04/03/2018

Família busca ajuda para custear despesas com idosa acamada

Expedita Marques, de 85 anos, foi levada para casa de repouso após ser agredida pelo filho com quem morava

Da redação

Nascida e criada na roça, dona Expedita Rosa Marques nunca teve uma vida fácil. Enfrentou grandes dificuldades para criar os seis filhos, especialmente após a precoce morte de seu marido. Com saúde frágil, lutou contra a hipertensão, a diabetes e as durezas da vida no campo. O que ela não esperava é que, após todos esses anos, terminaria numa cama, longe dos filhos e abandonada por parte deles.

Expedita passa o dia deitada numa cama em uma casa de repouso de Campinas (SP). Incapaz de falar, sentar ou se movimentar sozinha, ela se alimenta por meio de sonda e toma uma bateria de remédios todos os dias. Usa fraldas e precisa ter seus curativos constantemente trocados pela equipe de profissionais que a assistem.

No entanto, hospedar-se no local não foi uma opção da senhora de 85 anos.

Aos 85 anos, dona Expedita não consegue se mover ou falar e é alimentada por meio de sonda

Após conseguir criar todos os filhos, dona Expedita mudou-se para o Bairro São João dos Pinheiros. Ela conseguiu uma casa no residencial por meio do Programa Minha Casa Minha Vida e morou nela por vários meses, juntamente com um dos filhos. O que era para ser um convívio harmonioso revelou-se uma sequência de abusos e brutalidades que viraram caso de polícia.

O filho com quem dividia casa costumava maltrata-la, conta Ana Lúcia Marques – também filha de Expedita. O homem de 40 anos insultava e forçava a idosa a trabalhar para ele, mesmo que a saúde dela estivesse debilitada. Na época, Expedita já enfrentava as sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e estava presa à cadeira de rodas.

“Ele queria só o dinheiro de uma pensão que minha mãe recebe. Ele colocava a mão nesse dinheiro e ia encher a cara”, conta Ana Lúcia. “Quando ela teve o segundo AVC, em que ela ficou de cama, sem poder andar ou falar e teve que usar fralda, daí ele ficou ainda mais agressivo com ela”, continua a filha, que na época pagava uma enfermeira para cuidar da mãe durante o dia

Um dia, a idosa foi parar no hospital. Os médicos, ao notarem hematomas no rosto dela, acionaram a polícia. Foi constatado que o filho havia agredido fisicamente a própria mãe. “Foi primeira agressão de verdade dele. Ele deu um soco nela, provavelmente para fazê-la dormir”, relata Ana.

Medidas protetivas emitidas para dona Expedita e Ana Lúcia

O caso, que foi noticiado pelo Portal Nogueirense e teve grande repercussão na cidade, chegou até o Fórum de Artur Nogueira. Duas medidas protetivas foram emitidas pelo órgão, impedindo que o filho agressor se aproximasse de Expedita e de Ana. Foi a partir desse momento que decidiu-se que seria necessário enviar a idosa para um local adequado para pessoas na situação dela.

Ana procurou por algum asilo ou clínica em Artur Nogueira, mas não encontrou. Segundo ela, a Aidan não tinha mais vagas. Por isso, encontrou uma casa de repouso em Campinas (SP), especializada em cuidar de pessoas com idade avançada e preparada para fornecer à dona Expedita todos os cuidados necessários. Mas novas complicações surgiram.

Até então, segundo Ana, Expedita recebia uma ajuda da Prefeitura de Artur Nogueira para custear as despesas com alimentação suplementar, fraldas, seringas, curativos e alguns medicamentos. Após a transferência dela para Campinas (SP), a ajuda cessou. Agora, todo o custo com esses materiais recaiu sobre a filha que cuida dela.

“A gente argumentou que ela foi para fora porque aqui não tem como deixar ela. E a gente não podia deixar a dona Expedita em casa, não temos como cuidar e não encontramos ninguém capacitado para isso”, afirma Ana. Mesmo assim, a prefeitura manteve a posição.

Apesar de a casa de repouso fornecer a hospedagem e os cuidados necessários, sobre a família cai a responsabilidade de conseguir a alimentação especial, fraldas, alguns materiais e medicamentos não oferecidos pelo SUS. Isso sem contar o pagamento da mensalidade pela hospedagem e pelos serviços oferecidos. Ao todo, o custo gira em torno de R$ 3 mil mensais.

O custo mensal de Ana Lúcia gira em torno dos R$ 3 mil. “Eu não tenho condição de ajudar mais”.

De acordo com Ana, a alimentação de dona Expedita foi alterada recentemente. A idosa perdeu muito peso nos últimos meses e precisa recuperar massa muscular. No entanto, cada lata do produto usado para alimenta-la por meio da sonda custa cerca de R$ 180. Segundo Ana, seriam necessárias duas latas por mês para suprir a demanda necessária.

“Ela está só pele e osso. A alimentação que eu levei da última vez está acabando, e eu não tenho como comprar mais para ela no momento. Como vou fazer?”, se pergunta Ana. “Quando eu vi a situação da minha mãe, eu saí de lá chorando. E como eu vou fazer? Eu não tenho condição de ajudar mais”.

Ela afirma que apenas um dos cinco irmãos a ajuda com o pagamento da mensalidade da casa de repouso. “Mas só eu que a visito, ninguém mais”, lamenta a filha.

Prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Artur Nogueira informou que, quanto residia na cidade, dona Expedita recebeu suporte nutricional e fornecimento de fraldas. “A mesma, hoje, está inserida no quadro de uma instituição de longa permanência para idosos, situada em Campinas”, afirma o texto.

Segundo o Poder Executivo, a internação de Expedita na casa de repouso foi um opção da família e fez com que 70% do benefício concedido à paciente pelo governo seja revertido para a instituição, sendo utilizado nas necessidades dela. “Estando fora do município, esgota-se a competência da secretaria municipal de saúde”, informa a nota.

 

Dos seis filhos, apenas Ana Lúcia ainda visita dona Expedita

Como ajudar

Pessoas interessadas em conhecer mais a situação de dona Expedita e ajudar de alguma maneira podem entrar em contato com Ana Lúcia pelo telefone (19) 99176-8643.

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