17/03/2013

OPINIÃO: Entre desafios e esperanças, um novo Papa!

Padre Edson Tagliaferro comenta sobre o Papa Francisco

Por Padre Edson Adélio Tagliaferro

A Igreja nos tem dado surpresas ultimamente. Primeiro foi a renúncia do Papa Bento XVI, fato que não acontecia há cerca de seiscentos anos. Recentemente, foi a escolha do cardeal argentino Jorge Maria Bergoglio para a cátedra de Pedro. Algo não tão esperado, embora qualquer cardeal pudesse ser eleito no conclave.

Mas enfim, temos um novo Papa e isso é o que nos importa neste momento e o que isso significa para a Igreja como um todo. A mim, em particular, Papa Francisco, nome que ele escolheu para seu pontificado, faz despertar a esperança de novos tempos, tão esperado e tão necessário para nossos dias.

Ao vê-lo na sacada da Basílica de São Pedro meu coração encheu-se de alegria. Isso porque seu jeito simples, humilde e de cordial sorriso fez-me lembrar do Beato João XXIII, Papa eleito em 1958.

Conhecido como o Papa Bom, João XXIII surpreendeu o mundo com o anúncio do Concílio Vaticano II, iniciado em 1962 e que desejava um aggiornamento da Igreja, ou seja, que a Igreja pudesse levar ao mundo o Evangelho de Nosso Senhor com a linguagem e os desafios próprios dos tempos modernos. Desejava que a Igreja pudesse abrir as janelas e as portas para que o vento do Espírito Santo pudesse arejar sua existência. E isso, talvez, seja o que mais precisamos na Igreja e que o Papa Francisco nos faz alçar como esperança.

Um segundo fato foi o nome escolhido. Creio que todos os que ouviram o nome logo se reportaram a São Francisco de Assis, santo que marcou a história da Igreja e a vida de muitos cristãos com a profunda encarnação do evangelho em sua vida. Como disse Dom Hélder Câmara: “Vista Cristo e encontrarás Francisco, dispa Francisco e encontrarás Cristo”.

Escolha também inédita, seu nome nos trouxe a grata surpresa de que deseja ser humilde e ao mesmo tempo cônscio de seu papel reformador como Papa a que foi eleito. Na biografia de São Francisco encontramos que Cristo lhe teria dito: “Francisco, restaura a minha Igreja”. Eis o desafio ao Francisco de hoje, nosso querido Papa!

É certo que pode ter sido uma referência também a São Francisco Xavier, cofundador da Companhia de Jesus, ordem religiosa a que pertence o novo Papa, que foi grande missionário do oriente e é padroeiro das missões. O fato é que ambos tem importância singular na vida da Igreja e marcam profundamente as suas convicções e as nossas esperanças em seu ministério petrino.

Por fim, a sua própria pessoa que nos fala. Homem dado a simplicidade de vida, como devem ser os discípulos de Cristo. Usava transporte público, fazia ele próprio suas refeições, após a eleição voltou para o hotel em ônibus, junto com os cardeais, recusando a limousine, usou a cruz peitoral que já usava como bispo e não de ouro, etc. Suas atitudes revelam grande despojamento que nos permite redescobrir em nossos corações a verdadeira Igreja de Cristo, que deve ter como essência o amor e não o estereótipo. Além disso, como bom jesuíta, mostrou ser um homem orante. Oração encarnada e transformadora da vida. Seu gesto de inclinar-se diante do povo reunido e pedir para que orassem por ele mostrou que sabe o que é de fato oração e sua importância para a vida de todos nós. Ela nos humaniza de tal forma que permite a uma pessoa reconhecer que mesmo sendo um Papa, se é humano e como tal, carente do amor de Deus e do amor fraterno dos irmãos e irmãs.

Podemos portanto dizer com o coração todo cheio de alegria e esperança: Habemus Papam! Que ele presida a Igreja na caridade e nos auxilie a viver a busca incessante do Cristo, encontrado e amado nos pobres, prediletos do Senhor.

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Edson
Padre Edson Adélio Tagliaferro é pároco
da Paróquia Nossa Senhora das Dores


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