27/07/2023

Ex-membros da diretoria da Aidan se pronunciam sobre motivo de renúncia aos cargos

Carta aberta do 1° tesoureiro, Diogo Alves, expõe com detalhes situações que levaram ele e os demais integrantes da chapa a abdicarem de suas posições

Roberto Sbrana (vice-presidente) e Diogo Alves (1° tesoureiro)

Da redação

Nove membros da diretoria da Assistência aos Idosos Desamparados de Artur Nogueira (Aidan) renunciaram aos respectivos cargos, após pouco mais de seis meses de gestão. Apenas os responsáveis pelos cargos de presidente e 1° secretário continuaram compondo a chapa, inicialmente de 11 pessoas, vencedora da eleição realizada em 16 de novembro de 2022.

Dentre o grupo, renunciaram os membros da Diretoria Executiva: Roberto Sbrana (vice-presidente), Herbert (2° secretário), Diogo Alves (1° tesoureiro) e Maycon (2° tesoureiro). Do Conselho Fiscal, abdicaram de suas posições Aleilton (presidente), Genivaldo “Dyeno” (vice-presidente) e Leila (secretária). Os dois suplentes, Bruno e Fernanda, também optaram pela renúncia.]

Chapa vencedora das eleições realizadas em 16 de novembro

A insatisfação com o rumo que a gestão estava tomando foi um dos principais motivos que desencadearam a renúncia do grupo. Em uma breve entrevista com o Portal Nogueirense, o vice-presidente mencionou as divergências na administração da entidade, além do desacordo em relação ao fechamento de eventos.

Já o 1° tesoureiro, Diogo Alves, também se pronunciou através de uma carta aberta sobre os motivos que levaram ele e os demais membros a abdicarem de seus cargos. Em seu testemunho, ele presta contas dos trabalhos feitos pela equipe durante o semestre de atividades e expõe com mais detalhes situações que desgastaram a relação dos integrantes da chapa com a gestão da entidade.

Ele ainda afirma que o grupo aguarda as providências do poder público e do Ministério Público para saber se será realizada nova eleição.

Confira a carta na íntegra:

Eu, Diogo Alves, membro da diretoria executiva no cargo de 1° TESOUREIRO BIENIO 2023/2024, com imensa dor e tristeza venho por intermédio desta mensagem, comunicar a toda população nogueirense, voluntários e doadores espontâneos local e da região, que depois de um trabalho de muita luta e dedicação, RENUNCIEI meu cargo e deixei à disposição do presidente da entidade, pelo simples fato que sempre em reunião executiva e grupo do WhatsApp, onde todos os membros da diretoria e conselho fiscal faziam parte, sempre solicitei que seguíssemos o ESTATUTO E REGIMENTO INTERNO para continuarmos o nosso trabalho.

Quando assumimos a diretoria, fiz um levantamento financeiro de quase UM mês, todos os dias, para levantar todas as dívidas que tínhamos herdados, pois não sabíamos de quanto estávamos falando. Então, após ter feito este trabalho, nos deparamos com mais de R$ 550.000,00 entre contas e dividas. O FGTS estava em atraso, ultrapassando R$ 152.000,00, havia parcelamentos de impostos em atraso, boletos vencidos, e fornecedores ligando e fazendo cobranças. Assim foi o nosso mês de gestão financeira.

Primeiro passo: Corremos atras para fazermos o parcelamento do FGTS em atraso e então, fizemos mais dois novos parcelamentos.

Segundo passo: Corremos atrás de verbas para pagar todas as dívidas mensais e colocar os parcelamentos de impostos em dia, e assim foi feito.

Graças a Deus, neste SEMESTRE, como responsável financeiro, conseguimos honrar o salário dos funcionários, colocamos as contas MENSAIS em dia, os impostos e ainda estávamos conseguindo fazer a amortização da dívida herdada. Até o dia de hoje, já pagamos cerca de R$ 170.000,00, contando com a 1° parcela do décimo terceiro de 2022. Nunca deixei as 7 contas bancárias e o caixa físico (espécie) NEGATIVOS.

Nesse período, tivemos muitos momentos de gloria, mas também tivemos muitas noites sem dormir. Tivemos erros e acertos, pois ninguém é perfeito.

