24/09/2017

Ex-morador de Artur Nogueira conta como abriu uma das maiores agências de modelos do Brasil

Guilherme Schneider, diretor da Fórum Model Management, fala sobre anos que viveu em Artur Nogueira e dá dicas para quem deseja ter sucesso no mundo da moda ou das artes

Alysson Huf

Você já viu os modelos dele. Foi num comercial de Omo, na propaganda da Volkswagen ou até em algum anúncio do governo federal. Seja como for (há dezenas de comerciais que poderiam ser citados), é improvável que você ainda não tenha visto algum modelo ou artista agenciado pela Fórum Model Management, uma das maiores agências de modelo do Brasil.

Sediada em Curitiba (PR), ela é dirigida por Guilherme Schneider, um jovem empreendedor que saiu de Artur Nogueira para deixar sua marca no mundo da moda. Depois de passar pelas passarelas, ele começou a atuar dentro das agências na seleção de modelos. Com planos maiores, decidiu, junto com alguns parceiros, abrir sua própria empresa. Hoje já tem duas, e mais de 70 colaboradores.

Schneider conversou com a equipe do Portal Nogueirense e falou sobre a história da Fórum, seus anos em Artur Nogueira e a rápida ascensão que teve no mercado em que atua. Além disso, ele deu dicas para quem deseja ter sucesso na carreira artística ou na moda.

Confira abaixo a entrevista:

Por que você veio para Artur Nogueira e quanto tempo morou por aqui? Eu fui para Artur Nogueira quando eu tinha uns 12 anos. Eu morava em São Paulo (SP) e estava acho que na 7ª série. Fui fazer a 8ª em Artur. Eu me mudei porque meu pai já tinha se mudado de São Paulo (SP) fazia uns dois anos. Ele saiu da firma em que trabalhava e foi tentar a vida num sítio que ainda temos aí. E eu acabei indo um pouco depois para a cidade. Eu tinha entre 12 e 14 anos na época. Daí eu iniciei meus estudos e continuei na cidade até meus 21 anos. Quando eu tinha 18 anos, comecei a trabalhar na Microlins, dando aulas de informática. Eu fiz um curso de web design na Microlins quando tinha 16 anos. Após terminar o curso, me chamaram para trabalhar lá. Trabalhei com eles até os 21 anos, quando eu fazia faculdade no Unasp. Eu fiz o primeiro semestre de Direito e, na mesma época, me chamaram para trabalhar numa agência de modelos de Campinas (SP). E estavam surgindo alguns trabalhos em São Paulo (SP), algumas figurações em novelas, e foi quando eu acabei largando tudo para me dedicar a isso.

Você já pensava em ser modelo? Então, foi um negócio bem rápido. Eu pensei num dia, no outro fui lá para a agência, daí eles acabaram me chamando e logo eu estava trabalhando, fazendo alguns eventos. O start veio sem querer, e tudo começou a acontecer rapidamente. Depois de cerca de um ano, me chamaram para trabalhar dento de uma agência, no backstage. Com isso, fui trabalhar no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. Trabalhei pouco tempo lá, depois fui para o Rio de Janeiro, onde trabalhei por três anos. Eu trabalhava lá com uma equipe pequena, no máximo sete colaboradores, e viajei o Rio de Janeiro inteiro. Daí acabou que eu vim para uma agência aqui em Curitiba (PR) no começo de 2014 e trouxe junto mais três colaboradores da minha outra equipe. E foi aí que a gente se reuniu e teve a ideia de montar a Fórum.


“O start veio sem querer, e tudo começou a acontecer rapidamente”


Como essa ideia surgiu? A gente percebeu que não íamos conseguir alcançar o que pretendíamos na antiga agência. Então conversamos e vimos que precisávamos sair de lá para buscar o que a gente sempre sonhou. Aí deixamos o antigo emprego em outubro e montamos a Fórum no começo de novembro, isso em 2014. A gente começou com cerca de 10 ou 12 colaboradores, e foi uma coisa muito louca. Tivemos uma aceitação incrível e, de fato, nosso trabalho era muito melhor do que a gente imaginava. Logo a gente tinha 22 funcionários trabalhando, todo mundo conhecia a agência, que cresceu, cresceu, cresceu. Daí começamos a ter modelos internacionais, teve um que abriu o desfile da Gucci em Milão. Foi uma ascensão muito rápida, começamos a fazer campanhas nacionais, comerciais, logo de cara. E assim o negócio foi seguindo. Um ano depois, abrimos a escola, a Fórum School, que é uma empresa do mesmo grupo, mas que trabalha com aulas de teatro, balé, salão, oratória, enfim, cursos ligados à área artística e de desenvolvimento pessoal.

