06/08/2011

NOGUERITO E NORDESTINO; a dupla que é a cara de Artur Nogueira

Conheça a trajetória da dupla que é a cara de Artur Nogueira

Noguerito [atrás] e Nordestino [de chápeu]

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Alex Bússulo

Música caipira é com esses dois mesmo. Ninguém na cidade canta e transmite a moda de viola como Noguerito e Nordestino. Moradores de Artur Nogueira há décadas, esses dois vem levando o nome da cidade para os quatro cantos do Brasil.

De um jeito simples, humilde e modesto Joaquim Salustiano [Noguerito], de 65 anos, natural de Ouro Fino-MG, veio para Artur Nogueira nos anos 60. “Quando cheguei aqui nenhuma rua da cidade tinha asfalto, vi e acompanhei o progresso desse município”, conta o cantor. Noguerito é casado, tem cinco filhos e há 30 anos trabalha como funcionário público.

Já Davino Alves Costa [Nordestino], de 42 anos, natural de Monte Azul-MG, veio para Artur Nogueira na década de 80, junto com a família à busca de trabalho na roça. Desde pequeno ouvia Noguerito nas rádios. “Sempre fui fã do trabalho dele, jamais pensei que um dia trabalharíamos juntos”, conta. Hoje, casado e pai de um filho, trabalha como operador de máquina em uma indústria do município há 25 anos.

Na entrevista desta semana conversamos com a dupla que é a cara do município. Em um bate papo de mais de duas horas, nossa equipe conversou e conheceu o trabalho desses dois, que você acompanha a seguir.

NOGUERITO, ANTES DE CANTAR COM O NORDESTINO VOCÊ JÁ TEVE OUTROS PARCEIROS, COMO FOI ESSA JORNADA? Sempre fui apaixonado por música raiz, sempre gostei de ouvir e cantar. Minha primeira dupla foi com o Nogueirense, daqui mesmo de Artur Nogueira. Fomos parceiros por oito anos e gravamos um disco. Mas cada um acabou seguindo seu caminho. Depois conheci outro amigo que acabei formando uma dupla, nascia então o Noguerito e Nogueirinha, que resultaria mais tarde na gravação de dois LPs. Cantamos bem, mas o Nogueirinha decidiu parar de cantar. Foi aí que eu encontrei o Nordestino, com quem estou até hoje.

E VOCÊ NORDESTINO, COMO FOI O CONTATO COM A MÚSICA? O mais engraçado de tudo isso é que eu sempre fui fã do trabalho do Noguerito. Lembro que eu ligava aquele rádio ‘grandão’ lá em casa e ficava ouvindo as modas dele. Era muito bom. Comecei a cantar em barzinhos aqui da cidade mesmo. Minha primeira dupla foi também com um amigo, formávamos a dupla Ezequias e Ezequiel. Ficamos cantando por aí por seis anos, mas o destino não havia reservado isso para mim. A dupla acabou não dando certo e, em 2002, comecei a cantar com o Noguerito, aquele mesmo cantor lá atrás que eu tanto admirava.

QUANTOS CDS VOCÊS JÁ GRAVARAM? [Noguerito] Nós já temos três álbuns gravados: ‘Riqueza Divina’, ‘Recanto dos Passarinhos’ e o nosso último trabalho, lançado em dezembro do ano passado, ‘Um grande Amigo’.

EM TODO ESSE TEMPO, QUAL MÚSICA MAIS MARCOU VOCÊS? [Noguerito] É difícil a gente dizer que gosta de uma música específica. É como se você perguntasse a um pai qual filho ele gosta mais. Gostamos de cantar. Cada música nossa representa um momento, um sentimento. Cada uma tem uma característica.

VOU REFORMULAR A PERGUNTA. SE VOCÊS FOSSEM CONVIDADOS A PARTICIPAR DE UM FAMOSO PROGRAMA DE TELEVISÃO E PUDESSEM APRESENTAR APENAS UMA MÚSICA, QUAL SERIA? [Nordestino] Nesse caso teríamos que escolher uma, não teria jeito mesmo. [Pensativo] Escolheríamos a ‘O Doutor da Lixeira’…

POR QUÊ? Essa moda foi composta por nós com a participação de um grande amigo, o compositor Manuel José. Ela é especial, pois conta uma história muito emocionante…

COMO É ESSA HISTÓRIA? Ela fala sobre uma criança que nasceu sem as duas mãos e foi abandonada pela própria mãe em uma lixeira. Um cachorro doente que passava no local encontra o bebê e o leva até a casa de uma família que o adota. Passam-se os anos e essa criança cresce e vai para a faculdade. Como não tem as mãos, ela desenvolve a habilidade de escrever e fazer tudo com os pés. Se forma e se transforma em um famoso médico cirurgião, reconhecido em todo o mundo. A história finaliza com uma mulher indo fazer uma cirurgia com o médico e quando vê a deficiência do doutor se emociona e revela que ela havia abandonado há anos um filho em uma lixeira. Resultado, mãe e filho se reencontram. É uma música muito bonita. Muitos se emocionam quando a escutam.

