19/11/2011

ENTREVISTA DA SEMANA: Diógenes Duzzi

Conheça um pouco mais sobre as aventuras do cantor Leen Fyncon

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Alex Bússulo

Ele nasceu em Limeira, mas veio para Artur Nogueira enquanto ainda era criança e nunca mais parou de fazer ‘arte’ pela cidade. Diógenes Duzzi trabalha com usinagem, mas o trabalho é apenas uma fachada para a sua grande paixão: a música.

Há cerca de dez anos criou junto com alguns amigos o Trio Labamba e a dupla Leen Fyncon & Leen Karcon, que ficou conhecida por melodias como a da ‘Castanhola’ e ‘Fuma Companheiro’, que viraram hits no You Tube.

Hoje, aos 57 anos de idade, o ‘Leen Fyncon’ não perdeu o rebolado, muito menos o humor. Com quatro discos gravados, o nogueirense se prepara para seu quinto trabalho, sempre seguindo a linha da sátira e da comédia.

Em uma conversa de mais de uma hora em sua oficina no bairro Itamaraty, Diógenes fala sobre suas músicas, suas artes e sobre o Baile dos Anos 60. Confira.

Como você se considera: mecânico, folião, artista?  Eu sou um arteiro! Fazer ‘arte’ sempre foi comigo mesmo. Pra falar a verdade eu tenho até um pouco de remorso pela minha mãe. Coitada [risos]. Imagina um filho que deu trabalho…

Onde você nasceu? Nasci em Limeira e vivi lá até meus sete anos. Morávamos no meio de duas zonas. Quatro casas pra cima era zona, quatro casas pra baixo era zona. O povo vivia confundindo as casas [risos]. Vim muito pequeno para Artur Nogueira, me considero um nogueirense da terra mesmo.

Eu fiquei sabendo que você aprontou muito na sua adolescência… Rapaz, [coçando a cabeça] eu fui terrível. Dos meus 15 aos 23 anos eu tive 11 intimações da polícia. Naquela época eu fundei uma escola de samba em Artur Nogueira, a Rubro Negra, e precisávamos ensaiar os enredos, mas é claro que fazia muito barulho, o que acabava incomodando muita gente e a polícia descia em cima. Até que começamos ensaiar no Cemitério…

Cemitério? Foi o jeito! Era o único lugar que não incomodava ninguém, porque não tinha casas por perto. Íamos a turma toda à noite na frente do Cemitério e ficávamos lá. Se fizéssemos mais próximo a cidade no outro dia eu era chamado na Delegacia.

Você sempre gostou de Carnaval? Sempre estive no meio da bagunça. Muitos blocos que ficaram tradicionais em Artur Nogueira fui eu que criei. Fundei o Bloco da Vaquinha, o Vai quem Ké e o Socopó

O Socopó era aquele que todo mundo sujava todo mundo na avenida? Era uma bagunça só [risos]. A ideia desse bloco surgiu junto com um amigo, o Magrão, que na época trabalhava na prefeitura. Nós queríamos montar um bloco diferente, uma espécie de bagunça organizada. Entrei na sala do Magrão e perguntei se havia encontrado um nome legal e ele respondeu meio que na pressa ‘ah, põe o nome que você quiser, soca o pau’ e eu entendi ‘socopó’ [risos]. Deu no que deu. No começo era divertido, mas a avenida ficava toda suja. No dia seguinte a minha mãe era a mais xingada de Artur Nogueira. Depois o negócio começou a ficar pesado, o pessoal começou a levar cimento, cal, água de bateria na avenida e o bloco acabou.

É verdade que você já foi jogador profissional de futebol? Olha, eu já fiz tanta coisa na minha vida que eu nem sei por onde começar. Joguei futebol, ping-pong, joguei quase de tudo, nada bem [risos]. Muito menos profissional. No caso do futebol, nunca sai do amador. O povo fala por aí que eu jogava bem, mas se isso fosse verdade eu estaria jogando em um grande time hoje, não é mesmo?

