09/03/2013

ENTREVISTA: Detinha, um exemplo de trabalho, fé e humildade

“Trabalhar e ter fé em Deus é o segredo para quem quer alcançar o sucesso” (Detinha) …………………………….. Alex Bússulo O Portal Nogueirense traz hoje uma entrevista especial com uma das mais tradicionais empresárias de Artur Nogueira, a Detinha. Proprietária de uma loja de roupas e calçados no centro da cidade, esta senhora de 67 anos […]

Detinha“Trabalhar e ter fé em Deus é o segredo para quem quer alcançar o sucesso” (Detinha)

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Alex Bússulo

O Portal Nogueirense traz hoje uma entrevista especial com uma das mais tradicionais empresárias de Artur Nogueira, a Detinha. Proprietária de uma loja de roupas e calçados no centro da cidade, esta senhora de 67 anos é um exemplo de fé, trabalho e humildade.

Agendamos a entrevista e no horário marcado chegamos na ‘Loja da Detinha’. Esperamos por alguns minutos e fomos recebidos gentilmente pela entrevistada. Com aquele sorriso que só quem conhece sabe, Detinha nos convidou para irmos a um espaço ao fundo da loja. “Não reparem a bagunça. Esse aqui é um lugarzinho escondido que nós utilizamos de vez em quando”, afirma a senhora.

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Sentamos ao lado de uma pequena mesa e iniciamos a conversa. Sempre sorridente e de poucas palavras, Detinha nos falou sobre o início da loja, da fé que tem em Deus e revelou de onde é que tira forças para tanto ânimo e alegria.

Claudete Tagliari nasceu no dia 1º de abril na cidade de Artur Nogueira. Filha de Alduino Romildo Tagliari e Angelina Mauro Tagliari é a quarta filha de cinco irmãos. “Meu pai tinha um armazém na Avenida Dr. Fernando Arens. Naquela época era tudo muito diferente. Lembro que, ao lado dos meus irmãos, ajudava meu pai a vender e a organizar o armazém. Foi lá atrás, quando tinha meus 14 anos de idade, que comecei a atender clientes”, afirma Detinha.

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A nogueirense morou até os 13 anos em um sítio da família no bairro do São Bento. Estudou no Grupo Escolar Francisco Cardona, que na época ficava localizado onde hoje é o prédio desativado da Biblioteca Municipal, no centro. Devido ao trabalho e as dificuldades, Detinha estudou até a quarta série do antigo primário. “A cidade era muito diferente do que é hoje em dia. As coisas cresceram. Hoje, tem muito mais comércio e gente do que naquela época. Todo mundo conhecia todo mundo”, conta a empresária.

Quem entra hoje na ‘Loja da Detinha’ pode encontrar a própria dona no balcão, sorrindo e atendendo os clientes. Segundo os próprios funcionários da empresa, Detinha é uma das primeiras a chegar e uma das últimas a sair da loja. Gosta de estar sempre junto, acompanhando todo o trabalho. Pergunto para ela se ao completar 66 anos de idade no próximo mês, ela não pensa em parar de trabalhar e curtir mais a família, viajar e conhecer lugares do Brasil e do mundo. A resposta surpreende: “Nunca pensei em parar de fazer o que faço. Não me vejo sem trabalho. Trabalhar e ter fé em Deus é o segredo para quem quer alcançar o sucesso. Aos domingo, quando não tenho que trabalhar, já acho estranho”, conta a nogueirense.

Como já disse acima, Detinha vive sorrindo. Chega a um ponto que é até difícil entender como alguém pode ser feliz como ela. “Não adianta nada uma pessoa ficar triste, chateada com o mundo. Nunca vi tristeza pagar conta de ninguém. Tendo fé em Deus, família e trabalho a gente não precisa de mais nada”, conta.

