Oito mulheres que marcaram história em Artur Nogueira
Confira homenagem ao Dia Internacional da Mulher
Da redação
No final do século 19, a jornada de trabalho de mais de quinze horas, remunerada com salários medíocres, levou milhares de mulheres a iniciar greves e reivindicar melhores condições de trabalho na Europa e nos Estados Unidos (EUA). Em 1908 e 1909, protestos em prol da igualdade política e econômica no país levaram mais cinco mil mulheres às ruas estadunidenses e interromperam as atividades de mais de 500 fábricas.
No ano seguinte, 1910, representantes de mais de 17 países assinaram uma resolução para a criação de uma data anual que celebrasse os direitos da mulher. A assinatura ocorreu na II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca. Mas o 8 de março só se consagrou quando, nesta data, em 1917, mais de 90 mil operárias russas se manifestaram contra o Czar Nicolau II por causa das más condições de trabalho, da fome no país e da participação russa na 1ª Guerra Mundial (1914-18).
Apesar disso, apenas em 1921 o 8 de março foi oficializado como Dia Internacional da Mulher. Mas foi só em 1945, no final da 2ª Guerra Mundial (1939-45), que a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou o primeiro documento que declarava a igualdade entre homens e mulheres – e só em 1977 a ONU reconheceu oficialmente o 8 de março.
Para celebrar o 8 de março, tão significativo na luta feminina por seus direitos, o Portal Nogueirense decidiu homenagear 8 mulheres que marcaram a história de Artur Nogueira. Confira:
Ica – Primeira “Carteira”
Conhecida por ser a primeira agente dos correios da cidade, Adélia Caetano nasceu em 1º de janeiro de 1922. Sempre muito esforçada e atenciosa, ela pegava as correspondências na estação de trem do, na época, Districto de Paz de Artur Nogueira e distribuía nos endereços a que eram destinadas. Os nogueirenses que eram vivos naquela época ainda podem se lembrar da jovem moça que descia e subia as ruas da cidade para fazer as entregas no prazo correto.
Fervorosa, Adélia também era respeitada por ser uma mulher de muita fé. Frequentava assiduamente as missas e participava nos eventos da comunidade sempre que podia. Mas não era só isso: além de ir à missa e circular por toda cidade fazendo entregas, Ica, como era apelidada, também se destacou pelo talento para a costura.
Ela era uma grande estilista. Na maior parte dos casamentos da época, os vestidos das noivas foram confeccionados por Adélia, que tinha prazer em ver as jovens felizes e lindas no dia em que se casavam. Em 23 de junho de 1998, Ica faleceu, mas não sem deixar sua marca na história de Artur Nogueira.
Cidinha Posi – Criou o hino municipal
Nascida em Ribeirão Preto há 81 anos, Aparecida Alves da Silva Posi descobriu cedo a paixão pelos estudos e pela música. Aos 18 anos formou-se no Magistério e começou a dar aulas. Anos depois, saiu de Campinas e se mudou para Artur Nogueira para ser uma das primeiras professoras do município.
Dando aulas no antigo Grupo Escolar Francisco Cardona sempre arrumava tempo para ensinar a arte da música aos alunos. Foi a professora que criou e organizou a ‘bandinha rítmica’, que reunia mais de 70 criança e que até chegou a se apresentar em um famoso programa de televisão.
Há 47 anos foi convidada a compor o Hino Nogueirense. Pedido que aceitou e teve a honra de escrever a letra e fazer a música.
Dona Cidinha é viúva do saudoso Renê Marcos Posi, um dos primeiros a pensar na Cultura em Artur Nogueira e que, hoje, empresta o nome para o Teatro Municipal, localizado no centro da cidade.
Deolinda – Criou a Casa do Caminho
Desde 1990, Deolinda Marchiore Marco está à frente da Casa do Caminho, uma importante instituição que atende mais de 200 crianças e adultos em Artur Nogueira. Com sede no bairro Bela Vista, o local oferece várias atividades, cursos e oficinas gratuitamente a população.
Artesanato, Teatro, Informática, Karatê, Música, Balé, Corte e Costura são alguns dos cursos oferecidos. No entanto, o maior aprendizado de quem passa pelo local é o amor e exemplo transmitidos pela senhora.
Deolinda nasceu em uma pequena vila chamada Lusitânia, hoje distrito de Jaboticabal (SP). Formou-se no magistério e começou a dar aulas. Devido ao trabalho do marido em um banco, se mudou para Artur Nogueira e nunca mais saiu do município ‘Berço da Amizade’. Mãe de cinco filhos, Deolinda se dedica todos os dias em ajudar ao próximo.
Fátima de Oliveira – Criou a 1ª rádio da região
Pioneira em Jornalismo em Artur Nogueira e região, Fátima Aparecida de Oliveira descobriu cedo a paixão pelo mundo da Comunicação. Com seu jeito irreverente e carismático, há 27 anos está à frente do ‘Bom Dia Cabocla’, um programa matinal que está presente diariamente nas manhãs de milhares de pessoas.
Mulher guerreira, que inspira e motiva muitos, ela é humilde e não recusa um bom bate-papo. Fátima tem história. Como comunicadora ajudou a registrar os fatos mais marcantes do município ‘Berço da Amizade’. Começou a fazer jornal em uma época em que muitos nem sabiam o que era isso. Assim, com a ajuda da família, derretia chumbo para uma máquina linotipo compor as palavras das notícias de Artur Nogueira – que há décadas atrás não passavam de ocorrências de roubo de galinhas ou botijões de gás.
