01/02/2020

Há 100 anos, iniciava a construção de um dos principais prédios de Artur Nogueira

No dia 1º de fevereiro de 1920, começava a construção do prédio que sediaria a “Escolas Reunidas de Arthur Nogueira”, que anos mais tarde se transformaria na Escola Francisco Cardona e depois ainda abrigaria a Biblioteca Municipal; hoje o prédio está abandonado

Geso Franco de Oliveira

Conheça um pouco da sua história

Em 1912, o único Prédio Escolar que atendia as crianças da “Estação Arthur Nogueira”, era situado onde hoje é a prefeitura, construído por Fernando Arens Júnior, ficava próximo à Capela de São Sebastião ainda em construção e da Estação Ferroviária. 36 filhos de moradores da vila e de sítios vizinhos assistiam as aulas da professora Ana Ramos da Cunha.

Historicamente essa construção teve muita importância para a alfabetização e também para a criação do Distrito de Paz de Arthur Nogueira, que aconteceria em 1916.

Em 10 junho de 1918 a escola recebeu de surpresa a visita do Professor Júlio Pestana, inspetor de ensino responsável pela escola do distrito. Pestana elogiou o zelo dos funcionários e o método de ensino e em seu diário de visita descreveu a vila como organizada e propulsora.

O então jornalista Francisco Cardona, proprietário do Jornal “A Comarca” de Mogi Mirim, propulsionou a iniciativa para a construção de uma escola mais ampla no distrito de Paz de Arthur Nogueira.

No ano de 1920 Henrique Steckelberg doou ao governo estadual um terreno na área central do distrito. A construção e o projeto do novo Prédio Escolar seguiram o padrão criado pela Secretária de Educação Paulista no Governo de Altino de Arantes. A obra iniciou-se em 1º de fevereiro e terminou em 20 de setembro de 1920. Para sua inauguração, o prédio seguia as especificações legais impostas pelo Código Sanitário: térreo, ventilado, com grandes janelas nas salas de aula e com muita luminosidade.

O prédio em questão não tem registros dos projetistas responsáveis, mas o mesmo projeto foi reutilizado em várias construções em diferentes municípios, como: Cosmópolis, Morungaba, Mogi Mirim e Mogi Guaçu, mudando muitas vezes apenas a fachada das construções, mas utilizavam o mesmo padrão de arquitetura.

No dia 1º de outubro de 1920 a escola foi inaugurada, denominada Escolas Reunidas de Arthur Nogueira; estiveram presentes na inauguração o Subprefeito Francisco Pinto Adorno, o prefeito de Mogi Mirim, Francisco Ferreira Alves entre outros convidados o diretor Avelino de Assis Carvalho.

Em 1932, a escola mudou de nome para “Grupo Escolar de Arthur Nogueira” e, através do decreto nº 16.805, de 28 de janeiro de 1947, teve nova alteração do nome para Grupo Escolar Francisco Cardona, em homenagem ao jornalista que o idealizou, falecido em 27 de janeiro de 1946.

Francisco Cardona

De 1920 a 1963 foi a única escola responsável pela escolaridade das crianças nogueirenses, durante 55 anos atendeu alunos de 1ª a 4ª series. Por suas carteiras escolares, passaram quase todos os nogueirenses que aqui residiam até 1975. Entre os que estudaram lá estão os ex-prefeitos: Severino Tagliari, Jacob Stein, Atílio Arrivabene Junior, Rubens da Silva Barros, Claudio Alves de Menezes, Ederaldo Rossetti, Nelson Stein, Luiz de Faveri, Marcelo Capelini e Celso Capato.

Com o objetivo de atender maior números de alunos, em 1976, a escola foi reorganizada e o Governo Estadual construiu um novo prédio no Jardim Ouro Branco, mais amplo, moderno e capaz de atender às novas exigências do ensino municipal. Devido à mudança, o prédio antigo permaneceu fechado, lembrando que o mesmo pertencia ao Estado que por solicitação da prefeitura concedeu o “direito de uso”.

Durante os anos finais do Governo de Atílio Arrivabene Junior (1973/1977) recebeu curso MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização e alguns departamentos da municipalidade, como: Carteira de trabalho, Junta Militar, etc. Em 1985, recebeu em suas dependências a Biblioteca Municipal que anteriormente ocupava uma sala na prefeitura. Tempos depois, juntamente com a Biblioteca, também serviu de posto da Guarda Municipal, abrigou a Casa do Artesão, Juizado de pequenas causas, em umas das salas atendia alunos da APAE, A.A.A (Associação dos Alcoólatras Anônimos), foi depósito da merenda escolar, sede da terceira idade, Funerária Municipal, o antigo pátio foi alugado e usado como cinema e também abrigou o museu da cidade.

Na década de 80, durante o Governo de Cláudio Alves de Menezes (1983/1988) os muros foram removidos e uma praça foi construída e inaugurada em 9 de abril de 1988, recebendo o nome de Professor José Elias Mateis, um dos mais antigos professores da escola.

O prefeito Cláudio Alves de Menezes em audiência com o então Governador do Estado André Franco Montoro oficializou o pedido de doação do prédio em questão para o município, que com o passar do tempo fez a doação, porém a documentação só foi consumada no Governo de Orestes Quércia (1987/1991).

Nesta época, o Grupo de Teatro “GENTE” solicitou ao Prefeito Cláudio Alves que o antigo prédio escolar se transformasse em Casa de Cultura e o pátio fosse adaptado para um teatro. As obras se iniciaram, construíram o palco, adaptaram espaço para a plateia, porém com o termino do mandato as obras foram interrompidas.

Através da Lei nº 1.812, de 24 de abril de 1990, de autoria do Vereador Marcio Antônio Anselmo, foi denominado “Centro Cultural do Município”

Artigo 1º – Fica tombado o antigo edifício do Grupo Escolar Francisco Cardona, situado à Avenida Dr. Fernando Arens, 305, nesta cidade, e preservada a área em seu entorno.

Até 1994 o prédio em si manteve-se sem alterações significativas, apenas o pátio coberto, este foi vedado por paredes e constituído como teatro.

O Teatro “Renê Marcos Posi”, inaugurado em 1994, durante o segundo mandato do Prefeito Cláudio Alves de Menezes, com capacidade para duzentas e dez pessoas, veio ao encontro das necessidades da cultura nogueirense.

As mudanças em seu entorno, como reconstrução das floreiras de alvenaria, trocas de piso e pinturas, foram autorizadas através de projeto 01/99, lei nº 2.529 de 4 de março de 1999, de autoria do vice-prefeito na época Luiz de Faveri; a Câmara Municipal aprovou e o prefeito Nelson Stein sancionou.

Em 2011 por motivos de má conservação o teatro foi desmontado, a biblioteca e outros departamentos foram transferidos para outros locais e até hoje o prédio permanece fechado à espera de restauro e requalificação.

Segundo Informações da Prefeitura, estão aguardando verbas para o restauro, pois a prefeitura tornou-o patrimônio. Outra parte que era uma cozinha no canto do terreno, próxima ao pátio coberto atualmente é usada como depósito do bloco de carnaval “A Vaca”.

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