07/07/2012

ENTREVISTA DA SEMANA: Suely Guidotti

Chefe da Divisão de Cultura fala sobre setor, leitura e Festança Julina


“O mais difícil é fazer com que a própria população valorize os talentos nogueirenses” (Suely Guidotti)

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Alex Bússulo

Nascida em Artur Nogueira em 1959, Suely Aparecida Guidotti é uma daquelas mulheres que se dedica em tudo o que faz e dá o melhor de si, sempre buscando a perfeição em seus atos. Mãe de Carolina e Rodolfo, se formou em Biblioteconomia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) em Campinas.

Desde 1985 trabalha como funcionária pública. Primeiro exerceu a função de bibliotecária em Cosmópolis, depois em Artur Nogueira.

No mês passado, com a saída do Marquinho [até então “da Cultura”, que deixou o cargo para assumir a Secretaria de Educação], Suely passou a ser chefe da Divisão Municipal de Cultura de Artur Nogueira.

Hoje, aos 53 anos de idade, também atua como vice-presidente do Conselho Municipal de Cultura (CMCAN), é membro do Conselho Municipal Turismo (CONTURAN), além de participar das Câmaras Temáticas de Cultura e de Turismo da Região Metropolitana de Campinas.

Na entrevista desta semana, Suely fala sobre Cultura, leitura e sobre a realização da Festança Julina, que acontece neste final de semana no Calçadão da XV de Novembro.

O que é mais difícil na Cultura nogueirense? Por incrível que pareça o mais difícil é fazer com que a própria população valorize os talentos nogueirenses. Muitas vezes realizamos eventos e a população não prestigia os artistas locais, seja numa peça de teatro, numa exposição ou apresentação musical.

Como mudar essa realidade? Algumas pessoas reclamam da divulgação que fazemos dos eventos culturais, mas na realidade, nós utilizamos todos os meios disponíveis para divulgar o que é produzido e trazido, culturalmente, para Artur Nogueira. Em outubro do ano passado, trouxemos os Solistas de Paulínia para se apresentarem no município. Fizemos divulgação nos jornais, rádios, cartazes, som de rua, mas infelizmente não tivemos a quantidade de público esperada. O engraçado é que quando estes mesmos solistas se apresentaram em Paulínia, tivemos mais nogueirenses prestigiando lá do que quando fizemos aqui. O fato é que o município possui grandes talentos que merecem o prestígio da população, tais como a Corporação Musical “24 de Junho”, o Movimento Cultural Brincantti, a Companhia de Dança Eliane Carneiro, o Gindançarte, entre outros.

Como você avalia a produção cultural em Artur Nogueira? Como já disse, nossa cidade possui uma produção cultural muito boa. Temos participantes em quase todas as modalidades do Mapa Cultural Paulista, que é uma vitrine das manifestações culturais do estado, onde o Movimento Cultural Brincantti já conquistou premiações na Fase Regional. Tivemos no último dia 23 a apresentação da Orquestra Sinfônica Jovem da Corporação Musical “24 de junho”, que com o trabalho do maestro Ricardo Michelino e seus professores, estão revelando novos talentos nogueirenses. Também temos a realização da Bienart, que é realizada a cada dois anos, e tem como objetivo descobrir e incentivar novos talentos do município ‘Berço da Amizade’.

O que a Divisão Municipal de Cultura oferece atualmente para a população? Além dos eventos que compõem o Calendário Cultural, como Carnaval, Festival de Viola, entre outros, estão sendo realizadas as oficinas culturais, como Balé, Teatro, Violão, Viola caipira, Piano e Dança, tudo sem nenhum custo para os nogueirenses. Com a assinatura na semana passada do convênio com a Secretaria de Estado da Cultura, teremos também o projeto Cine Artur.

O que é esse projeto? É uma realização em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, que visa o incentivo à criação de Salas de Exibição de Filmes. Com o convênio assinado pelo prefeito Marcelo Capelini, passaremos a integrar esse projeto e poderemos proporcionar à população nogueirense mais esta opção em lazer e cultura. Teremos uma sala fixa, com uma tela de quatro metros de comprimento onde serão exibidos cem títulos de filmes, entre drama, aventura, infantil, entre outros. Acredito que a partir do próximo mês já estaremos com a estrutura pronta para atender o público. Também estamos estudando a possibilidade de criar uma unidade móvel do Cine Artur, que levará o cinema para bairros de Artur Nogueira.

Se tratando de estrutura física, o que a população pode usufruir culturalmente, uma vez que o Teatro Municipal Renê Marcos Posi está fechado para reformas? Existem outros espaços alternativos, como o Teatro de Arena da Praça Santana, o Calçadão da XV de Novembro, que foi palco da apresentação do pianista Artur Moreira Lima e seu projeto “Um piano pela estrada”, o Centro Cultural “Tom Jobim” e a Réplica da Estação, todos utilizados  frequentemente para a exibição cultural.

