20/10/2012

ENTREVISTA: Vereador mais votado fala de campanha, cidade e Câmara

Ermes Dagrela


“Vou fazer de tudo para estreitar o relacionamento da Câmara com o povo” (Ermes Dagrela)

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Texto: Alex Bússulo / Produção: Quézia Amorim / Fotos: Renan Bússulo

Com a proposta de ser o ‘candidato do povo’, Ermes Rodrigues Dagrela, de 67 anos de idade, foi o candidato mais votado nas eleições municipais deste ano. Com 852 votos, o nogueirense promete aproximar a população do legislativo de Artur Nogueira.

Nascido em 1945, em Nova Granada – SP, Ermes aprendeu desde cedo a importância do trabalho. Na infância, ajudava a família na agricultura. Aos 15 anos aprendeu a confeccionar roupas masculinas com um tio, trabalhando até os 22 anos como alfaiate.

Foi ainda jovem que descobriu sua vocação para a carreira militar. Fez exame e ingressou na Força Pública do Estado de São Paulo. Após a unificação com a Guarda Municipal de São Paulo, Ermes passou a ser policial militar, cargo que o deu destaque e responsabilidades em várias cidades de São Paulo, incluindo Artur Nogueira.

Após aposentadoria como 1º Sargento da Reserva, passou a atuar na Associação de Amigos e Moradores dos bairros Vista Alegre, Parque dos Trabalhadores, Nosso Chão e Coração Criança, onde descobriu seu interesse por política.

Em 2004 se candidatou a vereador de Artur Nogueira pelo Partido dos Trabalhadores (PT), sendo eleito com 699 votos.

No final de seu mandato, filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) e foi candidato a vice-prefeito, apoiando a candidatura de Júnior Barros (PV) para o Poder Executivo do município, sendo derrotado pelo atual prefeito Marcelo Capelini.

Em 2012, Ermes se candidatou novamente para vereador e teve êxito em sua campanha. Na entrevista desta semana, o candidato eleito fala sobre campanha, como pretende ajudar Artur Nogueira e como vê a atuação da Câmara Municipal.

O senhor esperava ser o candidato mais votado nessas eleições? Sim. Para falar a verdade eu esperava receber mais votos. Acredito que fui eleito pelo trabalho social que venho desempenhando em Artur Nogueira. Sempre estou disposto a ajudar todos que precisam. Nunca disse não para ninguém. Independente de horário, seja de madrugada ou durante o dia, eu sempre estive à disposição dos mais necessitados. Isso tudo contou na hora da campanha. Apenas colhi os frutos que plantei, esse foi o meu segredo. Também confesso que não tive muito trabalho para pedir votos, muitos me encontraram ou me ligaram dizendo que votariam em mim. A confiança depositada em mim é muito gratificante.

Qual foi o seu diferencial durante a campanha? Meu diferencial foi fazer uma campanha simples, humilde. Não fiz promessas para ninguém. Não prometi nada para nenhum eleitor, apenas me comprometi em trabalhar pela cidade. Essa sinceridade me ajudou a ser eleito vereador em Artur Nogueira.

Quanto o senhor gastou na campanha? Eu não fiz uma campanha com festas, cervejas e churrascada. Ganhei a eleição da forma que eu sempre fui. Meu gasto na campanha foi com a gasolina do meu carro, nada mais. Gastei pouco porque eu tinha pouco para gastar. O que eu tive na verdade, e sou muito grato a isso, foi a ajuda que meu grupo político me deu, com placas e santinhos. Falando em santinhos, também tenho orgulho em dizer que não joguei nenhum papel nas ruas da cidade. Todos os meus panfletos foram entregues em mãos. O que não consegui entregar durante a campanha ficou guardado. Estou com um saco cheio de santinhos lá em casa. Não joguei nenhum. Minha campanha foi baseada no olho a olho, corpo a corpo, sem promessas milagrosas.

Por que quis ser chamado de ‘candidato do povo’, durante o período eleitoral? Porque eu sempre fui do povo, sempre estive do lado do povo, por isso decidi colocar em meu próprio nome ‘o candidato do povo’. Mas isso não é coisa nova. Em 2004, quando fui eleito vereador pela primeira vez, já havia colocado essa frase nos santinhos da época. Meu discurso foi esse, de ser e estar sempre dispostos a ajudar as necessidades da população nogueirense.

Como ex-policial, o senhor conheceu na prática as dificuldades enfrentadas pelo profissional da segurança. Agora, sendo vereador como pretende contribuir com a classe? Nesta área eu posso garantir que tenho conhecimento de causa. As polícias Militar e Civil pertencem ao Governo do Estado. A Guarda já está sob-responsabilidade do executivo municipal. O segredo para que a coisa funcione e dê certo é fazer com que as três trabalhem juntas em prol da população. Sem essa harmonia é impossível proporcionar segurança aos moradores. É notória a necessidade de investimentos nos policiais, estrutura física, viaturas e armamentos. O que estiver ao meu alcance para contribuir com a segurança da cidade, pode ter a certeza que irei fazer.

