12/05/2019

Mãe de Artur Nogueira conta experiência adotiva de amor e aprendizado

Deolinda Marchiore Marco é mãe de cinco filhos, incluindo Daiane Fernanda, com quem teve a oportunidade de conviver após o ato da adoção

Da redação

Assim como o amor de mãe é descrito por Carlos Drummond de Andrade na obra Para Sempre: “mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga”. Em homenagem à data comemorada neste domingo (12), Dia das Mães, o Portal Nogueirense relata um pouco do universo materno de Deolinda Marchiore Marco, uma mulher de coração grande e generoso, que faz da vida e da maternidade um aprendizado constante.

Deolinda tem 74 anos, é nascida na pequena vila Lusitânia, hoje distrito de Jaboticabal (SP). Formada pelo magistério, Deolinda já foi professora estadual nas escolas Francisco Cardona e José Amaro Rodrigues, em Artur Nogueira. Desde 1990 ela está à frente da entidade Casa do Caminho, de Artur Nogueira. Pela instituição cerca de 150 pessoas são atendidas, entre elas, crianças e adolescentes com idades de 6 a 14 anos, além de moradores da comunidade, com a promoção de cursos e oficinas em diversos segmentos, como música, teatro, balé, informática, artesanato, corte e costura, entre outros.

Casada com Sidnei José Marco, de 75 anos, Deolinda tem cinco filhos, entre eles Fernando, Fabrício, Denise, Daniela e Daiane, hoje com idades entre 28 a 45 anos. Em 1994, já mãe de quatro filhos, a vida dela se encontrou com a filha mais nova, Daiane Fernanda Marco. Deolinda se lembra bem do dia em que o telefone dela tocou para mudar a rotina da família. “Era um domingo, depois de estudarmos a Bíblia em família, uma amiga nossa me ligou, perguntando se eu sabia de alguém que gostaria de receber uma menina. Eu comentei com meu marido e ele concordou, então eu pedi a opinião dos nossos outros filhos, e eles também aceitaram, ficamos todos muito felizes pela decisão”, lembra.

Na época, com apenas três anos, Daiane chegou à família após uma ação de adoção, que com a vontade de tornar o convívio ainda mais prazeroso e alegre, Deolinda e Sidnei tiveram a dádiva de receber a presença de mais uma criança, deixando o lar radiante. “Nós é que fomos aceitos por ela, nunca a tinha visto, não sabia como ela era e nem como ela reagiria, mas é como se ela sempre tivesse sido minha, algo já planejado para nós sabe. Eu agradeço a Deus por ter a encontrado e ter ela como filha”, afirma.

No decorrer da criação dos filhos, aniversários e natais sempre foram com a casa cheia, todos tinham presentes, todos tinham beijos e abraços. Com o passar do tempo, também houveram broncas, brigas e birras, mas todos sempre recebendo o mesmo carinho, o mesmo alento, o mesmo teto, o mesmo cobertor. “Quando a Daiane chegou na minha vida, foi de repente, nunca tinha pensado na adoção de uma criança, pois eu já tinha quatro filhos, mas ela chegou porque era para ser mesmo. Foi tudo tão natural, tão tranquilo. Para mim, como mãe, nunca houve diferença, nunca houve comparações, são todos iguais. Ainda caberia espaço em meu coração para mais”, observa.

A experiência materna de Deolinda reflete o desejo de muitas pessoas, sejam elas mulheres que queiram realizar o sonho de ser mãe ou famílias que tenham a vontade de fazer o círculo fraternal crescer. Mas, de acordo com Deolinda, uma trajetória materna e paterna, seja ela biológica ou por adoção, exige acima de tudo o amor, muita responsabilidade e abnegação, que excede toda expectativa já criada. Os erros e acertos de uma família existem de ambos os lados, vindos dos pais e dos filhos. “Filhos não possuem manuais e para ser mãe não há uma receita, mas também não é uma coisa do outro mundo, é algo natural. Não existe filho perfeito, cada um é de um jeito, age e pensa diferente. Muita gente se fantasia muito em relação aos filhos, pensa que a criança vai ser perfeita e vai fazer dela o que sonhar, mas na verdade não é assim, todos nós temos defeitos que durante a nossa vida vamos aperfeiçoando. Não devemos querer que eles sejam o que queremos, temos que os instruir e nos dedicar, o restante é com eles que farão as próprias escolhas”, descreve Deolinda.

