08/03/2014

ENTREVISTA: Empresária Lígia Guidolin fala sobre negócios e vida pessoal

Em homenagem ao Dia da Mulher, entrevistamos uma nogueirense que é mãe, esposa, arquiteta e empresária. Saiba o que pensa e como pensa a proprietária dos supermercados Buona Gente e Santo Anjo

Ligia“A cada sonho que realizo já tenho outro esperando na fila. É o que me faz viver”

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Alex Bússulo

Ela não tem medo de enfrentar os problemas e adora novos desafios. Aos 56 anos, Lígia Rodrigues Guidolin é o exemplo claro de mulher guerreira em Artur Nogueira. Ao lado do marido Ademir Guidolin e do filho Túlio, ela administra dois dos maiores supermercados do município: o Buona Gente e o Santo Anjo.

Formada em Arquitetura, Lígia deixou de lado a profissão para se dedicar ao mundo dos negócios. De pulso firme, gosta das coisas certas e bem esclarecidas. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado neste sábado (8), entrevistamos esta nogueirense que nos dá uma grande lição de trabalho, comprometimento e sucesso. Confira:

Você é mãe, esposa, arquiteta e administra dois dos maiores supermercados de Artur Nogueira. Como concilia tudo isso? Sabe como eu concilio? Simplesmente sendo mulher. É provado que o cérebro feminino consegue focar em muitas coisas ao mesmo tempo. E quando a mulher tem a energia necessária e a capacidade de priorizar e organizar as tarefas, ela consegue milagres. Então penso que o mais difícil é encontrar o equilíbrio para lidar com tudo isso.

Como é liderar uma equipe com mais de 200 funcionários? É bem complicado. Porém, felizmente eu e o Ademir, meu marido, temos ótimas pessoas que estão com a gente há muito tempo que nos ajudam na direção da empresa.

Como empresária, qual é o seu maior desafio? O maior desafio do empresário é conseguir se ajustar às mudanças constantes do ambiente de negócios. Sempre uma nova lei, um novo imposto, um momento diferente da economia, um novo concorrente. Isso e muito mais nos obriga a agir com agilidade e rapidez.

Ligia

Você já sofreu preconceito por ser mulher e estar à frente de um negócio? Como arquiteta formada há trinta anos, eu e minha amiga, sócia na época, Maria Nilce, sofremos um pouco porque somos as duas primeiras arquitetas de Artur Nogueira. Portanto, também as primeiras a entrar num mundo, até então, exclusivamente masculino. Tivemos que provar que sabíamos trabalhar. Isso muito mais para funcionários de obras do que para os clientes. Porém, sempre com humildade fomos convencendo as pessoas da nossa capacidade e logo superamos essa fase. Hoje, nos meus negócios chego até pensar que a situação se inverteu, ou seja, ser mulher traz vantagem, pois a conversa, nos mais variados setores é mais fácil e chega-se rapidamente ao ponto desejado. Novamente, uma peculiaridade da mulher: ser direta.

Como avalia o papel da mulher na sociedade contemporânea? A mulher já exerce o papel de chefe de família na sociedade atual que apresenta novos formatos. Desempenha toda e qualquer função numa sociedade carente de bons profissionais como a nossa. Portanto, ao meu modo de ver, nem cabe mais essa questão, pois a mulher ocupa espaços como qualquer pessoa, sem distinção de gênero.

Como surgiu o supermercado Santo Anjo? O Supermercado Santo Anjo, primeiramente denominado Supermercado Guidolin, é uma evolução de um “mercadinho” que o Ademir começou. E sonhador, mas traçador de metas, persistente, trabalhador e negociador dos bons, chegou no que é hoje. Porém nesse ramo nada é definitivo, tem que se estar sempre atento e trabalhar cada vez mais para manter e conseguir crescer.

Santo Anjo

Como arquiteta, você mesma projetou o supermercado Buona Gente. Como foi esse processo? Sou autora do projeto arquitetônico, em que uni conhecimento como arquiteta com a vivência de trabalho, minha e do Ademir, no Supermercado Santo Anjo. Foi um projeto complexo, cuja execução exigiu serviços de profissionais específicos. No final, o projeto ficou a contento.

