21/04/2013

OPINIÃO: E as profissões básicas?

Sociólogo fala da importância do incentivo a velhos ofícios

Por Luiz Augusto Rossi

Nossa sociedade está carente. Carente de recursos antigos. Nossos jovens estão privados de aprender. Temos educação de qualidade e falta de Motivação. Temos livros e não Prática. Em vários projetos educacionais a que tenho acesso, percebo que algo falta. Falta algo material e não didático. Entre vários projetos tenho a necessidade de um que traga a vontade e não só as letras. Sinto falta de um que traga uma profissão e não só um diploma.

Em situações, as famílias pedem um projeto para que seus filhos sejam acolhidos para passar o tempo “ocioso” e não fiquem na rua. Penso eu em um projeto que resgate as profissões primordiais e não só as cadeiras acadêmicas. Os projetos teriam que por meta, resgatar o que sempre precisaremos: açougueiros, padeiros, marceneiros, carpinteiros, armadores, pedreiros, etc. As profissões são baseadas no que gostamos de fazer, e se não formos inseridos, jamais seremos capazes de adivinhar nosso futuro.

De que adianta os cursos de informática se não tivermos o profissional para fazer o pão do café da manhã? De que serve a engenharia se não tivermos o pedreiro? Para que serve a engenharia de alimentos se não tivermos o boiadeiro? Para que serve a grande indústria moveleira se não tivermos o marceneiro? Temos que reconsiderar valores e aprender com a prática gestos a muito esquecidos.

Em minha concepção e entendimento, temos que restaurar os valores antigos o mais breve possível. Um jovem aprendiz não quer mais bancos de escola e desenhos! Ele quer prática, algo palpável para o futuro. Diversificar não significa inventar e sim ensinar antigos preceitos e normas. Diversificar tende a voltar para os valores antigos e ensinar profissões milenares e que até hoje são fundamentais. Investir em um espaço de aprendizado como este seria igual correr atrás do tempo perdido. Tem que ser agora. Uma escola de aprendizes verdadeiros.

Uma padaria, escola, servindo de berço para grandes profissionais. Uma marcenaria, berço para grandes moveleiros. Uma oficina de açougueiros com concursos de corte para incentivar a arte desta profissão. Mostrar os valores que estamos perdendo. Já temos a farmácia popular, porque não a padaria popular, fazendo pães para a merenda, o açougue popular, servindo as instituições e escolas, a marcenaria popular, consertando os móveis e carteiras das escolas e instituições? E amanhã, como será? E as profissões básicas? Pensemos nisso.

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luiz rossi
Luiz Augusto Rossi é sociólogo e professor


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