Deixo aqui também o meu pedido de desculpas, caso alguém não tenha ficado feliz. Saio hoje com mais 8 membros da diretoria, conselho fiscal e suplentes. Apesar do que motivou nossa saída, saio hoje FELIZ, pois conheci todos os senhores(as) da chapa Aidan Reviver e por ter feito mudanças para MELHOR na qualidade de vida dos nossos idosos desamparados. Durante nosso semestre, conseguimos dar início aos nossos projetos com os empresários e comerciantes, e já arrumamos cerca de 60% dos quartos por completo, proporcionando mais dignidade aos nossos idosos.

Em parceria, conseguimos arrumar diversos ambientes por toda a entidade, incluindo a Sala de TV, Refeitório, Cozinha dos idosos e banheiros dos quartos. Recebemos doações de pisos e azulejos, montamos uma Academia ao ar livre com equipamentos adequados para os idosos, adquirimos uma impressora nova para enfermagem e equipamentos de aferir pressão. Também realizamos a pintura externa de toda a residência e obtivemos televisores, equipamentos de fisioterapia e roupões para os idosos. Além disso, conseguimos um computador para o escritório e firmamos uma parceria com uma empresa de internet local.

Outras melhorias incluem a aquisição de um fogão industrial novo, a manutenção em um automóvel da entidade, a iluminação no estacionamento e o tratamento do asfalto em parte do estacionamento. Desentupimos os banheiros e pias, limpamos todas as fossas sépticas que estavam transbordando e mantivemos nosso estoque de alimentos sempre cheio, permitindo exceder o que usávamos para nossos idosos. Também conseguimos colocar uma sala de dentista para nossos idosos, além de estabelecer parcerias com dentistas, podólogo, barbeiro, cabeleireira, fisioterapeutas e voluntários para ajudar na entidade e em eventos. Acredito que todos nós que renunciamos demos nosso máximo para ver mudanças na entidade.

Mas não concordamos com muitas coisas e sabemos que a entidade não é uma extensão de nossas casas. Também não podemos tratá-la como uma empresa privada, onde apenas uma pessoa manda e desmanda, fazendo o que quiser e desrespeitando as normas do Estatuto e Regimento Interno. Um dos casos que mais me desagradou dentro da entidade, como responsável financeiro, foi descobrir que a única renda que temos é proveniente do aluguel dos salões de festa, e acabam sendo emprestados, permutados ou feitas parcerias que não são vantajosas para os cofres da entidade.

No acordo com o “locatário”, a entidade DOA (abre mão do aluguel do espaço, energia, produtos de higiene e limpeza), e fica apenas com o bar e estacionamento. Temos que contratar um funcionário para trabalhar, e o acordo é feito por meio de banco de horas, que, por sinal, está com muitas horas para pagar. Além disso, chamamos voluntários que queiram nos ajudar. A falta de um contrato registrado no CARTÓRIO é um erro que acaba sendo desfavorável à entidade. Nunca fui a favor destas formas de parceria.

Como diretor financeiro, não estou diariamente dentro da entidade, mas temos funcionários de confiança do presidente nesta função (financeira) lá dentro, que ficam responsáveis por contas a pagar e a receber, e pelas chaves do cofre. Nunca tive acesso a dinheiro em espécie (chave do cofre) ou digital (APP do banco e senha do presidente). O dinheiro proveniente de eventos sempre ficou com o presidente e a funcionária do financeiro, que era responsável por fazer o depósito do mesmo.

Gostaria de deixar claro para toda a população, como foi falado no podcast da Cabocla, que a diretoria foi escolhida a dedo pelo presidente, e fui colocado como 1° tesoureiro por ele. Sempre me dei bem com números e, nesse caso de tratar de entidade do terceiro setor, gostaria de ter ficado como 1° secretário. No entanto, não foi o que aconteceu, tudo bem, pois sei como funciona a parte financeira no terceiro setor. Fiz diversos cursos de finanças, pois tenho uma empresa e aplico diariamente meus conhecimentos na minha fonte de renda.