Com a inauguração da Escola Modelo, e consequentemente do Anfiteatro do local, a Prefeitura não poderia incentivar mais a produção de espetáculos artísticos ou trazer companhias de outras cidades para se apresentar para a população? Tenho a certeza que será incentivada a produção, bem como a participação de espetáculos de outras cidades, a partir do momento que for definido um regulamento para utilização do Anfiteatro. Queremos utilizar e aproveitar este importante espaço para trazer e mostrar o que já produzimos em nosso município. Por ser um espaço voltado para a Educação, todo e qualquer evento promovido ali terá que ser gratuito a população ou com renda voltada para a Associação de Pais e Mestres (APM).

Vamos falar sobre o tema Biblioteca. Não seria mais simples exercer a função de bibliotecária, cargo que você é concursada? Todas as profissões têm seus desafios [risos]. Quando recebi o convite para assumir a Divisão Municipal de Cultura, fiquei feliz, mas ao mesmo tempo preocupada se seria capaz de tamanha responsabilidade. Sei que é um setor importante para Artur Nogueira, mas que nunca, em outras administrações, foi valorizado. Sempre gostei de dar o meu melhor em tudo, seja como bibliotecária ou chefe de Divisão. Espero atingir as expectativas, tanto do Governo quanto da própria população.

Falando nisso, existe alguma pessoa que ocupou seu lugar como bibliotecária? Não. Mas conto com funcionários que fazem o atendimento e mantêm os serviços prestados pela Biblioteca. É bom lembrar que exercendo a função de chefe também fica na minha responsabilidade a Biblioteca Municipal, então não me considero ter saído do local, apenas mudei de função.

Com o fechamento do prédio da Biblioteca, no centro da cidade, a prefeitura aluga desde o ano passado um espaço no Jardim Wada. Como vimos em reportagem nesta semana, o Governo Municipal ainda não tem data e previsão para a reforma do antigo prédio. Você não acredita que houve uma perca na qualidade do atendimento com essa mudança? Pelo contrário, acredito que nosso atendimento tenha melhorado. Quando fomos alugar o espaço pensamos e procuramos um local que fosse bom em tamanho e de fácil acessibilidade para a população. A mudança foi necessária, pois precisávamos preservar o nosso acervo de livros. Muitas vezes, após chuvas, chegamos a perder livros importantes para a Biblioteca. Depois da mudança tivemos um grande aumento no cadastro de leitores.

Você participa de alguns conselhos municipais. O que podemos notar é que quando acontece uma conferência e os membros são eleitos e nomeados, existe uma grande participação por parte da população. Mas com o passar dos meses, os membros vão desistindo e deixando de participar dos conselhos. A que responsabiliza essa perca de interesse? As pessoas têm aquele entusiasmo para a realização de projetos, mas existe todo um processo administrativo para essa realização e concretização, o que acaba causando a desmotivação nos participantes. A verdade é que precisamos ser mais persistentes.

O que poderia ser feito para melhorar o incentivo a leitura? Já se faz, através de professores, das bibliotecas escolares e públicas, onde o poder público tem melhorado o acervo destas. Tem-se incentivado muito o desenvolvimento de ações que transformam o Brasil em um país de leitores. Aqui, temos a Academia Nogueirense de Letras (ANL), presidida pelo poeta Camilo Martins, que tem dentro de sua grade de atividades a Biblioteca Itinerante. É um dos projetos que leva e incentiva a leitura em praças públicas e escolas. Mas, [Sueli dá uma pausa e responde] deixando de lado a função de bibliotecária e de chefe de Cultura e assumindo o papel de mãe, acredito que o primeiro e maior incentivo a leitura deve partir de dentro de casa. Os pais são os grandes inspiradores das crianças. É dentro do lar que nasce o interesse e gosto pelo mundo mágico da leitura. O incentivo dos pais é muito importante para criar o hábito de leitura. É muito bom ver pais acompanharem seus filhos à biblioteca, tirando um tempinho para sentar com eles e ler uma história. O livro abre os olhos dos leitores para outras dimensões. Esse olhar vai permitir ao leitor desenvolver sua capacidade de reflexão e análise, vai permitir a formação da cidadania e dar as ferramentas do conhecimento. Os nogueirenses de um modo geral têm hábito de leitura.

O que a população pode esperar da Festança Julina, que acontece neste final de semana no Calçadão da XV de Novembro? Preparamos uma programação cultural extensa e diversificada para agradar a todos. Teremos shows musicais, barracas típicas, brincadeiras. Tudo feito com muito carinho para a população nogueirense. Todos estão convidados.

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