03/10/2010

Jéssica Florêncio, a skatista nogueirense que ganhou o mundo

Imagine um quarto de menina onde no lugar de bonecas e ursinhos de pelúcias, existam muitas medalhas e troféus. Assim é o quarto da nogueirense Jéssica Florêncio. Skatista há cinco anos, a jovem ganhou o Brasil e o mundo. Recentemente, conquistou o terceiro lugar de um importante campeonato nos Estados Unidos. Na entrevista desta semana, Jéssica nos recebeu em sua casa, falou do seu talento, dos maiores desafios e dos planos que pretende realizar.


Imagine um quarto de menina onde no lugar de bonecas e ursinhos de pelúcias, existam muitas medalhas e troféus. Assim é o quarto da nogueirense Jéssica Florêncio. Skatista há cinco anos, a jovem ganhou o Brasil e o mundo. Recentemente, conquistou o terceiro lugar de um importante campeonato nos Estados Unidos. Na entrevista desta semana, Jéssica nos recebeu em sua casa, falou do seu talento, dos maiores desafios e dos planos que pretende realizar.

Como o skate entrou na sua vida? Há aproximadamente cinco anos, um amigo me convidou para participar de uma oficina de skate que estava acontecendo na escola. Até então, só tinha me aventurado em jogos pelo computador. Comecei a praticar o esporte e vi que levava jeito pra coisa.

Depois disso você já foi para os campeonatos? Não, demorou um pouco ainda. Foi depois de, mais ou menos, seis meses de treino que participei do meu primeiro campeonato.

E como foi? O primeiro campeonato que participei aconteceu no calçadão da XV, aqui mesmo em Artur Nogueira. Fomos eu e meu irmão, que também é skatista. De todos os competidores, apenas eu era mulher, e mesmo assim consegui uma boa colocação, conquistei o 2º lugar. Depois disso não parei mais. Continuei participando de vários campeonatos. Conquistando o primeiro lugar em Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, entre outros.

Você participou do Supergirl Jam, campeonato de skate realizado na Califórnia, Estados Unidos. Como foi que você conseguiu chegar lá? Com muito esforço e persistência. Sempre tive vontade de competir fora do país. Em um dos campeonatos que participei aqui no Brasil, fiz amizade com a Letícia Bufoni, skatista brasileira que mora nos EUA. Foi ela que me incentivou a participar do Supergirl Jam.

Então foi fácil ir para o campeonato? Que nada, tivemos bastante trabalho. Todo o contato com a organização foi via e-mail, e o pessoal escrevia tudo em inglês. Eu não entendia quase nada, tinha que colocar na internet e traduzir tudo. Primeiro, fiz a inscrição para participar da categoria de amador, mas não consegui ir porque estava em cima da hora e não conseguimos arrumar alguns documentos.

E daí? Eu queria participar da categoria profissional, então conversei com a organização. Eles até chegaram a perguntar se eu ia conseguir competir com os profissionais, pois já havia me inscrito uma vez na categoria amadora. Insisti e consegui a inscrição.

Depois disso você arrumou as mala e foi para a Califórnia? É, deu um pouco mais de trabalho, mas com o apoio da prefeitura de Artur Nogueira, tudo acabou dando certo. Sempre que precisava de ajuda, falava com o Marquinhos [chefe da divisão municipal de cultura], e ele sempre me ajudava com transportes e até no financiamento da viagem para os EUA.

Foi a primeira vez que você viajou de avião? A primeira de muitas. Como sempre gostei de aventuras radicais, viajar de avião foi uma experiência incrível. Afinal, fui sozinha para a Califórnia.

Sozinha? Sim, o pessoal da prefeitura me levou até o aeroporto e de lá segui sozinha para os Estados Unidos. Hospedei-me na mesma casa onde a Letícia mora. E aí foi só esperar o campeonato.

E seus pais, o que acham de tudo isso? Eles me apoiam muito. Minha mãe acompanhou o campeonato pela internet. A alegria do meu pai é me ver nos campeonatos. Não sei o que seria sem eles [durante toda a entrevista a mãe, Alessandra, esteve presente].

Quando aconteceu o campeonato? Saí do Brasil no dia 13 de agosto deste ano. O campeonato aconteceu em 22 do mesmo mês. Retornei ao país no dia 10 de setembro.

Sua participação no campeonato aconteceu em um dia. O que fez durante o tempo restante? Treinei e me preparei para a competição, conheci algumas pistas de skates. Além de visitar as cidades de São Francisco e San Diego.

E como foi o campeonato? Tive 24 minutos para me apresentar. No total, fiz três obstáculos, competindo com skatistas do mundo todo. Assim fui passando até chegar à semifinal. Competi e conquistei o terceiro lugar do campeonato.

Qual foi o prêmio? Ganhei medalha e o valor de dois mil dólares.

Com 18 anos de idade, você já é uma atleta profissional, o que pretende fazer daqui pra frente? Quero treinar mais e melhorar meu desempenho nas manobras. Em maio do ano que vem quero voltar aos Estados Unidos e participar dos campeonatos americanos. Minhas chances de crescer lá são muito maiores do que a daqui.

É mesmo? Sim, aqui no Brasil o skatista ainda sofre preconceitos. Você sai na rua com o skate e é comparado com vagabundo e drogado. A discriminação é forte. Ainda mais porque sou mulher, enfrentar isso é mais difícil ainda, é por isso que digo, se eu não tivesse persistência não tinha chegado aonde cheguei.

Os Estados Unidos apoia mais? Sem dúvidas. Lá não existe essa discriminação. É a mesma coisa do futebol para o Brasil. Lá as crianças ganham skate quando nascem, existe incentivo.

O que você diria para quem quer ser skatista? Não pode ter medo. O skatista tem que saber e estar preparado para cair no chão e se ralar todo. Persistência também tem que fazer parte, tem que ter objetivos e correr atrás, eu corri.


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