16/06/2011

O drama do Objetivo

Colégio Objetivo de Artur Nogueira entra em crise e causa revolta em professores e pais de alunos

Alex Bússulo

Uma reunião realizada na quinta-feira (09) no Colégio Objetivo Educar de Artur Nogueira deixou pais e professores das unidades I e II insatisfeitos. Na ocasião, a diretoria anunciou que a escola não funcionará mais a partir do segundo semestre deste ano, devido a uma crise financeira interna.

Cerca de 50 pessoas participaram da reunião, onde foi anunciada uma parceria com o Objetivo de Cosmópolis, em que todos os alunos poderiam frequentar as aulas na cidade vizinha, com transporte gratuito, mantendo o mesmo valor pago nas mensalidades.

Durante a reunião a diretora e proprietária do colégio, Vera Sacilotto, passou mal e desmaiou, precisando ser encaminhada ao Pronto-Socorro, onde ficou em observação e não pode mais retornar a reunião.

A solução encontrada pela proprietária do colégio de transferir os alunos para outra cidade não agradou os professores. “Nós pensávamos que o colégio seria comprado pela unidade de Cosmópolis, pois foi isso que nos foi informado, foi uma grande decepção saber que isso não ia acontecer”, afirma um dos professores, Rubens Gonçalves Lira Junior.

Os professores afirmam ainda que se sentiram enganados pela proprietária. “É um absurdo o que fizeram com a gente, ela mentiu para todo mundo. Faltou ética, profissionalismo e caráter, porque não se fecha uma escola do dia para o outro. Ela mentiu para os professores e para os pais e simplesmente sumiu, sem dar explicação para ninguém. Fomos todos enganados! Sem contar que meu salário está atrasado há três meses, não recebi nem meu décimo terceiro”, desabafa outra professora, Melissa Fernanda Sacchi Blecha, que entrará com uma ação, em conjunto com outros professores, contra a proprietária.

Parte dos pais também não gostou da notícia. “Fiquei indignada com a falta de profissionalismo da direção da escola. Minha filha tem apenas seis anos e está sofrendo muito com o acontecido. Já a matriculei em outro colégio, mas o processo de adaptação não é fácil. Já sabia que a escola estava passando por um momento difícil, mas não passou pela cabeça que eles iriam abandonar tudo. Tivemos uma reunião há meses atrás, e foi prometido que a situação iria melhorar, o que não aconteceu. Me senti uma palhaça”, afirma a mãe de duas alunas, Joseane Paiva.

A proprietária do colégio se defende. “Desde o começo do ano estou com depressão. É muito triste levar os nomes que estou levando sem merecer. O meu maior erro foi administrar o colégio com o coração”, afirma Vera.

A proprietária diz que a escola ainda está funcionando, mas que nem os professores nem os alunos comparecem. “De um ano para cá eu perdi cerca de 50% dos alunos, sem contar dos professores que simplesmente chegavam na escola e diziam que não iam mais dar aula, que haviam encontrado empregos melhores, abandonando turmas inteiras. Eu cheguei a manter salas com dois alunos, sendo que um estava inadimplente e outro era bolsista”, afirma Vera.

Ainda segundo a proprietária, houve várias tentativas para continuar com o colégio. “Eu ofereci a quase todos os proprietários de escolas aqui de Artur Nogueira que assumissem a administração do Objetivo. Não precisariam me pagar absolutamente nada, só pedia a eles que mantivessem os alunos e funcionários, mas ninguém se interessou”, afirma.

Sobre a acusação do não pagamento dos funcionários, Vera afirma que pretende acertar com todos que trabalharam no colégio. “Não sou caloteira. Dei aula mais de trinta anos, sei e reconheço o valor de um professor. Só peço a compreensão de todos. Minha proposta era continuar com as aulas até o final do semestre, receber as mensalidades dos pais e pagar os funcionários, mas tanto os professores quanto os pais se precipitaram e saíram da escola”, afirma.

O Colégio Objetivo de Artur Nogueira possui duas unidades e até a semana passada atendia cerca de cem alunos entre seis a dezessete anos.


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