19/05/2012

ENTREVISTA DA SEMANA: Carlos Antônio da Silva, empreendedorismo e estudos

Empreendedor fala sobre sucesso, talento e qualificação profissional

“Não adianta nada você ter sucesso e não poder contribuir com a sociedade que vive” (Carlos Antônio da Silva)

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Alex Bússulo

Nascido em Três Marias, Minas Gerais, Carlos Antônio da Silva, ou simplesmente Carlinhos como é conhecido pelos colaboradores e amigos, aprendeu desde cedo que para atingir o sucesso é necessário planejamento e luta.

Sempre estudioso, construiu do zero a GCY, uma empresa de Contabilidade, e adquiriu uma franquia de qualificação profissional, Microlins, que atende mais de 500 alunos atualmente em Artur Nogueira.

Saiu de Minas Gerais em 1970 e veio com os pais para Cosmópolis, onde teve seu primeiro emprego. Estudou Contabilidade, Administração de Empresas, Direito e fez pós-graduação em Recursos Humanos.

Em uma conversa de aproximadamente uma hora, Carlinhos nos dá uma bela lição de vida, onde diz que o segredo para o sucesso é o estudo e a persistência. Confira.

Quando foi que descobriu a vocação para a sua profissão? Foi muito cedo. Meu primeiro emprego foi em Cosmópolis, cidade em que morava com meus pais. Em 1976, aos 16 anos de idade, comecei a trabalhar no Círculo Amigos Menino Patrulheiro (Camp), famosa Guardinha de Cosmópolis, depois trabalhei na Prefeitura e na Câmara Municipal de lá, exercendo a função de office-boy. Mas foi na Organização Contábil Hermes Kiehl, de Cosmópolis, que eu descobri e me apaixonei pela Contabilidade. Desde aquela época já comecei a sonhar e planejar que um dia teria meu próprio negócio.

Qual foi seu primeiro contato com Artur Nogueira? Ainda em Cosmópolis, comecei a fazer curso técnico em Contabilidade. Aos 18 anos, fui convidado a trabalhar no Departamento Pessoal da Teka de Artur Nogueira. Depois que conclui o curso técnico, fui cursar Administração de Empresas. Em pouco tempo, aproximadamente dois anos de trabalho, fui promovido a supervisor, onde já liderava uma equipe e trabalhava com aproximadamente 1500 funcionários.

Também houve uma época que você foi trabalhar na EPTV Campinas, como foi isso? Eu já tinha mais de 12 anos de trabalho na Teka, cheguei a ser chefe de Recursos Humanos. Mas sempre buscava mais, afinal queria realizar meu sonho de ter um escritório. Em 1990, tive a oportunidade de trabalhar como gerente de RH na EPTV. Por um ano e seis meses trabalhei lá. Na época, muitas pessoas falavam que eu não deveria sair da Teka e ir me arriscar em Campinas. Embora de origem pobre, meu pai sempre me incentivou a acreditar e correr atrás de meus ideais. Hoje, analisando meu trajeto profissional, posso afirmar que valeu muito o aprendizado que tive na EPTV. No dia 19 de abril de 1991 abri meu escritório de Contabilidade em Artur Nogueira.

Como foi o começo? Sempre com muita luta e pé no chão. Eu tinha uma pequena sala na Rua Adhemar de Barros no centro da cidade, onde trabalhava com uma colaboradora. No começo, fazia a Contabilidade de apenas um açougue. Costumava ir onde estavam construindo prédios comerciais e me apresentava, sem compromisso nenhum, deixando meu cartão e meus serviços à disposição.

Fazendo uma retrospectiva, como classifica sua trajetória profissional? Meu caminho foi definido desde a minha adolescência. Sempre mantive o foco. Meus objetivos sempre foram claros para mim. Priorizar a qualidade e a personalização no atendimento foi uma grande lição que aprendi desde cedo. A atenção que você dá para as pessoas, independente se ela é um cliente ou não, é muito importante. Sempre considerei todo mundo como um cliente em potencial. Tornar ou não um cliente é uma consequência do negócio. Eu tenho que tratar gente como gente. Com educação e humildade que considero inerente ao ser humano. Se todos fizessem isso eu não tenho dúvidas que teríamos um mundo muito melhor. Meu atendimento sempre foi personalizado para todas e qualquer tipo de pessoas. A atenção é fundamental quando se propõe a prestar qualquer tipo de serviço.

