17/06/2018

Nem céu, nem inferno

Após empate com a Suíça, Tite precisa reativar a engrenagem que construiu na Seleção Brasileira

Michael Harteman

O empate faz parte. A apatia, não. Se Copa do Mundo fosse moleza, não seria tão fascinante. Quero dizer com isso que não há motivos para se preocupar com o desempenho no primeiro jogo, tão pouco. No entanto, não acredito que haja motivo para desespero. O resultado todo mundo já sabe, mas e o desempenho?

Nada de anormal com os primeiros minutos de jogo. A Suíça era um time mais leve, sem pressão e nenhuma obrigação de encantar. No entanto, com dez minutos de partida a Seleção Brasileira se impôs no jogo. Começou a criar, empurrar o time de vermelho contra o seu próprio gol. Mesmo não tendo criado as tais chances claras, o cheiro do gol estava no ar.

O gol foi a marca registrada de Coutinho. Um chute com a assinatura dele. O tento marcado deveria  aliviar o peso da estreia, deslanchar. Não aconteceu. A partir daí o time perdeu o pique, pareceu ter mais medo de tomar o empate do que vontade de fazer o segundo. As individualidades não apareceram.

Mas tudo bem, nada como 15 minutos de intervalo para colocar fogo no time novamente, correto? Não foi o que aconteceu. Ofensivamente o time parecia não ter voltado para campo. Gabriel Jesus, Neymar e Coutinho pareciam não se conhecer. Não houve triangulações, nem chegadas do Paulinho, nada. Suíça começou a gostar do jogo, gostou tanto que empatou a partida. Com falta, mas empatou. Steven Zuber empurrou Miranda antes de subir para o cabeceio.

Pós empate o Brasil se bagunçou. Se defensivamente ainda estava bem postada, ofensivamente batia cabeça. Não criava. Os dribles não vieram, as tabelas não aconteceram. Cabia ao Tite fazer algo para alterar o desenho tático do time. Não fez, trocou os atletas sem mudar desenho. Mesmo com a melhora nos minutos finais com boa participação de Firmino, o gol da vitória não veio.

Esse empate tem que servir como lição. A lição de que jogo de Copa do Mundo não é jogo de eliminatória, muito menos, amistoso. O Brasil já ganhou copas não vencendo na estreia, já perdeu ganhando o primeiro jogo. É preciso não se precipitar nas conclusões. Corrigir as falhas rapidamente. Difícil é esperar de um time o que ele não pode oferecer. Esse time pode, aliás, já ofereceu muito mais do que vimos hoje.


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