09/06/2012

ENTREVISTA: Luís Carlos Coser; presidente do PT de Artur Nogueira

Presidente municipal do PT fala sobre partido, Capelini e Alcione

“O prefeito agiu como um coronel, que vendo a reprovação do filho, manda demolir a escola” (Luís Carlos Coser)

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Alex Bússulo

Luís Carlos Coser, 50 anos de idade, nasceu em Mogi Mirim e veio para Artur Nogueira a trabalho em 1990. Três anos mais tarde, mudou-se com a esposa e o filho para a cidade ‘Berço da Amizade’, onde mora até hoje.

Projetista mecânico na área de máquinas e equipamentos, é sócio proprietário da empresa nogueirense Agriestufa, que atua em projeto, fabricação e montagem de estufas agrícolas.

Em 1986, influenciado por colegas da área metalúrgica, entrou para o Partido dos Trabalhadores (PT). Desde início de 2010, responde como presidente do PT de Artur Nogueira.

Coser é esposo de Alcione, eleita em disputa interna do partido como pré-candidata a Prefeitura Municipal de Artur Nogueira.

Em uma entrevista exclusiva, o presidente municipal do PT fala sobre a saída do prefeito Marcelo Capelini, sobre o processo da escolha interna de sua esposa e os próximos passos do partido.

Como você avalia a saída do prefeito Marcelo Capelini do Partido dos Trabalhadores? O prefeito já estava distante do partido há alguns anos. Entendo que a atitude foi planejada. Sempre buscamos o diálogo, mas ele nunca esteve aberto para conversar. Foram inúmeras ligações não retornadas, e-mails não respondidos e ausência total nas reuniões ordinárias do partido. De fato, talvez em decorrência do excesso de compromissos, o prefeito não encontrou tempo de participar da vida partidária durante esses quase oito anos.

O que achou da decisão do prefeito? Vou responder essa pergunta fazendo uma pequena comparação. O prefeito agiu igual a um coronel que construiu uma escola em sua fazenda, onde seu filho estudava, e em determinada situação quando seu filho repete de ano, o coronel, revoltado, manda demolir o prédio. Foi mais ou menos isso que aconteceu com o prefeito.

O PT fez algo para que o prefeito Capelini continuasse no partido? Durante o período das prévias internas, o prefeito já dava sinais de que, caso o seu candidato [Claudinei de Sá] não vencesse, não apoiaria outro candidato dentro do Partido dos Trabalhadores. Após as prévias, com a vitória de Alcione Coser, o procuramos, para que juntos pudéssemos compor. Mas ele estava indeciso e disse que teria uma posição até o final do mês de maio.  Assim, o distanciamento entre o executivo e o partido, provocado pelo próprio prefeito, acrescido da surpresa do pedido de desfiliação, impediram que o PT pudesse convencer o prefeito a continuar no partido.

O PT e o próprio prefeito não podem perder, e muito, com esse racha? É óbvio que toda divisão pode causar algum prejuízo. Porém, em certas separações, a perda pode ser compensada por novas composições, com pessoas com o mesmo ideal político, partidário e administrativo, sempre voltados para o bem do povo e do crescimento do município.

O prefeito disse em entrevista recente que o processo da eleição das prévias do partido não foi democrático. Capelini afirmou que o senhor “dificultou justamente a candidatura do governo e não fez nada dentro de um procedimento mais amplo para que fosse observado qual seria a melhor candidatura”. Concorda com isso? O processo das prévias do partido seguiu rigorosamente as normas ditadas pelo Partido dos Trabalhadores. Não foi acrescentado nem tirado nenhum item que não estivesse contido nas normas partidárias. Portanto, o processo foi democrático sim!

Você dificultou a pré-candidatura de Claudinei de Sá? Não é verdade que eu tenha dificultado a candidatura do companheiro indicado pelo prefeito. Conforme o regulamento e o nosso calendário eleitoral, os filiados aptos e interessados em se inscrever a Pré-Candidato a Prefeito tiveram período de inscrição de 18/03 a 25/03/12 com horário de encerramento às 12 horas do dia 25/03. Acontece que o candidato do governo chegou para fazer sua inscrição faltando sete minutos para o encerramento do prazo, e ainda com problemas na documentação e pendências de contribuição partidária. Mesmo assim, sua inscrição foi aceita, porém com ressalvas. Diferentemente de outras administrações, nas quais o dirigente Mor manda e os outros obedecem. No PT, quem decide não é o presidente, mas sim o Diretório, e no caso, quem decidiu foi o Diretório local, sempre pautado pelos regulamentos do Partido dos Trabalhadores. Na verdade, o procedimento foi amplo sim, pois teve inclusive segundo turno. O procedimento de escolha só não foi mais amplo por culpa do próprio prefeito, que se afastou do partido.