Outro ponto que me deixou extremamente chateado foi a saída repentina de nossa equipe inteira, e a funcionária responsável pelo setor financeiro ficou de finalizar alguns relatórios para serem entregues à prefeitura. Mesmo sabendo que está tudo em dia e que as devidas contas mensais estão em ordem, tivemos ao longo desse semestre problemas no financeiro onde documentações simplesmente desapareceram, e caímos na situação de um funcionário empurrando a responsabilidade para outro. Então, eu e o Vice-presidente optamos por registrar um boletim de ocorrência sobre o sumiço misterioso dos respectivos documentos (boletos, notas fiscais e talão de recibos).

Embora não seja eu que efetuo os pagamentos na prática, mas é com acesso da minha senha e a do presidente em conjunto que são feitos os pagamento, achei prudente nos reunirmos em uma reunião extraordinária da diretoria executiva, onde optamos por convocar uma auditoria interna. Assim o fizemos, e o presidente, por sua escolha, chamou o senhor Carlivan do nosso escritório contábil, que é experiente no assunto (possui formação e capacidade). Ele realizou a auditoria para procurar possíveis fraudes, porém NADA FOI ENCONTRADO, exceto pela falta de atenção dos funcionários do financeiro.

Fiz diversas tentativas de fazer um plano de trabalho na área e até mesmo de trocar de funcionários, direcionando doações apenas para o PIX da entidade (CNPJ), doações em espécie no escritório da entidade, e pedindo para os doadores não fazerem doações em contas particulares ou fora da entidade e sempre exigir recibo do valor doado para a entidade, não deixando a doação ser feita sem retirar o recibo que fornecemos para todas as doações. Outro ponto que sempre quis dentro da entidade é que doações de produtos também fossem arrecadadas apenas na sede da entidade.

No início de nossa gestão, fiz alterações no talão de recibos, onde adicionei a solicitação ao doador se poderia fazer a postagem da doação, mas essas alterações nunca foram preenchidas pelos funcionários. Sempre fui indagado pelo motivo dessas mudanças no financeiro e controle de doações. Tive uma luta muito grande dentro da entidade, pois solicitava relatórios, planilhas de eventos e até mesmo do próprio financeiro, insumos para os idosos, e nunca fui atendido. Minha prioridade sempre foi o bem-estar dos idosos e, em segundo lugar, os nossos colaboradores, que sempre deram o seu melhor para cuidar dos idosos. A resposta sempre é a mesma: “Você não é o presidente.” Isso afetava muito, pois eu ficava incapacitado de exercer a minha função com excelência.

Gostaria de agradecer a turminha do Instagram. Muito obrigado a todos que interagiram com o Instagram da entidade. Como todos sabem, assumimos a entidade sem acesso ao perfil antigo. Tive que criar um novo perfil e foi muito trabalho diário. Conseguimos atingir a marca de 784 seguidores novos e um alcance de um pouco mais de 2.600 contas nos últimos 30 dias. Obrigado a todos que curtiram, comentaram e compartilharam.

Sempre quis fazer com que a transparência que colocamos na nossa proposta para a eleição viesse em primeiro lugar, pois devemos isso a toda a população. Sempre falei que todo tipo de doação tem que passar pelas nossas redes sociais para realmente mostrar que tudo o que recebemos de doação está sendo utilizado para os nossos idosos, e itens ou utensílios que não usamos ou não podem ser usados na entidade são disponibilizados em nosso bazar.

Entrego hoje a entidade com caixa POSITIVO, com um pouco mais de R$ 40.500,00, e todas as obrigações mensais em dia.

Fizemos agendamento com o excelentíssimo Prefeito e os excelentíssimos vereadores. Gostaríamos de esclarecer com todos, respeitosamente, a nossa renúncia.

Agora vamos aguardar alguma providência do poder público e do Ministério Público para saber se será feita uma nova eleição, pois mais de 90% da diretoria RENUNCIOU ao cargo e TODOS os membros do conselho fiscal e suplentes também renunciaram. Sabemos da dificuldade que é administrar uma entidade.

Novamente, deixo meu agradecimento a todos, e principalmente aos funcionários e aos 429 votos (ELEITORES) que confiaram na proposta e em nosso trabalho, dedicando seu voto à nossa chapa. OBRIGADO”.

O presidente da Aidan, Ednaldo Moreira, demonstrou interesse em se pronunciar sobre o caso e sua declaração será publicada em uma nova matéria.

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