08/07/2024

ENVELHECER COM PAIXÃO: Morador de Artur Nogueira fala sobre trajetória e amor pela música

Com quase 72 anos, Luiz Antonio Figueiredo continua a ser uma presença constante em bares e restaurantes de Artur Nogueira, onde se apresenta sozinho por horas a fio

Natural da capital paulista, Luiz mudou-se para Artur Nogueira nos anos 80 (FOTO: Portal ON)

Raquel Santana

“Nós temos dois tipos de envelhecimento: um é orgânico, inevitável e patológico; o outro é a aceitação disso. Você praticamente morre para a vida. Eu nunca aceitei esse último”, declarou Luiz Antonio Figueiredo. Aos quase 72 anos, o engenheiro mecânico e músico vive suas paixões independentemente da idade, quebrando estereótipos de incapacidade e dependência frequentemente atribuídos à terceira idade.

Natural de São Paulo, Luiz reside em Artur Nogueira há mais de 40 anos. Na cidade, consolidou-se como engenheiro mecânico, professor de ensino técnico e, principalmente, como músico. Embora nunca tenha se profissionalizado na música, ele é presença constante em bares, restaurantes e festas do município, sempre acompanhado de sua guitarra e mesa de som. Sozinho, Luiz apresenta um repertório repleto de lembranças de sua juventude, com canções dos principais artistas que costumava ouvir e que o influenciaram a amar a música.

“A música começou para mim quando eu tinha uns oito anos, mais ou menos. Eu lembro que, lá em São Paulo, teve um comercial de uma promoção de violão. Eu fiquei perturbando meu pai, minha mãe e, principalmente, a minha irmã para comprar um”, relembra Luiz. Ele relata que, após ser presenteado com o instrumento, nunca mais o deixou de lado, mesmo sem talento evidente, no início.

“O que me apaixonou foi que, quando eu vi esse comercial, o som do violão entrou em mim como uma coisa mágica, algo inexplicável. Eu ouvi aquele som e pensei: ‘Eu vou aprender’”, explica.

O interesse pelo canto surgiu naturalmente para Luiz. Ele relembra que, ainda na fase de aprendizagem do violão, decidiu arriscar-se a cantar também. Embora estivesse fora do tom, conseguia manter o ritmo, e seu pai costumava rir de suas tentativas de conciliar a batida e a voz, tornando-o motivo de chacota. No entanto, com esforço e persistência, a música logo tomou forma em suas mãos e voz.

Com aproximadamente 15 anos, Luiz juntou-se a um grupo de amigos de infância para fazer apresentações em bailes e aniversários. “Ali nasceram ‘Os Anjinhos’ em São Paulo. Desde então, não parei mais”, conta.

Contudo, durante os anos de faculdade, a música passou a ser secundária. Luiz relata que, ao longo de sua vida universitária e na construção de sua carreira profissional, deixou de se apresentar ao público. No entanto, sua experiência e paixão pelos palcos continuaram a influenciar positivamente todas as áreas em que trabalhou. “Eu sempre gostei muito de engenharia. Acabei lecionando em escolas técnicas e a música me ajudou muito. Ter esse contato de tocar para o público é muito importante”, afirma.

FOTOS: Redes sociais

Retorno aos Palcos

Embora Luiz tenha chegado a Artur Nogueira nos anos 80, ele precisou se mudar de estado algumas vezes ao longo de sua vida devido ao trabalho na empresa Mecânica Oriente. As apresentações musicais retornaram nos anos 90, quando ele residia em Salvador. “Comecei a tocar MPB e Bossa Nova em uma Salvador onde o axé estava em alta. Comecei a tocar num bar embaixo de um hotel no Porto da Barra. O dono do bar e a esposa gostavam muito de MPB, e logo percebi que estava formando um público cativo de baianos que tocavam axé e sentiam falta de músicas como as de Raul, que é de lá”, relembra.

O tempo na Bahia reviveu em Luiz o amor pelos palcos, um sentimento que perdura até hoje. Mesmo com mais de 70 anos, ele não abandona suas paixões, seja a engenharia mecânica ou a música, com sua voz e violão. Para ele, a idade não é um obstáculo, mas um convite a valorizar o que ainda possui e a seguir fazendo o que ama.

“Não fico preocupado com a idade. ‘Luiz, você fará 72 e daqui a oito anos, terá 80 anos’. E daí? Não posso restringir o que ainda tenho. Preciso valorizar o que ainda possuo, não reclamar do que falta. Tenho menos tempo pela frente do que já vivi, mas não estou preocupado com isso. Estou preocupado em envelhecer bem e fazer o que gosto. Esse é o segredo para ser feliz”, conclui.

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