Este ano, a ‘Loja da Detinha’ completa 41 anos de existência. Um local que além de ter tradição, também se destaca como uma empresa familiar. Ao lado dos filhos, netos, genro e nora, além de vários funcionários, Detinha conta que no começo as coisas eram bem diferentes. “Meu pai decidiu passar alguns de seus bens para os filhos. Meus irmãos ficaram com o armazém e eu fiquei com uma lojinha, que era cuidada por minha mãe e uma cunhada. Assumi, e ao lado de meu marido, comecei a tomar conta da loja. Naquela época, ela se chamava ‘Loja Santa Terezinha’. Vendíamos apenas algumas peças de roupas. Lembro-me que era uma única portinha. Tudo muito pequeno e apertado”, conta.

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Detinha lembra rindo que no início o “povo” tinha mais dinheiro. “A fartura era bem maior do que hoje. As famílias viviam da agricultura e, quando faziam a colheita, faturavam bastante. O comércio vendia muito naquela época. Também é bom lembrarmos que há décadas atrás existia a minha loja e mais duas ou três na cidade. Hoje são mais de cem”, afirma.

Detinha casou-se nova, aos 18 anos de idade. O esposo, Benedito Ferreira, que era conhecido simplesmente como ‘Dito’, ajudou a empresária no começo. Praticamente como um verdadeiro sócio, Detinha viajava com o marido para fazer as compras e trazer as novidades da época para o comércio nogueirense.

Dito e Detinha tiveram dois filhos, José Carlos e Joseli Maria. Mas o relacionamento do casal não foi um conto de fadas. Após várias dificuldades na relação, a separação foi inevitável. “Estaria mentindo se falasse que foi fácil. Separar foi difícil, mas necessário. Não sei se fiz a escolha certa, mas não me arrependo do que fiz. Hoje, olho para trás e vejo que foi Deus que me ajudou a caminhar”, afirma Detinha.

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A empresária ainda conta que foi um irmão, o Décio, quem a ajudou a continuar na loja depois da separação com o marido. “Bem no começo era o meu irmão que ia buscar as roupas para a gente colocar para vender. Depois de algum tempo, meus filhos deixaram os trabalhos que exerciam e vieram trabalhar comigo na loja. Hoje, posso dizer que sou eternamente grata a eles pelo o que fizeram. Sem eles, sem a minha família, tenho certeza de que não estaria mais aqui e a loja não seria o que ela é hoje”, desabafa.

Muito religiosa, Detinha faz questão de frequentar a Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores sempre que pode. Mulher de fé, fala de Deus com autoridade e intimidade. Sabe e reconhece que sem Ele não seria possível viver eternamente. “Deus está sempre comigo. Quem tem Deus no coração não precisa de mais nada. Sem Ele, não existe alegria, amor… Nada”, diz.

Em 1995, já com a loja estabelecida, foi surpreendida com a saúde do próprio pai. Depois de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), o senhor Alduino passou a ser cuidado por Detinha. Mesmo tendo todos os afazeres domésticos e gerenciar todo um comércio, a filha não abriu mão de estar ao lado do pai, com quem cuidou com muito carinho e dedicação.

Depois de um tempo, o nome da loja mudou, pois pouca gente chamava o local de ‘Santa Terezinha’. Na verdade, sempre foi e sempre será simplesmente a ‘Loja da Detinha’, de uma mulher nogueirense que aprendeu com as dificuldades e nunca desistiu de ser feliz.

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Quem conversa com a empresária percebe no tom da voz e nas palavras a simplicidade e humildade da nogueirense. O sucesso não mudou a rotina da Detinha, pelo contrário, ela continua a mesma de sempre. Segundo os próprios filhos, se fosse por ela, ainda estaria morando nos fundos da loja. Não liga para roupas, móveis, muito menos para aparência. Sabe que a verdadeira riqueza e beleza está em Deus e nas coisas simples da vida.

Uma mulher batalhadora, vencedora e que deveria ser tida como exemplo por muitos. Ao contrário de certas pessoas que valorizam mais as coisas do que a família e a religião, Detinha é daquelas mulheres que sentimos o orgulho em dizer que é NOGUEIRENSE.

Fotos: Renan Bussulo
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DetinhaCaricatura: Tomás de Aquino


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