NESSES NOVE ANOS DE DUPLA, ONDE VOCÊS JÁ SE APRESENTARAM? [Noguerito] Em muitos lugares. Vou citar os de maiores destaques. Já estivemos no programa ‘Viola, Minha Viola’ da Inezita Barroso, na TV Cultura. Estivemos duas vezes no programa Caminhos da Roça, apresentado pelo Mazinho Quevedo. Na TV Aparecida, e na TV Câmara, no programa Brasil Caipira, que foi ao ar no domingo, 7 de agosto, às 10 horas, para todo o país.

COMO FOI GRAVAR ESSES PROGRAMAS? [Nordestino] Todos foram maravilhosos. O da TV Câmara foi algo que desejávamos muito. Um sonho. Jamais imaginava que subiríamos aquela rampa de Brasília um dia.

E COMO VOCÊS CONSEGUIRAM? Fomos fazer um show em Jaguariúna e conhecemos um amigo, o senhor Jair Soares, que nos sugeriu fazer o show em Brasília, ele nos patrocinou, pagando todas as nossas despesas. Mandamos nosso material para o apresentador do programa e ele ficou encantado. Ligou pra gente na semana seguinte nos convidando e agendando a gravação. Inesquecível.

COMO VOCÊS ANALISAM A MÚSICA RAIZ, COM O FENÔMENO DO SERTANEJO UNIVERSITÁRIO? [Noguerito] Eu acho que tem espaço para tudo e todos. O principal diferencial da música raiz para a universitária é que a raiz faz história. Ela vive e entra para a história. Você pode perceber que quase todos os cantores do sertanejo universitário cantam e regravam velhas modas de viola, pois reconhecem sua importância. Atualmente, uma música ou um cantor vem com tudo, de uma hora para outra vemos artistas estourando por aí, vendendo milhões de discos, naquele momento. Mas depois de algum tempo aquilo que era um fenômeno fica esquecido, cai no esquecimento. A raiz não é assim. Ela vem e fica. Sempre foi assim e sempre vai ser.

VOCÊS ESTÃO PRESENTES TAMBÉM NA INTERNET. DIGITANDO EM SITES DE BUSCAS É POSSÍVEL ENCONTRAR MAIS DE MIL RESULTADOS COM O NOME DA DUPLA. COMO É ISSO? [Nordestino] Temos que aproveitar a internet, usá-la ao nosso favor, pois ela é a bola da vez. Ela é uma ótima forma de divulgação e ainda por cima gratuita. Estamos compondo uma canção bem digital, relacionada à internet. Provavelmente ela estará em nossos próximos trabalhos.

COMO VOCÊS VEEM O INCENTIVO A MÚSICA E A CULTURA DE ARTUR NOGUEIRA? [Noguerito] O que a Prefeitura pode fazer para nos ajudar ela faz. Quero aproveitar e agradecer o grande apoio e incentivo vindo por parte do chefe da Divisão Municipal de Cultura, o Marquinhos, um homem que se desdobra para fazer a Cultura do município acontecer e sempre nos ajudou quando precisamos.

ALÉM DE JÁ TEREM APRESENTADOS EM VÁRIOS PROGRAMAS DE TELEVISÃO, UM DOS GRANDES FEITOS DE VOCÊS FOI ABRIR O SHOW DO MILIONÁRIO E JOSÉ RICO, NO RODEIO DE AMERICANA. COMO FOI ISSO? Foi mais uma experiência que ficará para sempre em nossas memórias. Cantar para aquele público de mais de 30 mil pessoas, abrindo o show de uma das melhores e maiores duplas do país realmente foi marcante.

O QUE AS PESSOAS QUE ESTÃO LENDO ESTA ENTREVISTA E QUE QUEREM ADQUIRIR OS CDS DE VOCÊS DEVEM FAZER? Opa, adquirir o nosso trabalho é fácil [risos]. Hoje temos o nosso primeiro e o terceiro disco à disposição pelos telefones (19) 3877-1488 ou (19) 3877-4897. Quem quiser ouvir uma boa moda de viola já sabe onde encontrar.


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