Qual é o maior problema de Artur Nogueira? A Saúde do município está melhorando. Antigamente esse era o nosso setor mais problemático. Para fazer exames de Mamografia a mulher tinha que sair daqui às 5 horas da manhã e só conseguia retornar no final da tarde. Exames de endoscopia era a mesma coisa. Para o paciente conseguir uma consulta demorava semanas e até meses. Era algo desumano. Isso mudou. Vários exames já podem ser realizados no próprio Pronto-Socorro e os agendamentos ficaram muito mais ágeis. Hoje, acredito que o maior problema da cidade esteja relacionado com a falta de água. Ouvi muita reclamação disso durante a campanha. O povo está indignado. Os moradores do Itamaraty muitas vezes apenas recebem água de madrugada. Ninguém merece isso. Chegamos a este ponto crítico porque não houve investimento no setor. Temos que cuidar do Rio Poquinha, da Represa do Sítio Novo, investir em captação, tratamento e distribuição de água. Sem investimento não tem solução. Essa será uma luta minha em prol da população.

O que o senhor pretende fazer de diferente de seu primeiro mandato como vereador? Hoje eu tenho mais experiência e conhecimento. Antigamente, por não conhecer o processo, eu ficava pendente em alguns projetos. Meu primeiro mandato me serviu como uma faculdade. Hoje, me sinto muito mais preparado do que em 2005. Eu aprendi muita coisa, aprendi a respeitar a população, a valorizar ainda mais cada cidadão.  O projeto que for bom, a gente não tem que mexer. Aquele que tiver uma dúvida tem que ser mexido. Vou estar mais atento às coisas boas. O prefeito, quando manda um projeto, ele espera ser aprovado da maneira dele. Mas, a Câmara pode aprovar, reprovar ou lapidar o projeto.

O que o senhor pretende fazer para aproximar a população da Câmara Municipal? Na minha primeira legislatura, ao lado do Silvinho Conservani (PV) e do Júnior Barros (PV), participei da criação e implantação da Câmara Itinerante, que levava as sessões até a população. Era uma ideia que dava trabalho, devido a locomoção de materiais e equipamentos da Câmara, mas que surtia resultado. O povo comparecia nas sessões, pois estava mais perto dele. Acredito que se a população não vai até a Câmara, a Câmara deve ir até a população. É muito importante que o povo participe, compareça e participe das decisões que vão interferir na vida dos nogueirenses. Vou fazer de tudo para estreitar o relacionamento da Câmara com o povo.

Uma vez que o senhor é oposição, como será seu relacionamento com o Poder Executivo? Uma coisa é fato: não vou fazer oposição simplesmente por fazer. Acredito que nós vereadores poderemos trabalhar em conjunto com o prefeito eleito. Quando todos querem o bem da cidade não tem porque ficar barrando as ideias e projetos. O que for bom para Artur Nogueira o prefeito terá o meu apoio. Quero acompanhar de perto todos os projetos. Essa é a minha linha. Eu acredito que o prefeito não vai ter essa visão de deixar o vereador isolado. Um prefeito inteligente não vai fazer questionamento e dificultar os pedidos dos vereadores. Ele vai unir as bases, unir o pessoal. Acredito que o próximo governo será um governo sadio.

Por que o senhor saiu do PT, partido que o elegeu em 2004, e foi para o PSB? Você conhece bem o prefeito Marcelo. Eu o admiro como administrador. Ele é um cara supersério e honesto. Ele recuperou a cidade. Quando fui vereador, fui membro de uma CPI que apurou irregularidades do governo anterior ao de Capelini. A cidade tinha uma dívida de mais de R$ 22 milhões. A prefeitura não tinha crédito para comprar um prego. Hoje, ela está lapidada. Tem dinheiro para os aposentados. O prefeito Marcelo Capelini recuperou a casa. Isso ninguém pode criticar. Mas, por outro lado, ele sempre foi de difícil acesso, o que causava o atraso ou o impedimento de vários projetos que eu queria implantar. Sai do PT porque não havia suporte. Tinha sido o terceiro vereador mais votado e mesmo assim não recebia o respaldo necessário. Sai e entraram com um pedido de cassação ao meu cargo de vereador por infidelidade partidária, mas acabei ganhando a situação. Não tenho nada contra o Marcelo. Ele é uma pessoa a quem a cidade deve muito. Foi um dos governos mais sérios que já tivemos.

O que o senhor está fazendo atualmente? Posso dizer que já estou trabalhando e vou continuar trabalhando pelos nogueirense. Quero retribuir com muito carinho e dedicação cada voto que me foi dado. Eu já estou na rua. Sou um vereador assistencialista, gosto de ajudar quem precisa. Não sou um vereador que vai ficar dentro da sala, eu sempre estarei na rua, procurando dar o melhor de mim. Podem contar comigo. Sou a favor de dar o peixe e também de ensinar a pescar. Vou lutar para o bem de toda a população, afinal de contas, eu sou e sempre serei o ‘candidato do povo’.

 


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