É simplesmente uma questão de educação, ou vai além? É simplesmente educação. A educação faz parte do ser humano. É nossa obrigação sermos humildes e educados. Não deveria ser diferente.

Como lida com a questão da responsabilidade? Gosto de ensinar e delegar responsabilidades. Ter responsabilidade é fácil, basta você querer, mas se você não tiver alguém que te oriente, te delegue responsabilidade, fica só um trabalho de execução, e executar é a coisa mais fácil que tem. A questão é você engajar na atividade que você se propõe a fazer de uma forma com responsabilidade. Ganhar ou perder faz parte do jogo, mas lutar para atingir o sucesso é obrigação de cada um que se propõe a realmente crescer, a ser um bom ser humano, um bom profissional. Porque, afinal, ser mais um ser humano é fácil, ser mais um marido é fácil, ser mais um profissional é fácil, agora ser “o” ser humano, “o” profissional, “o” marido que é difícil. O desafio é ter o diferencial, ser comum é a coisa mais fácil que existe. Ir lá, executar o seu trabalho e receber o seu salário no início do mês é fácil, mas o que você pode fazer para contribuir com a empresa que trabalha, ou no seu próprio negócio? Com seu município, região, estado ou país? As pessoas devem sempre perguntar o que devem fazer para melhorar a sua condição de vida e daqueles que estão ao seu redor. Tem uma frase do ex-presidente dos Estados Unidos John Kennedy que sempre levo comigo. Em certa ocasião, ele disse: “Não pergunteis o que o vosso país pode fazer por vós, e sim, o que podeis fazer por ele”. É isso.

Você já estudou Contabilidade, Administração de Empresas, Direito e pós-graduação em Recursos Humanos. É notório que é um homem que gosta de estudar. Qual a sua relação com os estudos, uma vez que sempre está na correria do dia a dia? Costumo dizer que sou um eterno aprendiz. Sou de origem simples. Meus pais nunca tiveram a condição de me proporcionar estudos em colégios particulares, e isso nunca me serviu como obstáculo, mas sim como motivação. Eu não consigo estar em algum lugar, esperando alguma coisa, sem estar lendo algum livro, documento ou processo. Com a tecnologia que existe, temos acesso a bilhões de informações todos os dias, no entanto, existe uma diferença entre ter informação e ter conhecimento. Informação vem até você e vai embora, já o conhecimento é você quem vai atrás. E depois de adquirido ninguém tira de você. Sempre trabalhei e estudei. Na época da faculdade sempre ia dormir de madrugada, e isso não me matou, pelo contrário, me deixou mais forte. Minha busca pelo conhecimento é eterna. O segredo do sucesso é o estudo. Ele é o ponto inicial. A partir dos estudos você consegue ter uma visão mais ampla para a vida profissional e para o mundo.

Você acredita que a comodidade acaba atrapalhando a vida das pessoas? Eu tenho certeza disso. Não sei se é um problema cultural apenas da nossa região ou de todo o resto do país. O povo está muito acomodado, seja no âmbito profissional, educacional ou familiar. É muito fácil reclamar dos nossos políticos, dos nossos órgãos públicos, das empresas, mas o que essa pessoa está fazendo para melhorar a sua própria realidade? A atitude só depende de cada um, de mais ninguém. Existem boas escolas em vários lugares, basta nos esforçarmos.

Qual é a principal característica de um bom funcionário? Entre várias qualidades que eu poderia dizer, vou destacar o caráter. Para mim, um bom funcionário é aquele que é honesto e responsável. A parte técnica eu posso dar, posso ajudar.

Como você lida com os riscos? Você é uma pessoa que arrisca? Sempre. A comodidade não faz parte do Carlinhos. Quando você decide sair do comodismo e buscar algo melhor automaticamente estará assumindo uma posição de risco. Eu gosto do risco. Ele é importante, mas de uma forma sensata, equilibrada. Sabendo que o risco que você vai correr pode te trazer um sucesso ou um insucesso. Saber lidar com o insucesso é muito difícil, mas é preciso às vezes. Você terá que passar por alguns insucessos em sua vida para que tenha uma evolução lá na frente.

