10/03/2012

ENTREVISTA DA SEMANA: Keli Crivelaro Capelini

Primeira-dama de Artur Nogueira fala sobre política, vida e rotina

“As mulheres nogueirenses são verdadeiras guerreiras” (Keli Capelini)

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Alex Bússulo

Aos 12 anos de idade, em uma noite de Carnaval em 1983, ela descobriu sua paixão por Marcelo Capelini. Enquanto curtia a folia na Avenida Dr. Fernando Arens, Keli afirma que quando viu o pequeno Marcelo sentado na guia da rua teve a plena certeza que aquele seria o homem de sua vida.

Quem conhece essa história sabe muito bem que ela começou muito antes. Aos nove anos, os dois já estudavam juntos (Marcelo é oito meses mais velho que Keli) e viviam brigando. “Um queria tirar nota melhor que o outro, eu tinha uma raiva danada dele, meu desafio diário era ser melhor que aquele moleque”, afirma a mulher que se transformaria primeira-dama anos mais tarde.

Assim como os anos, os sentimentos de criança também passaram e transformaram aquilo, que até então era uma brincadeira de criança, em um amor que dura até os dias de hoje.

Os dois se casaram em 1992 com pouco mais de 20 anos cada e tiveram duas filhas gêmeas: Dalila e Bianca.

Em 2005, Marcelo se tornou prefeito e Keli primeira-dama de Artur Nogueira. Hoje, nossa entrevistada também exerce a função de secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, sendo responsável por vários setores, como CRAS (Centro de Referência da Assistência Social), CREAS (Centro de Referência Especializado da Assistência Social), alguns Conselhos Municipais, Entidades Filantrópicas, Banco do Povo, Coordenadoria da Juventude, Coordenadoria da Mulher, Sala do Empreendedor, PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), Fundo Social de Solidariedade de Artur Nogueira, entre outros.

Em especial ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no último dia 8 de março, entrevistamos uma das mulheres mais influentes de Artur Nogueira. Aos 41 anos de idade, Keli recebeu nossa equipe em sua sala e falou sobre política, vida pessoal e como faz para administrar seu tempo e tarefas. Confira.

Como você separa a vida profissional da pessoal? No começo, quando eu e o Marcelo trabalhávamos no Escritório do Aureni, fazíamos tudo juntos. Acordávamos juntos, íamos trabalhar juntos, um dependia do outro para tudo. Isso foi mudando um pouco quando ele assumiu a vida pública como vereador e depois como prefeito. A partir desse momento cada um foi tendo sua rotina definida e independente. Hoje, procuramos não falar sobre trabalho em casa. Mesmo que eu e ele façamos questões profissionais dentro do lar, procuramos não resolver coisas um com o outro, porque, já por experiência própria, não dá certo.

O que é mais difícil: ser primeira-dama, secretária… [Keli interrompe e corrige] Na verdade eu estou primeira-dama [risos]. Eu sou esposa do Marcelo, mas eu estou como primeira-dama, assim como ele está de prefeito.

Então, tudo bem, o que é mais difícil: estar como primeira-dama, estar como secretária, ser mãe ou empresária? Cada uma dessas funções exige certa dedicação e tem suas dificuldades. É complicado classificar e definir a mais difícil. Mas se for para falar uma eu acho que estar como secretária é um pouco mais difícil, pois é uma função que você lida e administra recursos públicos e está lidando diretamente com os problemas da população. Sou uma mulher bastante insegura, por isso exijo muito de mim mesma.

E além de tudo, você ainda cursa faculdade de Direito? O Marcelo começou a fazer faculdade quando as meninas tinham apenas seis meses de vida. Na época não dava para estudar até por motivos financeiros e da responsabilidade de ser mãe. Se tivesse começado mais cedo talvez minha cabeça estivesse melhor, mas acredito que comecei na hora certa.

A Keli primeira-dama de 2005 tinha uma aparência mais conservadora, com cabelos longos e pretos. Visual, que definitivamente não é o mesmo de hoje. O que aconteceu? Eu sempre me vesti de forma a agradar a mim, não os outros. Confesso que eu tenho mais medo das rugas do que da morte. Para a morte eu não estou nem aí. Se Deus julgar que chegou minha hora eu vou tranquila, pois sei que fiz e dei o meu melhor. Agora as rugas são complicadas. Elas trazem os sinais da vida e quanto mais o tempo passa mais responsabilidade vamos acumulando. Chegou um momento em minha vida que eu apenas quis mudar de visual. Testei várias cores de cabelos e fiquei com o loiro. Fiz um corte mais moderno e me sinto muito bem desse jeito.

