Escola de Artur Nogueira cria sistema de captação da chuva e evita desperdício

Para evitar o desperdício de água, a Escola Municipal Amaro Rodrigues (Ninico), no Jardim Leonor, precisa de 15 minutos de chuva. Chuva e três galões. Isso devido ao projeto Água Viva, uma iniciativa da professora Gabriela Souza Carlstrom que idealizou para a instituição um irrigador pluvial.

Gabriela dá aulas para a turma do 5º ano na escola e há dois anos foi movida por uma preocupação: a falta de água. “Moro em um bairro de periferia em que é comum a falta de água e por esse motivo há dois anos implantei em casa um sistema de captação e utilização da água da chuva e da máquina de lavar roupas”, conta. Este ano, com a estiagem e a diminuição da represa Cotrins, que faz o abastecimento da cidade, ela resolveu levar a iniciativa à escola. “Ao iniciar o ano letivo não tive dúvidas de que precisava trabalhar o assunto, e assim propus aos alunos a ideia.”

O projeto é simples. São três tambores ligados entre si que recebem de um cano maior a água da chuva acumulada nas calhas. A água acumulada pode ser destinada à limpeza e irrigação das plantas, por exemplo. Para a confecção foram usados três toneis de 200 litros, uma torneira, cinco adaptadores de rosca para mangueira, um metro de mangueira e canos.

Os estudantes participaram da construção do Água Viva. Desde o dia 27 de agosto eles trabalharam na adaptação das mangueiras para os tambores que ficaram prontos no dia 30 do mesmo mês. Na ocasião, um sábado, pais, alunos e professores foram à escola para “inaugurar” o equipamento.

“Mas o mais emocionante aconteceu no dia primeiro de setembro”, revela a professora. É que no início do mês a cidade foi surpreendida com uma chuva e, segundo Gabriela, foi a oportunidade de todos verem a eficiência do projeto. “Com 15 minutos de chuva eles [os galões] já estavam completamente cheios. E após esse dia começamos a aguar o jardim da escola com essa água.” Os três tambores formam um depósito de 600 litros de água.

A iniciativa motivou os alunos a copiarem o projeto nas próprias casas. “Minha mãe já providenciou uma caixa de 120 litros e uma de 150 litros para meu pai instalar um sistema igual da escola em minha casa”, conta o estudante Guilherme de Oliveira Chaves, do quinto ano.

De acordo com Gabriela é possível reproduzir o Água Viva em qualquer casa, desde que tenha uma calha. Ela também frisa que o mesmo processo pode ser usado para o armazenamento da água da máquina de lavar roupa.

Ao saber do projeto, a EMEB Luiz Nicolau Nolandi, da cidade de Cosmópolis, estuda a possibilidade de implantá-lo.

Estiagem

A estiagem que atinge Artur Nogueira fez com que o município decretasse estado de emergência no início de agosto. Uma lei que multa em R$ 500 pessoas que forem flagradas utilizando água tratada para lavar o quintal e calçada também foi sancionada a fim de que os nogueirenses criem alternativas de racionamento.