O que é sucesso? Sucesso é a sua realização como profissional. É você estar de bem com aquilo que você está fazendo. Tendo uma remuneração digna que você acredita para a sua vida. E mais do que isso, o sucesso tem que vir acompanhado de uma contribuição social para a humanidade. Não adianta nada você ter sucesso e não poder contribuir com a sociedade que vive. Se você obtiver sucesso na vida e não ajudar aqueles que estão a sua volta pode ter certeza de que você sentirá ainda um vazio.

Como define a palavra talento? Cada pessoa tem um talento. Por mais diferente que uma pessoa possa ser ela terá um talento escondido dentro de si. Para um talento florir ele precisa ser motivado, principalmente pelas pessoas que estão à volta. Hoje, vemos muitas pessoas que ainda não descobriram suas vocações porque a sociedade acabou sufocando os ideais de cada um. Mas também é importante colocarmos que de nada vai adiantar motivação se a pessoa que possui determinado talento não fizer nada, não quiser ou aceitar a motivação. A motivação deve ser como um empurrão, a velocidade quem dá é cada um.

Qual é o segredo para uma empresa ser bem sucedida? Em qualquer ramo que o empresário escolher atuar ele deve ter, no mínimo, um pouco de conhecimento na área. Se você não possui a qualificação necessária se alie a pessoas que a possui. Se aliar a bons profissionais, ter parceiros fortes, interessados em teu negócio, é fundamental.

Tem muitas pessoas que gostariam de abrir seu próprio negócio, ser dona de uma empresa, mas tem medo ou não sabem o caminho certo para começar. Qual conselho você dá a essas pessoas? É como eu já disse, é preciso estar disposto a correr riscos, sem medo de ser feliz. Porque as oportunidades existem, a tecnologia está aí. Existem parceiros na área fiscal, contábil, próprios órgãos governamentais, como o Sebrae, que pode orientar bem o caminho. Mas, volto a dizer, é importante correr riscos, mas de uma forma equilibrada, com os pés nos chão. Começar da forma mais simples possível. Para mim, o segredo é sempre ter atitude. De nada adianta o sujeito ter uma boa ideia se ele não tiver atitude para colocá-la em prática. Tomar decisões é fácil, o difícil, mas necessário, é tomar atitude. E não há problema algum em errar. O problema está em não recomeçar.

Qual filme você indicaria para os leitores que buscam algo melhor na vida? Tem um que eu assisti e me marcou muito pela lição que ele transmite. Chama-se “Os sobreviventes dos Andes”. É a narração de uma história real do avião de um time de Rugby do Uruguai que caiu nas Cordilheiras dos Andes. Os passageiros aprenderam que a união faz toda a diferença na vida de cada um. Não é apenas pela luta pela sobrevivência, mas pela luta e trabalho em equipe. Estar preocupado com o grupo e não apenas consigo próprio. Se eu não me preocupar com a sobrevivência da pessoa que estiver próxima a mim, eu também estarei fadado a morrer.

E um livro? Vou citar um que li recentemente e mexeu muito comigo. “O monge que vendeu sua Ferrari” (Robin Sharman). É um livro que fala sobre prioridade na vida. Quando digo que as pessoas devam lutar por seus sonhos, traçar e correr atrás de seus objetivos, ajudando e se preocupando com o bem estar das pessoas que convivem ao redor, não estou dizendo que cada um deva se sacrificar e esquecer-se de seus princípios. Houve uma época em minha vida que eu vivia uma tamanha obsessão pelo trabalho, qualificação e até mesmo tentando resolver os problemas das pessoas ao meu redor, que acabei esquecendo de me ajudar. É bom deixar claro que a pessoa tem que dar o melhor de si. Lutar sempre com muita fé e crer em Deus. Mas sempre respeitar o seu próprio limite. Se não o sucesso não vai valer nada. Aproveito a oportunidade para agradecer a Deus em primeiro lugar, meus pais, toda minha família, os amigos, as equipes com quem trabalhei e trabalho, que sempre de uma forma ou de outra contribuíram para meu crescimento e desenvolvimento como ser humano e profissional. Muito obrigado!

Fotos: Renan Bússulo

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