Algumas pessoas costumam dizer que ninguém consegue ver o prefeito Marcelo, que ele é um administrador “invisível”, como você vê essa crítica? Eu não ligo porque sei que ele está trabalhando. Sei que ele faz o que tem que ser feito. Prefiro ter um prefeito que fica dentro do gabinete trabalhando do que um prefeito que fica no bar batendo nas costas enquanto rouba o dinheiro do povo.  É verdade que o Marcelo não é tão visto pelas ruas, mas o seu trabalho traz resultados que todos podem ver. Isso eu tenho certeza.

Como você define o Marcelo? [De maneira sentimental e calma, Keli responde] Como o amor da minha vida! Desde aquele Carnaval em 1983 eu soube que ele era o homem da minha vida. Nunca tive dúvidas disso. Admiro a inteligência e a integridade que ele possui.

Como esposa, o que mudou no Marcelo depois que ele se tornou prefeito? A Prefeitura tirou um pouco da doçura dele. O fato da responsabilidade de lidar com tantos problemas e desafios o deixou mais sério. Mas eu sinto que isso é algo passageiro, que esse sentimento está lá dentro dele guardadinho.

Depois de sete anos se comportando de maneira, digamos assim, mais reservada, você e o prefeito saíram no Bloco da Vaca. Como foi isso? Desde que o Marcelo assumiu como prefeito nossas vidas mudaram. São tantos trabalhos e compromissos que a gente diminuiu um pouco a nossa vida social. Começamos a sair um pouco mais de um ano para cá. Para falar a verdade, ver o Marcelo se divertindo na Vaca, se fantasiado de mulher, surpreendeu tanto a mim como toda a família e amigos. Tiveram pessoas que até fizeram apostas falando que ele jamais sairia. Mas saiu [risos]. Como ele próprio disse no Carnaval, foi um momento em que ele se viu no direito de se divertir com o povo, já que este é seu último ano de governo. Depois de tantos anos trabalhando em prol de Artur Nogueira ele achou que merecia se divertir.

Mas em outros Carnavais vocês também estiveram presentes… Mas não igual a este ano! Sempre íamos como o prefeito e a primeira-dama, ficávamos no camarote, enfim. Este ano foi a Keli e o Marcelo como foliões.

Como você vê as mulheres nogueirenses? Batalhadoras. Vejo as nogueirenses como verdadeiras guerreiras. Na semana passada fizemos um levantamento para o Dia da Mulher e constatamos que 80% dos funcionários públicos de Artur Nogueira são do sexo feminino. Vivemos em uma cidade em que as mulheres gostam de trabalhar, além de serem as mais bonitas, é claro [risos].

Como é a questão social de Artur Nogueira? Hoje, aproximadamente mil e duzentas famílias recebem o Bolsa Família. Não temos ninguém morando nas ruas. Tem muita gente que precisa e não pede e muitos que não precisam e vem buscar ajuda. De maneira geral, não somos uma cidade carente. A gente se sustenta.

Você lida com pessoas que normalmente precisam de ajuda. Artur Nogueira apenas dá o peixe ou tem algum programa de capacitação? Para responder essa pergunta precisamos entender que existem situações em que você é obrigado a dar o peixe. Ninguém consegue pensar direito ou procurar um emprego se estiver passando fome. O que fazemos aqui é um acompanhamento. Se uma pessoa está em dificuldade social nós vamos socorrê-la, disponibilizando uma assistente social para analisar o caso. Vamos ajudá-la a sair daquela situação, mas ela terá que fazer a sua parte. Terá que mostrar que realmente está disposta a ter uma vida melhor. Ensinar a pescar é o principal, mas deve ser feito posteriormente. Hoje, o município conta com alguns cursos gratuitos, tais como artesanato, padaria, estética, corte e costura, entre outros, além de um programa de geração de renda, que auxiliam nessa missão.

Em janeiro deste ano, fizemos uma reportagem falando sobre as filas e o atendimento complicado do Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) de Artur Nogueira, onde diariamente pessoas tem que chegar de madrugada para conseguirem ser atendidas. O que está sendo feito para mudar essa realidade? O PAT é coordenado pela Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert). Nós damos a estrutura e os funcionários. O serviço prestado ali é do governo do Estado. Reconhecemos o problema do atendimento e, como já disse em reportagem, estamos fazendo de tudo para resolvermos. Já começamos a fazer o remanejamento dos funcionários e em breve estaremos aumentando a quantidade de atendentes, o que acredito que melhorará o serviço ali prestado.

Para finalizarmos, você já pensou em disputar uma eleição? Há algum tempo atrás passou pela cabeça em me candidatar como vereadora, mas ainda não é minha hora. Talvez um dia chegue o momento em que eu me sinta pronta em assumir essa responsabilidade. Mas não está em meus planos por enquanto.

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