02/04/2011

Zé da Nega, o pequeno grande amigo de Artur Nogueira

Na conversa especial desta semana, falamos com um personagem que praticamente nasceu junto com Artur Nogueira. E assim como a cidade, possui muitas histórias a contar


Nosso entrevistado ao lado de sua mãe, ‘Nega’

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Alex Bússulo

Se eu te perguntasse se você conhece o José Fernandes, provavelmente não saberia me dizer quem é esta pessoa. Mas se eu te perguntasse do Zé da Nega, com certeza sua resposta seria positiva. Pequeno na estatura, grande no coração, Zé completou ontem, sábado (02), 58 anos. “Praticamente nasci junto com Artur Nogueira, vi esta cidade crescer”, conta.

O entrevistado desta semana foi sugerido pelos leitores, nas últimas semanas recebemos vários e-mails pedindo que entrevistássemos o personagem. E como não atender a um pedido como este? Popular, carismático e amigo de todos, Zé conquistou o coração de muita gente.

Como de costume, pegamos nosso amigo de surpresa. Por volta das 11 horas de quinta-feira, (31), batemos palma em sua casa, que fica no centro da cidade, ao lado da sede da Corporação Musical 24 de Junho.

“Quem tá aí?” ouvi a voz que vinha de dentro de sua casa. Depois de me identificar e revelar que iria entrevistá-lo, Zé soltou: “Nossa tenho muita coisa pra contar, mas será que vou conseguir lembrar?”, disse com aquela risada que só ele tem.
Convidou-nos a entrar e sentar na área da sua casa e ali mesmo começou a nossa conversa.

Minha primeira pergunta foi referente ao seu apelido, queria saber quem era a tal ‘Nega’, que acompanhava seu nome. “É a minha mãe! O nome dela é Clementina, mas todo mundo a conhece por Nega, quem começou a me chamar de ‘Zé da Nega’ foi o Pardinho [da agropecuária] e acabou pegando”, conta relembrando o amigo.

Zé nunca casou e sempre morou com a mãe. “Eu nasci na Parada, de parteira, naquela época não tinha esse negócio de maternidade, nasci na raça mesmo”, conta rindo, aliás, quase todas as respostas do nosso entrevistado vinham acompanhadas de uma boa gargalhada.
“Eu sou muito feliz, agradeço muito a Deus pela vida que tenho”, conta se referindo a sua deficiência. “Nasci desse jeito e nunca reclamei, pelo contrário, a cada dia fico mais agradecido pela vida, procuro aproveitar cada minuto dela”, disse.

Quem já conversou ao menos uma vez com o Zé sabe que ele nunca dispensou uma boa cerveja e uma partida de futebol. “Antigamente eu jogava bola, com a minha mão passava a bola. Era um bom goleiro. Hoje, prefiro ficar na técnica”, diz destacando que estará junto com o pessoal organizador no jogo dos Craques do Corinthians Máster contra o time de Artur Nogueira, marcado para o próximo dia 16.

No assunto do futebol, Zé faz questão de falar de seu time, o Palmeiras. “Sou palmeirense de coração, mas não sou daquele tipo que briga com os outros times, prá mim o que vale é o jogo e a brincadeira”, destaca.

Na conversa também falamos de política. Zé da Nega já foi candidato para ser vereador por duas eleições, mas em nenhuma das duas se elegeu, embora tenha conseguido uma boa votação. Somando as duas campanhas eleitorais, nosso amigo calcula que tenha conseguido aproximadamente 500 votos. “Mas isso é passado, não quero mais me envolver com política”, diz, lembrando que quem se torna candidato pode perder muitos amigos. “E isso eu não quero de jeito nenhum”.

Perguntei o que ele faria se tivesse sido eleito vereador de Artur Nogueira. “Faria muita coisa, principalmente para os deficientes físicos. A cidade não tem nenhum tipo de evento destinado a nós, não tem um campeonato, uma festa, a coisa é bem parada aqui se comparada com as cidades vizinhas”, afirma.

Zé conta que não tem tanta dificuldade para se locomover pela cidade. “Eu tenho meu carrinho, que ganhei da minha mãe. Com ele vou pra onde quiser”, diz. “Este é o meu terceiro carrinho, os dois primeiros ganhei de amigos, que fizeram festas em prol a mim”, revela.

Fiz uma pergunta um tanto óbvia ao nosso entrevistado, perguntei se ele era feliz. Digo óbvia porque ele sempre está sorrindo, brincando com todos, mas queria saber se no fundo ele realmente era feliz. “E por que eu não seria?”, perguntou, “Deus me deu tudo o que eu preciso, o resto não importa”, compartilha.

Embora sempre de bem com a vida, Zé revela que não consegue esquecer dois acontecimentos, que marcaram sua vida. “Foram dois acidentes de carro, em um deles perdi um amigo muito querido.

Jamais esquecerei estes dois dias, em dois momentos bem parecidos eu quase perdi minha vida, fiquei muito mal, me machuquei física e mentalmente”, revela Zé.

Mas como ele próprio diz, “passou né, não adianta ficar remoendo o passado, Deus permitiu que eu continuasse aqui na Terra”, conta.

Você, leitor, já deve ter percebido que nosso entrevistado fala muito de Deus, perguntei como é a sua vida religiosa. Na resposta, disse que é um homem de muita fé, católico, sempre está na igreja rezando e agradecendo a Deus. “Confio muito Nele”, disse.

Além de futebol e cerveja, como um bom brasileiro, Zé sempre esteve envolvido com Carnaval. Relembra gargalhando da vez que saiu em um bloco fantasiado de Chita, a chimpanzé do Tarzan. “Tenta só imaginar a beleza que foi, não tinha quem não dava risada”, conta. Além da macaca, Zé conta que já saiu de Dr. Fernando Arens, de vaqueiro e muitos outros. Neste ano, fez questão de tocar na bateria da Vaca. “Mas agora estou pensando em me aposentar do Carnaval, já pulei muito”, conta.

E atenção mulheres solteiras que estão à procura de um bom partido, Zé da Nega revela: “Estou procurando a tampa da minha panela”, diz todo esperançoso, “mas como tudo em minha vida, está nas mãos de Deus, ele sabe muito bem o que faz”, conta.
É difícil o dia que o nosso entrevistado não vai para o clube da cidade. “Adoro nadar, ver a turma jogar bola, o clube é muito bom”, conta.

Para finalizar a entrevista perguntei se teria bolo, por causa do seu aniversário, no tom de brincadeira, respondeu: “Bolo não vai ter não, mas a cervejinha não pode faltar né”, concluiu.


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