A School é voltada para a preparação de modelos? Não, é um paralelo. Ela é para qualquer um que deseje ter algum desenvolvimento pessoal. É para a dona de casa que quer fazer uma coisa diferente, como uma aula de teatro ou dança de salão, para a mãe que matricular o filho tímido a fim de que ele se solte, é para o adolescente que quer interagir melhor, para o empresário que melhorar a oratória e a desenvoltura em público. Então ela tem um espectro mais amplo. E nisso a gente conseguiu agregar grandes nomes, como a Ana Botafogo, a bailarina mais importante do Brasil há muitos anos e que foi dar aula para nossos modelos. Daí também trouxemos aulas com o Paulo Zulu, o consultor de moda internacional Reginaldo Fonseca, a Mônica Salgado, uma das principais editoras de moda do país. E fomos aquecendo um pouco a cidade com isso, com eventos, com o trabalho da agência, que cresceu. Hoje temos 57 colaboradores só na agência, mais uns 15 na escola. Então o grupo cresceu, foi tomando forma, e hoje estamos em quase todas as campanhas nacionais de televisão, como as da Lilica e da Tigor Tigre, Petrobrás, Boticário, Itaú, Electrolux, entre outros.

Quais são, para você, os principais desafios de ser um empreendedor no mercado da moda? Acho que o maior desafio é que as pessoas entendam o que é uma empresa de agenciamento. Isso engloba o agenciamento de modelos, artistas e qualquer prestador de serviços nessa área. A gente busca oportunidades para as pessoas agenciadas. Cada um tem o seu perfil, cada umestá dentro de suas próprias possibilidades. Tem os modelos de passarela, tem o modelo comercial – que aparece na televisão e revistas, por exemplo. E é um trabalho que não se baseia na garantia. Aquele estereótipo de ‘ah, minha filha é alta e magra, ela pode ser modelo?’. Existe um perfil e um desenvolvimento que é feito em cima disso para que a pessoa consiga se apresentar em trabalhos. Esse é o desafio. É um mercado que é muito novo para a maior parte das pessoas. Hoje a publicidade está muito aberta a pessoas mais velhas, muitas crianças e pessoas que não estão dentro daquele estereótipo, daqueles modelos dos anos 1990, magrela, alta, loira e de olho azul. Então a Fórum prepara as pessoas por meio de cursos para que elas saibam atuar, que elas consigam do seu cotidiano profissional e atuem em comerciais e campanhas publicitárias.


“Hoje estamos em quase todas as campanhas nacionais de televisão”


Ser modelos hoje no Brasil abre muitas possibilidades de trabalho dentro e fora do país? Olha, acho que, com relação à publicidade, as marcas estão buscando bastante a questão de dialogar com o público alvo delas. Então, cada vez mais, as pessoas consideradas comuns estão sendo requisitadas para trabalhos. Com relação ao cenário da moda mesmo, participamos de um processo de integração do público com a moda. Dá para citar o Ronaldo Fraga, que fez um desfile no último São Paulo Fashion Week totalmente diversificado. Teve tudo quanto é tipo de formas e tamanhos e estilos e etnias… e mesclou tudo para mostrar que a moda é para todo mundo. Agora, com relação ao internacional, aos modelos de passarela, acho que o Brasil tem a matéria-prima perfeita. As maiores modelos do mundo são brasileiras. Gisele Bündchen, por exemplo, Alessandra Ambrósio, Isabeli Fontana e por aí vai. Só que hoje a gente enfrenta o principal problema do Brasil. O comprometimento e a responsabilidade, todo cidadão tem que ter. Então passamos por um momento que os modelos brasileiros eram supervalorizados, mas era difícil lidar com eles porque se deixavam levar pelo deslumbre daquela vida. As pessoas demoram bastante para amadurecer em nosso país, é diferente da Europa e dos Estados Unidos. E os modelos geralmente viajam com 16, 17, 18 anos. Hoje a gente vive numa realidade em que as pessoas nessa idade acabam ainda nem tendo um emprego, dependendo muito dos pais. Então esse é o cenário que a gente tem. Eles são valorizados, mas não vão mais alto por causa disso.

E que dicas você daria para uma pessoa que busca ser modelo ou artistas de sucesso? Comprometimento. Não existe nenhuma carreira na vida, nenhuma profissão em que se alce voo sem comprometimento. É empreender o bem mais precioso que as pessoas têm, que são elas mesmas. Nesse mercado, é o desenvolvimento pessoal que vai te fazer ganhar dinheiro. Não é ser o mais bonito, ou a mais bonita, ou o mais alto, o mais magro, o mais forte que leva o modelo para a frente. É a dedicação. Esse negócio envolve ego, porque às vezes as pessoas elogiam não o seu trabalho, mas a beleza. E, como eu costumo falar, ela pode ser gratificantemente longa ou extremamente curta. Vai depender do comprometimento. A pessoa não pode se deixar levar pelo vislumbre de aparecer numa revista e achar que é famosa. Ela precisa continuar a batalhar, batalhar, batalhar. É o que a própria Gisele Bündchen fala, que em qualquer coisa que ela se propõe a fazer, independentemente de o cachê ser grande ou pequeno, ela procura fazer com a mesma qualidade sempre. É isso que qualquer pessoa deve ter em mente, não importa a carreira.


“Nesse mercado, é o desenvolvimento pessoal que vai te fazer ganhar dinheiro”


E você ainda tem visitado Artur Nogueira? Sim. Acho que faz cerca de um ano e meio que eu passei por aí. E nessa visita eu trouxe alguns nogueirenses para a Fórum, o Adalberto Giroldi, que veio para ser meu diretor administrativo, e o Eduardo Silva para diretor financeiro da empresa. E eu tenho agenciado o Vinícius dos Anjos, aí de Artur também.

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