Como surgiu a dupla Leen Fyncon & Leen Karcon? Foi há dez anos aproximadamente. Mas antes dessa dupla eu tive outra, em parceria com o Osni do bar, chamada Micose & Frieira [risos]. Fizemos muito sucesso pela cidade por mais ou menos uns quatro anos. Aí surgiu um japonês de uma pastelaria e começou a cantar com a gente, formando o Micose, Frieira e Mirtosubiche. Mas o trio não foi pra frente e acabou. Foi depois disso que eu e o Tuto Capato formamos o Leen Fyncon & Leen Karcon. Dupla é um negócio engraçado rapaz, você tem que dá uma equilibrada. Sempre tem um cantor que é mais judiado, mais ‘feinho’, como eu [risos]. O Tuto já tem mais pinta de galã, é bonitão. Juntou o feio com o bonito e deu certo. Já gravamos quatro CDs e muitas histórias engraçadas…

Conta uma dessas histórias pra gente. [Diógenes se ajeita na cadeira e suspira] Tem coisa que não dá para contar que vai me comprometer [risos]. Vou contar uma leve. Teve uma vez que eu e o Tuto fomos cantar no festival Viola de Todos os Cantos e na hora da apresentadora nos chamar no palco ela não quis falar Leen Fyncon & Leen Karcon. Acho que ficou com vergonha, sei lá.

E daí? Chamou Tuto e Diógenes mesmo [risos]!

Vocês já erraram alguma vez no palco, alguma música, letra? Ah, a gente erra tudo! É raro quando acerta alguma coisa.

Com dez anos na estrada, a dupla já sobrevive financeiramente? Coitado! O nosso CD a gente tem que dar para o povo porque ninguém tem coragem de pagar alguma coisa por ele.

Você já foi assediado durante algum show? [Diógenes começa a rir] Caramba, nem a minha mulher assedia eu [risos]. O Tuto já tem mais sorte nessas coisas.

E a sua família como vê seu trabalho artístico? Minha mulher não gosta muito dessas coisas não [risos]. Teve uma vez que ela ganhou em um sorteio da Apae um CD nosso e devolveu. Nem minha mulher consegue ouvir, dá pra acreditar?

[Neste momento a entrevista é interrompida pelo telefone. Diógenes vai atender, fala algumas coisas e volta reclamando]

Quem era? Cara, é uma entidade por dia que me liga, e eu ajudo todas. No final do mês vou somar dá mais de duzentos reais só com entidades de fora, tudo de Campinas. É Coração Criança, Coração de Jesus, Casa dos Desamparados, Casa do não sei do quê. Aqui são dez ligações por dia, oito é entidade pedindo ajuda…

E as outras duas? Cobrança [risos]!

Vamos falar de política. Você já tentou ser vereador em Artur Nogueira, como foi isso? Ah, se tem uma coisa que eu não gosto é de política! Nem de político. Têm lá suas exceções, os bons lá no meio, mas é uma área delicada, tem muita falsidade e eu não gosto disso. Tentei ser vereador sim, mas porque insistiram muito. Tive 186 votos, acabei não sendo eleito por apenas oitos votos.

Perdeu por oito votos e não tentou mais? No fundo acho que não queria isso. Na época um time de futebol chegou e disse que todos votariam em mim se eu patrocinasse um jogo de camisas para os jogadores. Conversei com o pessoal e consegui o bendito uniforme. Quando eu fui entregar o técnico do time disse que outro candidato ia dar as camisas, calções e as meias e perguntou se eu cobria a ‘oferta’. No final das contas voltei pra casa com todas as camisas e perdi a eleição.

Além do Leen Fyncon & Leen Karcon, você também participa do Trio Labamba, como é isso? O Trio Labamba surgiu quase que junto com a dupla. Tivemos a ideia para o baile dos anos 60. O trio é formado por mim, o Tuto, minha filha Luana e o Leandro Capato…

Mas isso é um quarteto! [risos] É que no começo era só eu, a Luana e o Tuto. O Leandro está com a gente desde o terceiro baile e já incorporou o grupo, só não mudamos o nome. Até nisso a gente é diferente. Já fizemos oito bailes em prol da Aidan, dois para a Apae e neste ano, para a Sasan.

 


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