Já em relação ao ato de adoção, essa mãe de quinta viagem nada difere do fator biológico, pois o que prevalece em qualquer relacionamento, no entender dela, é o amor. Os passos de ver um filho crescer e se desenvolver, passar pela fase da infância e adolescência, oferecer conselhos e amizade, apoiar momentos de crise e frustrações, tudo isto oferece o amadurecimento para pais e filhos. Com Deolinda não foi diferente, ela e o esposo sempre souberam estar presentes para todos os filhos, adquiriram a experiência que precisaram para seguir uma vida em família, com tudo o que uma vida feliz necessita: a casa cheia, com os filhos reunidos à mesa para o almoço em uma tarde de domingo.

Daiane, filha que Deolinda acolheu e que sempre amou, a mais nova da linhagem da família, relata que a dedicação e afeto da mãe nunca a fez nem mesmo pensar em qualquer diferenciação que pudesse haver entre o fator biológico e adotivo, porque na verdade, onde há o amor, não cabem as diferenças. “Minha mãe á tudo para mim, sempre forte, guerreira e batalhadora. Uma mulher incrível, que me ensinou o que é o amor e a sempre ser uma pessoa melhor. Tudo o que eu tenho para lhe oferecer são palavras de agradecimento. Não nasci do ventre dela, mas ela me acolheu, como uma filha de verdade deve ser acolhida. Lutou com todas as forças para que eu tivesse tudo o que precisava, na verdade, eu nunca senti em nenhum momento sendo diferente, e isso é mérito amor oferecido por ela”, expressa Daiane.

Já para Deolinda, o convívio e a experiência de conviver com Daiane e os outros quatro filhos superou expectativas e proporcionou uma vida de aprendizado imensurável. “Ser mãe foi, e é, uma experiência que me traz muito aprendizado como ser humano. Me acrescentou muito e aprendi muito com a Daiane e com todos os meus filhos. Acredito que a relação de pais e filhos é uma troca. É preciso ter muito amor, ter persistência, não desistir. Não é como um casamento, que se não der certo, em último caso, você supera e segue em frente, é para a vida toda”, descreve.

Após 25 anos, Daiane já alcançou a independência. Já estruturada, e também vivenciando a experiência da maternidade, ela vivencia a oportunidade de também experimentar e assistir o crescimento dos três filhos, dia após dia. Os ensinos da mãe irão sempre acompanhá-la, lhe fazendo recordar das brincadeiras de criança, das vezes que era levada à escola e dos passeios em família. Os demais irmãos dela, também filhos de Deolinda e Sidnei, da mesma forma devem carregar lembranças afetivas dos pais. E se precisasse fazer tudo de novo, essa mãe assim o faria sem ter que pensar duas vezes. “Meus filhos hoje são independentes, e isso me faz pensar que fiz o melhor, apesar de que sempre vou achar que posso fazer mais por eles. Minha casa estará sempre aberta para eles e para meus netos, tenho sete ao todo”, relata Deolinda com um sorriso afetuoso.

Deolinda e o esposo Sidnei reunidos com filhos, netos, genros e noras

Depois de ter criado os cinco filhos e de ter encarado isso como uma missão de vida que sempre tem continuidade, Deolinda superou outro desafio maior ainda em sua vida, a luta que venceu contra um câncer. E assim, com tristezas e alegrias, erros e aprendizados, perdas e conquistas, a vida desssa grande mulher nos ensina neste dia que o ato da maternidade precisa ser mais que valorizado, deve ser considerado como sagrado para nós, que somos todos filhos também de uma mãe.

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