27/11/2015

Ocupação continua em escola estadual de Artur Nogueira

Após reunião com dirigente de ensino, estudantes decidiram por manter ocupação.

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Cerca de 150 estudantes ocuparam a Escola José Apparecido Munhoz, localizada no Jardim Conservani, em Artur Nogueira. A ação teve início na noite de ontem, quinta-feira (26), e de acordo com os alunos é uma forma de protestar contra a reorganização do ensino apresentada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). De acordo com os estudantes a ocupação deve seguir por tempo indeterminado. Em todo o estado outras 212 escolas já foram ocupadas contra a medida do governador.

Na manhã de hoje, sexta-feira (27), por volta das 7h30 um princípio de tumulto começou no portão da escola, após alunos das duas turmas de terceiros anos do turno da manhã contestarem a ocupação. Eles se sentiram prejudicados, pois de acordo com eles, faltariam ainda duas provas para encerrar o ano letivo e, com isto, garantir a colação de grau.

Dirigente em Artur Nogueira

O dirigente da Diretoria de Ensino de Limeira, José Roberto Varussa, está em Artur Nogueira. Ele se reuniu com pais e alunos na manhã de hoje, sexta-feira (27), na casa da mãe de uma das estudantes da escola para discutir os rumos da ocupação. No momento da chegada do dirigente, houve tumulto em frente à escola.

Estudantes reclamaram, inicialmente, da postura adotada pelo dirigente, que se negou a entrar na escola para conversar com eles. Após um acordo, Varussa, se dirigiu à casa da mãe de uma aluna, há duas quadras de distância, para conversar com representantes da manifestação e os pais.

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A ocupação

Os alunos haviam se organizado desde o início da semana para a ocupação desta noite. Eles estavam em sala de aula e quando um rojão foi estourado do lado de fora da escola os estudantes deixaram as classes. “Quando ouvimos o sinal todo mundo levantou. Foi instintivo. A gente sabia o que deveria fazer mas ainda estava na dúvida. Quando o rojão estourou a política veio e todo mundo levantou e saiu”, conta o estudante André Câmara, de 16 anos, e aluno do 2º ano do Ensino Médio.

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A mãe dele, a técnica em enfermagem Leila Câmara, de 41 anos, estava no espaço apoiando o filho. Ela viu quando os estudantes deixaram as salas e ocuparam o pátio. “Eu to aqui porque me disseram em 1986 que voltávamos à democracia. Acho que todo movimento democrático é válido. Eu to aqui por uma educação melhor pro meu filho. Acho o movimento estudantil muito bonito. Na verdade eu cheguei a me emocionar. Sabe, na hora dos rojões, quando eles saíram das salas eu fiquei extremamente emocionada. Porque as pessoas precisam lutar pelo direito delas”, frisa.

Para Leila a reorganização não será benéfica e o motivo é a própria rotina do filho, já que a escola Munhoz é próxima de casa e também próxima ao trabalho de André. “Aqui é uma escola que fica próxima da minha casa e próxima do trabalho do meu filho. Eu demorei pra conseguir colocar ele aqui e quando eu consigo querem tirar? Ele trabalha durante o dia e estuda à noite”.

Durante a ocupação foi informado que o dirigente de ensino da região de Limeira, José Roberto Varussa, viria até o local conversar com os estudantes. Uma hora depois foi informado que ele virá na sexta-feira (27). Nenhum responsável da escola falou com a reportagem.

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Policiais Militares também compareceram ao local e conversaram com alguns estudantes. Um deles, Douglas Gaic, de 20 anos, assinou um termo de compromisso se tornando responsável legal pela ocupação. Segundo o cabo Prates “a polícia vai servir para proteger os manifestantes e haverá ronda durante à noite”.

Os portões da escola ainda foram cobertos com cartazes referindo-se à ocupação e também contra a reorganização proposta pelo governador. A reforma apresentada pelo Estado pretende realocar em unidades específicas, a partir de 2016, estudantes do ensino fundamental inicial, estudantes do fundamental final e estudantes do ensino médio. Em Artur Nogueira a medida afetará as escolas José Apparecido Munhoz, que atenderá apenas os anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano), e João Baptista Gazzola, somente Ensino Médio.

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O estudante do 3º ano do ensino médio Paulo Henrique Gonçalves da Cunha apontou problemas na forma imposta pelo governador. Ele afirma que, além da postura de não ter escutado os estudantes, ela os obriga a deixar a escola. “Pensamos que a educação é a melhor coisa num país. Tirou a educação do país, ninguém pensa, ninguém acredita. Quando o governador do estado de São Paulo tenta reocupar as escolas, ele está tentando acabar com uma educação que foi planejada e tem sido executada por anos, não apenas pelos professores mas pelos alunos também”.

Na tentativa de frear a ocupação alguns professores conversaram com os estudante e tentaram dissuadi-los. Mesmo assim os alunos resistiram e permaneceram no local.

Uma das problemáticas apontadas no diálogo seria a de que estudantes formandos não conseguiriam colar grau.

A aluna do 3º ano do ensino médio, Kiara Queros Sartori, organizou rapidamente uma reunião com alunos formandos presentes na ocupação para debater o assunto e a maioria optou por permanecer no espaço. “A colação pode ser adiada. A gente vai apoiar os estudantes da ocupação. Estudo aqui desde a 5ª série. Isso aqui é a minha casa. Eu não vou abandonar a minha casa. A gente vai lutar sim para que os estudantes tenham um ensino médio digno.” Segundo ela a ocupação deve seguir por tempo indeterminado.

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No mês passado os estudantes da Escola Apparecido Munhoz já haviam manifestado descontentamento com a reorganização ao promoverem uma marcha contra a medida.

Kiara frisa que o problema da reorganização não é se unir com a escola do Carolina, mas abandonar o que eles já têm. “Essa escola [Munhoz] é uma escola tradicional, é a melhor. Não é que não queremos nos juntar com o Carolina, não é isso. É que a reorganização não tá beneficiando a gente. Queremos continuar nessa escola. Essa escola é nossa. Então a gente quer zelar por ela. A gestão dessa escola é a melhor que já vi. Nos rankings, o Munhoz sempre fica como uma das melhores escolas. A gente quer lutar por isso”.

A ocupação será em tempo integral e apenas estudantes devem dormir no espaço. De acordo com o aluno do primeiro ano do ensino médio Yan de Olanda, de 16 anos, o grupo precisará de apoio da comunidade com alimentos, colchonetes, cobertores e também voluntários para darem aulas nos três turnos.

Saiba mais:

Duas escolas serão afetadas com reorganização do ensino em Artur Nogueira

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