15/03/2017

Moradoras reclamam da falta de pediatras em Artur Nogueira

Em alguns casos, mães esperam meses para conseguir agendamento

Michael Harteman

Agendar uma consulta com um pediatra não tem sido uma tarefa fácil para os moradores de Artur Nogueira. Segundo algumas mães da cidade, é difícil lidar com o atual sistema de saúde nogueirense, já que – de acordo com elas – a espera por um agendamento chega a extrapolar um mês. Durante entrevistas, a falta de agenda e profissionais foram apontadas como as principais dificuldades do setor.

Uma das mães insatisfeitas com a situação é a manicure Gislaine Mara Leite Bello. Ela tem três filhos, Jhenyfer de dez anos, Nycolas com oito e Sophia com um ano e cinco meses. Recentemente, Jhenifer quebrou o dedo na escola e foi encaminhada para o Hospital Bom Samaritano. Sem convênio, esperou por aproximadamente sete horas e meia até ser atendida por um ortopedista. “Durante esse tempo, ela ficou chorando. O atendimento só aconteceu quando achei um ortopedista e pedi para ele engessar o dedo dela”, exclama.

Outro problema relatado por Gislaine foi quando a filha mais nova Sophia teve infecção de ouvido. “Não consegui marcar com pediatra pois eles dizem que está sem agenda. A sorte é que uma amiga que é médica me ajudou por WhatsApp”, conta. A manicure explica que, embora a amiga médica tenha feito uma receita médica, os remédios não foram encontrados na rede pública.

Mas Gislaine não é a única que reivindica melhoria no setor da Saúde. “Fazem cinco meses que estou tentando marcar um pediatra”, afirma a cabeleireira Ivanilda Santos Silva. Com uma filha de um ano e dois meses, Ivanilda conta que sua bebê Eloah Vitória Mosca passou pelo especialista quando tinha nove meses. “Ela estava doente e levei ao médico, ele pediu um exame de urina. Fiz rapidamente mas, até agora, não consegui mostrar para um médico, já que não consigo marcar consulta”, comenta.

Ivanilda afirma que quando tenta marcar uma consulta o serviço de atendimento informa que a agenda ainda não foi aberta, e pede que a autônoma volte em uma data estabelecida. “Quando eu volto para marcar, eles dizem que a agenda já está cheia. É revoltante, a saúde está péssima na cidade”, exclama Ivanilda.

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Ivanilda está tentando marcar pediatra há 5 meses para a filha

 Outra situação parecida aconteceu com Crislayne dos Santos Pereira. Moradora de Artur Nogueira há dois anos e meio, a micropigmentadora conta que precisou dos serviços de um pediatra na cidade três meses atrás, no entanto teve que optar pelo atendimento via convênio. “Pelo plano de saúde descobrimos que meu filho estava com uma pneumonia e adenoide; precisou passar por uma cirurgia”, aponta a moradora. Crislayne diz que a longa espera a deixou inconformada. “Aqui na cidade se você quiser um atendimento melhor, o jeito é ter convênio, se não, acaba morrendo”, finaliza.

Além de mães preocupadas, há também avós que se demonstram apreensivas. Adriana Ribeiro possui um neto de dois anos. Bryan Rafael, segundo ela, sofreu com a negligência do atendimento médico. “Ele teve alergia de uma picada de inseto e ficou com a perninha inchada. Levamos ao hospital e não tinha pediatra. Marcaram a consulta pra daqui dois meses”, comenta.

Adriana destaca que sempre teve dificuldades em marcar uma consulta para o neto; e que, embora o menino necessitasse de um pediatra em diversas situações, só conseguiu agendamento em duas ocasiões. “É muito pouco para uma criança de dois anos, a situação é complicada”, comenta a avó.

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Adriana conseguiu marcar consulta para o neto após os próximos dois meses

Já Linda Inês Pauloski conseguiu marcar uma consulta para o filho João Lucas, de dois anos. Entretanto a desempregada lamentou o fato de mesmo assim não ter sido atendida. “Estou desde novembro do ano passado tentando marcar. A última vez marcaram para o dia 27 de fevereiro, porém, quando cheguei lá o posto estava fechado”, lamenta Linda.

Insistente, a mãe voltou ao local de atendimento e teve uma consulta remarcada para 22 de março. “Quando foram pedir meu voto falaram que a situação iria se resolver, mas até agora nada”, cobra.

Outra reivindicação

Outra demanda advinda das mães de Artur Nogueira diz respeito ao reduzido número de profissionais na área da ginecologia. Segundo o médico Marcos Santos, em entrevista ao Portal Nogueirense, o déficit é de fato real.

Bruna Ferrari Stahl se diz inconformada com a situação da saúde municipal. “Aqui nessa cidade está difícil achar um ginecologista, aonde já se viu fazer pré-natal com clínico geral?”, pergunta a gestante de cinco meses. Antiga moradora de Campinas (SP), a balconista mora no município nogueirense há seis meses.

Sem sucesso para obter atendimento, a decisão tomada por Bruna é realizar o acompanhamento da gravidez em Campinas (SP). “Minha mãe mora lá e quando sinto qualquer tipo de dor corro para lá, já que os médicos daqui nem olham na sua cara e o descaso com a mulher em Artur Nogueira é um absurdo”, conclui.

Prefeitura

A Prefeitura de Artur Nogueira foi informada a cerca das reclamações dos munícipes. Além disso, foi indagada sobre a quantidade de pediatras e ginecologistas que atendem na cidade. Por fim, o Poder Executivo Municipal foi questionado sobre a causa da demora dos agendamentos e, também, se há um projeto para solucionar essa demanda.

Até o fechamento desta matéria, a Prefeitura não se manifestou, mas alegou que está levantando dados sobre o assunto em questão e que, em breve, deve sanar as demandas dos moradores.

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