Cinco dias depois, ocorreu a inauguração em São Paulo. Na década de 1990, as fichas telefônicas deram vez aos cartões telefônicos – tecnologia que se tornou item de colecionador.

1971 – Orelhão é criado pela designer Chu Ming Silveira.
1972 – Primeiro aparelho é inaugurado em 20 de janeiro no Rio de Janeiro.
1975 – Orelhões passam a aceitar chamadas interurbanas no país.
1992 – As fichas telefônicas cedem espaço para os cartões telefônicos.
1997 – Morre Chu Ming Silveira, a criadora do orelhão.

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