Buona Gente

Qual a principal diferença entre os dois supermercados? Pela nossa análise, o Santo Anjo continua sendo muito querido pela vizinhança, fregueses de muito tempo que podem ir a pé e lá encontram funcionários que os conhecem pelo nome. A dificuldade de se estacionar no centro da cidade contribui para que pessoas com veículos prefiram o Buona Gente, que abriga tanto parte da freguesia do Santo Anjo como uma nova clientela genuinamente Buona Gente, atraída também pelo horário de funcionamento um pouco mais estendido. Todos são bem vindos em qualquer um dos dois supermercados, que operam com os mesmos preços e têm a mesma filosofia de trabalho.

Você trabalha todos os dias ao lado do marido, o Ademir Guidolin. É possível separar os negócios do casamento? Quando estão em casa, falam dos supermercados ou evitam assuntos profissionais? Na realidade trabalhamos no mesmo negócio, mas não exatamente juntos. Cada um de nós fica em um supermercado, cada um cuida e é responsável por diferentes setores. Nos falamos durante o dia se precisamos trocar alguma ideia. De minha parte, procuro evitar falar do serviço em casa, pois prefiro começar de novo no dia seguinte, quando estamos mais descansados. Porém existem noites que se torna difícil não falar sobre os negócios porque nessa hora estamos reunidos, eu, o Ademir e o nosso filho Túlio. E como ele vive nesse ambiente desde pequenino, e ainda mais agora, que se formou em Administração pela Facamp, agrega conhecimentos e já participa de nossas decisões. Concluindo: trabalhar no mesmo negócio interfere, sim, na vida familiar, mas também de forma positiva.

Ligia

Para você, o que significa ter sucesso na vida? Penso que é poder trabalhar no que gosta e conseguir viver desse trabalho. E mais, poder proporcionar que o mesmo aconteça com as pessoas à sua volta.

Aparentemente, a Lígia Guidolin se demonstra ser uma mulher forte, que não se deixa abalar facilmente. De onde vem essa força? Ninguém é sempre forte. Nos momentos de fraqueza, porque todos temos, procuro me isolar um pouco para restabelecer o equilíbrio. Então, retomo. Geralmente, enfrento as questões do dia a dia sem complicação. Sempre fui disciplinada, disposta, e nunca deixo para outros fazerem aquilo que é para mim. Nunca tenho preguiça de estudar, de trabalhar e demoro muito para me cansar. Esse jeito que tenho é próprio do meu caráter. Não é qualquer coisa que me abate, não. Sempre acredito que um problema que hoje não vejo solução, amanhã, com certeza, verei.

Embora tenha cursado Arquitetura, você não ganha a vida exercendo essa profissão. Foi uma escolha pessoal ou uma necessidade profissional? Exerci minha profissão de arquiteta por muitos anos com a maior dedicação, como tudo que faço. Amo Arquitetura e tinha certeza que seria para sempre. Porém, a vida nos conduz por caminhos que não imaginamos. Foi assim: os negócios do Ademir começaram a crescer e passei a dividir meu tempo entre o escritório de Arquitetura que tinha com a Nilce, como já disse, e o supermercado para ajudá-lo nas compras e no controle financeiro. Fui abraçando as coisas e quando me dei conta, estava completamente envolvida e gostando daquilo tudo. Aí, o tempo começou a ficar pequeno para tanto e para não negligenciar o trabalho no escritório, fui obrigada a fazer uma escolha que foi pelo supermercado. Fiz ainda alguns projetos em casa por algum tempo até que decidi parar. Mas, uma vez arquiteta, sempre arquiteta, por isso vivo envolvida com alguma coisa nessa área.

Ligia

Vocês fazem planos de negócios? Eu, o Ademir, e agora também o Túlio, sempre fazemos planos. Aos poucos, vamos executando e fazendo novos. É sempre assim.

Tem algum sonho que ainda não conseguiu realizar? Ah! Muitos… A cada um que realizo já tenho outro esperando na fila. É o que me faz viver.

Qual conselho daria para aquela mulher que deseja vencer na vida? Não é um conselho. É meu modo de ver a vida. Deve-se definir um ideal e seguir nesse caminho até atingi-lo, fazer sempre o melhor que puder em tudo. Não economizar esforços para atingir o ponto desejado e, mesmo depois, nunca esmorecer, porque nada permanece se não houver investimento em novas ideias. E o mais importante: ser feliz naquilo que escolher senão nada valerá a pena. Caso isso não acontecer, coragem: mude o foco e recomece.

Ligia


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