10/02/2015

Mais um cão da RPAA é alvo de tiro em Artur Nogueira

Presidente da ONG acredita em represália e pagará R$ 1 mil para quem denunciar culpado.

Por Isadora Stentzler

Mais um cão da Rede de Proteção Animal e Ambiental (RPAA) foi alvo de tiros em Artur Nogueira. O primeiro caso aconteceu no dia 31 de janeiro quando um dos cachorros foi encontrado morto pelo presidente da ONG, Carlos Caressato. Agora, no último dia 7, uma cadela estava ferida com o que parece ter siso provocado por um tiro de bala de pressão. Para presidente da ONG a ação é uma represália ao trabalho desenvolvido pela entidade.

O caso aconteceu na rua Antônio de Sá, onde Caressato possui um terreno em que ficam quatro cães resgatados. Os animais estão soltos no local que, apesar de ser cercado por muros, possui uma pequena cerca de grades. Caressato acredita que o atirador tenha se posicionado ali, já que os animais frequentemente vão até a cerca para olhar à rua.

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“Foi anteontem [sábado] que eu percebi que a Honey [cadela] estava machucada. Mas acredito que isso tenha sido feito antes. E foi um tiro de arma de pressão porque não teve barulho”, conta.

No mesmo dia Caressato havia pichado o muro da frente do terreno com os dizeres ‘Aqui mataram meu cão com um tiro certeiro sem perdão’, em manifestação pelo crime de final de janeiro. “É uma forma de eu chamar a atenção das pessoas e mostrar que Artur Nogueira não está imune a esse tipo de gente. E depois, não é o primeiro que morre com tiro. Já outros morreram”, cita dizendo que é isso que o faz acreditar em represália.

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Segundo ele muitas pessoas que recebem orientações da RPAA se sentem incomodadas, uma vez que os conselhos dizem respeito ao modo que se deve tratar os animais. “Eles dizem que estamos querendo intervir na liberdade deles. Então como uma forma de intimidar eles vêm e fazem isso”, acusa.

Recompensa

Caressato está disposto a pagar R$ 1 mil para quem tiver pistas do culpado dos tiros. Ele diz não saber o que fará quando descobrir o culpado, mas não quer deixar o crime impune. “Para esse tipo de pessoa o animal não é um ser vivo. É um objeto que ele tem lá. Então você vê vários depoimentos de pessoas que dizem: ‘Ele ta aqui para cuidar da casa’. Por isso estamos com esse problema em Artur Nogueira, porque as pessoas estão vendo, mirando os animais como objeto. Mas a partir do momento que você tira o animal [da rua] e traz pra dentro de casa ele se torna um membro da família. Eles tem um sentimento tão profundo quanto os humanos. E eles sentem, cara”, e chora emocionado.

Bob, morto no dia 31 de janeiro, estava com Caressato há cinco meses. Ele o encontrou na ponte de tábua quando recebeu uma ligação falando de um cão abandonado no local. Ao chegar ele encontrou Bob abatido, com andar pacato. E trouxe para casa. Desde então Caressato cuidou dele. No dia em que o encontrou morto, o presidente da ONG vinha buscá-lo pois trazia boas notícias: havia encontrado um novo lar para o cão. Porém, Bob não chegou a conhecê-lo.

Caressato umedece os olhos ao mostrar o local em que o animal estava, duro, quando o achou morto.

A tristeza permanece ao falar de Honey. A menina vive há 15 anos com o protetor. Foi achada em Holambra e resgatada. “Para mim não foi um cachorro morto e outro ferido, foi um membro da minha família morto e outro ferido.”

IMG_2135Honey e Caressato. Foto: Isadora Stentzler


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