30/06/2022

Homem que comparou motoboy a chimpanzé em Artur Nogueira é indiciado pela Polícia Civil

Caso agora está sendo analisado pelo Ministério Público

Da redação

O homem acusado de injúria racial contra o motoboy que trabalha fazendo entrega para um restaurante em Artur Nogueira foi indiciado pelo crime pela Polícia Civil. A informação foi confirmada pelo delegado do caso, Lúcio Petrocelli que encaminhou o inquérito para análise do Ministério Público.

Em entrevista ao Portal Nogueirense, o chefe da delegacia de Artur Nogueira disse que o homem prestou depoimento e se disse arrependido. “Ele disse que foi uma infelicidade e que não teve a intenção de ofender o motoboy, mas que ficou surpreso com a repercussão”, comentou o delegado.

Ainda segundo Dr. Lúcio, o homem alegou que estava passando por problemas particulares. “Ele contou em depoimento que já tinha tido problemas com a entrega desse restaurante e usou o áudio para desabafar. Ele confirmou que mandou o áudio para o número do restaurante, mas que não sabia que o funcionário ficaria sabendo dele”, relatou o delegado.

Durante o inquérito, foram ouvidos o motoboy, o autor das ofensas e anexados os áudios. Tudo foi encaminhado para o Ministério Público.

Ele foi indiciado por injúria racial e agora cabe ao MP decidir se oferece denúncia ou não”, concluiu o delegado.

Homem divulga carta e se diz “profundamente envergonhado e arrependido”

Em uma nota oficial enviada ao Portal Nogueirense com exclusividade, J.C, acusado de ofender com palavras racistas o motoboy, 29 se disse “profundamente envergonhado e arrependido” pelo ato.   Ele disse ainda estar ciente de que vai responder criminalmente pelo que foi classificado como “reprovável”.

Confira a nota na íntegra:

“Artur Nogueira, 14 de junho de 2022.

Nota ao Portal Nogueirense.

Eu, J.C procuro esse veículo de comunicação e estou muito arrependido de tudo o que aconteceu.  Eu sou cliente e no dia 08/06/2022 pedi marmitex no restaurante em que J. W.P. trabalha como motoboy e depois enviei um áudio desrespeitoso e inadmissível para o estabelecimento.

Tais comentários e adjetivações são absolutamente injustificáveis e estou profundamente envergonhado e arrependido, não consigo sequer explicar o porquê agi desta maneira tão irresponsável, pois nunca fui preconceituoso com ninguém, tampouco tive problemas com à polícia ou justiça.

Tenho ciência que, independentemente desta nota, vou responder por esse ato reprovável que pratiquei, mas precisava me manifestar para reconhecer o meu erro publicamente e pedir desculpas, pois é o certo e o que posso fazer neste momento.

Por fim, pedi ao veículo de comunicação o anonimato porque, em virtude deste erro lamentável que cometi, estou com medo e lidando com diversas questões de saúde que se desencadearam depois deste infeliz acontecimento, o qual, gostaria de ressaltar e repetir, estou muito arrependido e peço desculpas”.

Relembre o caso

Um motoboy, de 24 anos, foi vítima de ofensas racistas do cliente de um restaurante de Artur Nogueira, no último dia 8. O caso está sendo investigado e cliente pode  ser indiciado por injúria racial.

Segundo o Boletim de Ocorrência, o cliente pede, costumeiramente, marmita toda quarta-feira em um restaurante do Jardim Planalto. Desta vez, após fazer o pedido, o homem proferiu ofensas contra o motoboy que faz a entrega da mercadoria.
No áudio, enviado pelo próprio autor no celular da empresa, o homem diz odiar o motoboy  e, entre as ofensas, o chama de “preto”, “chimpanzé” e diz que o funcionário tem raiva dele por ele ser branco e ‘alemão’.
Em todos os momentos ele faz referência ao entregador, porém não cita o homem. A injúria foi registrada na Delegacia de Polícia Civil de Artur Nogueira e o caso deve ser investigado.

O que dizem os áudios

Em um dos áudios, enviados para o celular do restaurante, com ofensas de cunho racista. “Cara, eu vou fazer um comentário racista porque eu odeio este cara. Tinha que ser preto mesmo… filho da p*Eu peço marmita, quando eu peço geralmente de quarta, porque tem torresmo e feijoadinha né? Feijoada ‘me engana que eu gosto’, no restaurante São Luiz. Quando veio um entregador preto, com cara de bandido, com um nariz parecendo um chimpanzé, aquele lazarento não fala bom dia. E ele pega digita o código lá, o valor, e quer pegar o meu cartão pra passar por aproximação, preciso olhar o que ele digitou, este animal. E assim, aconteceu todas as vezes que ele veio aqui, todas. E eu acredito que ele me odeia, por eu ser branco, alemão e velho, (risos). Acho que ele me odeia. Mas o ódio é de ambas as partes, porque eu odeio este chimpanzé”, finaliza o áudio atribuído ao cliente.

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