No ano de 2001, Fátima entrou para a Política como vice-prefeita. Mesmo em um cargo de expectativa, a nogueirense batalhou e se dedicou na melhoria do lado social do município.
Floripes Chiste – 1ª vereadora da cidade
Irmã de nove, Floripes Chiste foi a quarta a nascer da união de José e Cristina Mendes, em um verão de 1939.
Devido ao trabalho de casa, Floripes teve de abrir mão dos estudos logo cedo. Aprendeu a ler, escrever e depois de um ano e meio na escola, teve de largá-la. Tinha sete anos na época e apenas seguia as instruções que lhe davam. Aos 17 anos, Floripes deixou o conforto da fazenda para alçar independência dos Mendes. Casou-se com Osvaldo Chiste e foi viver no Bairrinho.
Em uma época em que mulheres eram vistas apenas como donas de casa e cozinheiras, Floripes mostrava que mulher poderia estar no lugar que quisesse. Chiste, o marido, dava todo apoio à independência dela. Já mãe de duas filhas, Izabel e Ilze, aos 49 anos de idade, Floripes fora convidada por seu Claudio Alves de Menezes (PMDB) para ingressar no partido e pleitear um cargo na Câmara. Até então, nenhuma mulher havia sido eleita em Artur Nogueira e o fato seria histórico.
Floripes entrou na disputa por entrar. Não tinha a intenção de vencer e, também, não achava que venceria. No dia da apuração, porém, seu nome foi citado e ela se tornava a primeira mulher eleita vereadora de Artur Nogueira.
Laura Miranda – Parteira
Nascida em 3 de março de 1886, Laura Rosa Miranda teria completado 131 anos há cinco dias atrás se ainda estivesse viva. Poucas pessoas conquistaram tanto o carinho dos nogueirenses em seu tempo como ela. E não é para menos: Laura foi parteira e benzedeira na cidade, numa época em que a medicina moderna ainda engatinhava e demorava muito para chegar ao interior do país.
Conhecida por ser uma mulher forte, Laura ajudou centenas de mulheres darem à luz seus bebês. Por esse motivo, ela conquistou o afeto dos nogueirenses na primeira metade do século 20. Muitos dos idosos que hoje moram em Artur Nogueira vieram ao mundo com a preciosa ajuda dessa mulher dedicada e altruísta. Ela faleceu 82 anos após seu nascimento, curiosamente, também num dia 3 de março.
Magdalena Sanseverino Grosso – 1ª professora
Magdalena, nascida em 5 de setembro de 1902, foi uma mulher muito à frente de seu tempo, elegante e de personalidade forte. De berço português e italiano, era filha do Sr. José Sanseverino e Vicência do Espírito Santo, que geriram a figura que participaria ativamente no cenário nogueirense.
Entre os irmãos e irmãs foi a única que se graduou. Trouxe orgulho à família por ser a 1ª filha de Artur Nogueira a se formar professora em 1924, pela Escola Caetano de Campos da capital. Em seguida, lecionou na Escola Reunidas de Artur Nogueira e depois no Grupo Escolar Francisco Cardona, onde repartiu seus conhecimentos com muitos alunos, alguns que chegaram a ocupar relevantes cargos, como prefeito. Aos 21 anos, amadrinhou a Corporação Musical 24 de junho.
Aposentada, voluntariamente, ofereceu-se a lecionar junto ao Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) com seus 70 anos. Falava francês, desenhava e pintava, gostava de uma cantoria, redigia poesias distribuídas em cadernos, acolhia os desejosos por evolução educacional, era exigente – como qualquer professora de seu tempo – amava a distração em meio às plantas – mas as rosas… elas lhe despertavam grande devoção.
Faleceu em 6 de junho de 1983, dois anos antes de ver inaugurada a Escola que carrega o seu nome, no Jardim Planalto. Deixou por aqui pessoas gratas e admiradores. Deixou saudade. Deixou para a sociedade sua maior contribuição: uma vida dedicada à evolução do ser humano.
Vó Nair – Criou a Iefan
Aos 84 anos de idade, completados no último mês, Nair Nóbrega Versolatto, carinhosamente conhecida por ‘Vó Nair’, nasceu no Maranhão. Trabalhou na roça até se casar, depois foi para a cidade de São Paulo, onde trabalhou por mais de 40 anos. Aposentou-se e procurou uma cidade mais tranquila para viver. Foi aí que transformou o município ‘Berço da Amizade’ em seu novo lar.
Ela fundou a Instituição Evangélica Filadélfia de Artur Nogueira (Iefan). O projeto teve início em 1997, na própria casa da Vó Nair. A entidade atende diariamente cerca de 52 crianças carentes, de 6 a 15 anos de idade, que participam de várias atividades, como Judô, Fanfarra, Artesanato, Coral, Informática, entre outras. O projeto teve início em 1997, na própria casa da Vó Nair.
Na humilde casa no Coração Criança, Vó Nair e seu marido Tom começaram a acolher as crianças da vizinhança. Todos os dias o casal servia bolacha, chá, leite e ensinavam várias atividades aos pequenos. Ela tem seis filhos, sendo três homens e três mulheres.
A idealizadora da Iefan escreveu sua autobiografia intitulada “Minha vida nas mãos de Deus”. A obra descreve algumas das histórias mais interessantes vivenciadas por ‘Vó Nair’, dentre elas, o dia em que foi salva de um incêndio e a criação da Iefan. Além disso, no livro é possível encontrar exemplos de superação de uma pessoa (Nair Nóbrega Versolatto) que jamais reclamou das dificuldades e que, em vez disso, sempre esteve pronta para lutar e ajudar os necessitados.
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