O prefeito também disse que a Alcione não o procurou para poder propor uma composição, pelo contrário, se dedicou a fazer uma campanha individual. Isso é verdade? Olha, eu entendo que o foro de discussão para indicação de candidato majoritário (Prefeito) e proporcional (Vereadores) é na sede do PT. A Alcione Coser esteve presente em todas as reuniões na sede do partido, enquanto que o prefeito, bem como, seu candidato (Claudinei) não compareceu a nenhuma reunião. Agora, não cabia à Alcione Coser ir até o Gabinete do prefeito para discutir questões partidárias, principalmente sabendo que a pauta do prefeito está sempre abarrotada de compromissos.

A Alcione fez campanha contra Capelini durante as prévias? Não. É puro boato que a Alcione tenha feito campanha individual contra o prefeito, até porque ele não é candidato nas próximas eleições. A campanha dela, junto aos filiados, transcorreu de forma limpa, sem nenhum tipo de ataque ao prefeito e seu governo. Todos que a ouviram, são testemunhas disso.

A que você responsabiliza a vitória de Alcione durante as prévias? Entendo que a vitória da Alcione Coser nas prévias veio da sua convivência com os membros do partido. Devido a essa proximidade, os filiados passaram a conhecê-la melhor e reconheceram nela a pessoa indicada e preparada para representar o PT na próxima disputa eleitoral.

Por que os filiados não votaram no pré-candidato do prefeito? Talvez por conhecê-lo.

Como assim? Os filiados conhecem o perfil da Alcione, assim como conhecem o do Claudinei. Assim, puderam avaliar e colocar na balança quem seria melhor para representá-los. O candidato do prefeito, assim como o próprio prefeito, nunca foram presentes nas decisões do partido. Acredito que esse distanciamento acabou pesando no momento da escolha política.

Como foi a relação entre o PT e o governo Capelini? Fria, distante.

Mas o partido não poderia buscar uma maior aproximação? O prefeito tem um perfil de administração fechada. Gosta que cada um resolva seus problemas. Em julho de 2011, procurei o prefeito e comentei sobre o próximo candidato do PT. Ele, rigorosamente, disse que isso era coisa para ser decidida só em abril de 2012. Desde aquela época, eu já queria preparar o partido e pensar, junto com o prefeito, um possível nome.

Como você avalia o governo Capelini? Como um governo fechado, que não soube fazer política.

O PT fez, ou ainda vai fazer coligação com algum partido? Estamos conversando, mas ainda não fechamos.

Como serão as próximas eleições em Artur Nogueira? Esperamos um processo democrático, porém acirrado.

Algumas pessoas afirmam que a Agriestufa está com várias irregularidades. Isso é verdade? Absolutamente não. A nossa empresa não tem nenhuma irregularidade, quer financeira ou trabalhista.

Não existe nenhuma pendencia na área fiscal? Como você sabe nossa empresa fábrica e comercializa estufas agrícolas, e até 2004 registramos as vendas na posição 84.36.80.00 do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias da Receita, que concede benefício de redução na base de cálculo do ICMS, prevista no Anexo II, do Convênio ICMS 52/91. O fiscal do ICMS discordou das nossas escritas e disse que as estufas agrícolas não se enquadravam naquela posição e sim na posição 94.06, e assim autuou nossa empresa. A partir de 2005 o próprio governo resolveu essa situação, criando uma nova redação especifica para estufas agrícolas e acompanhada do benefício da redução da base de cálculo do ICMS. Nossa empresa ingressou com Ação de Anulação de Débito Fiscal contra a Fazenda Pública, processo do Foro de São José dos Campos, e demonstrou preliminarmente ao Juiz que os lançamentos estavam corretos e que nada deve de ICMS. Reconhecendo plausíveis os argumentos da defesa o Juiz deferiu liminar para suspender a cobrança do débito através do despacho proferido em 16/04/12 [Neste momento, Coser retira um documento de uma pasta e lê em voz alta o parecer do juiz:] “Vistos. Verificando, pelos elementos trazidos com a inicial, a presença dos requisitos legais, defiro o pedido de antecipação da tutela para suspender a exigibilidade dos tributos e penalidades tratados no AIIIM ora impugnado, afastando, em consequência, esse óbice à expedição de Certidão Positiva com Efeitos de Negativa. Oficie-se à SEFAZ para cumprimento. Certifique a serventia acerca do andamento da execução fiscal, tornando após conclusos. Int.” Este processo foi remetido de São José dos Campos para o Foro de Artur Nogueira em 06/06/2012, podendo ser consultado pelo site do Tribunal de Justiça.

Você pretende sair como candidato a vereador nessas eleições? Tudo dependerá do resultado da Convenção do partido, prevista para o dia 17 de junho. Meu nome está à disposição do partido.

Fotos: Renan Bússulo

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