ENTREVISTA DA SEMANA: Alcebíades de Sá
Secretário de Educação fala sobre vida, Escola Modelo e saída de diretores
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Alex Bússulo
Aos 43 anos de idade, Alcebíades de Sá responde por um dos setores mais importantes de Artur Nogueira, a Educação. Nascido em Mogi Mirim, o secretário viveu boa parte de sua vida no município ‘Berço da Amizade’, sendo candidato por duas vezes a prefeito.
Jornalista e proprietário da revista Destaque Empresarial, já trabalhou como assessor de Comunicação e secretário de Planejamento no Governo Capelini.
Na entrevista desta semana, conversamos com o secretário. Alcebíades recebeu nossa equipe em sua sala na Secretária de Educação, mas antes fez questão de nos levar para conhecer um projeto em fase de teste, em uma sala de marcenaria para alunos, instalada na Emef Ederaldo Rossetti (Caic). Se aprovado pelos professores, coordenadores e diretores escolares, a sala será implantada em outras escolas e atenderá alunos em horários opostos ao das aulas.
Depois da visita, começamos nossa conversa. O jornalista falou sobre a tão esperada inauguração da Escola Modelo, sobre reformas das escolas e também sobre o dia em que quase se suicidou. Confira.
Como você se define? Sou um eterno aluno, que está em constante aprendizado. Sofri muito em minha vida, coisa que poucos sabem. Passei por uma fase muito difícil, em que quase me suicidei.
Como assim? Alguns anos atrás eu não tinha muita experiência com negócios e acabei me endividando. Com a falta de conhecimento em gestão, minha empresa quase faliu e eu fiquei devendo para muitas pessoas. Na época, não tinha maturidade suficiente, já havia sido candidato a prefeito em Artur Nogueira e me achava o dono da verdade. Com minha queda financeira, também fui pego com um acidente que tirou a vida de meu pai. A convivência em Artur Nogueira ficou insuportável. Estava no fundo do poço e não encontrava solução. Foi quando coloquei em minha cabeça que iria me matar. Eu era um ateu convicto. Vivia ensinando para as pessoas que Deus não existia. Mas foi na minha depressão que tudo mudou.
O que aconteceu? Quando eu ia cometer essa besteira, esbarrei em uma bíblia que estava no armário e a deixei cair aberta no chão. Agachei, peguei o livro e comecei a ler. A cada palavra que eu pronunciava meu coração doía. Sentia uma dor física intensa, como se eu fosse ter um infarto. O engraçado é que quando eu parava de ler, a dor sumia. Nesse momento eu percebi que Deus tinha algo de especial para mim.
Foi quando você se mudou para Sumaré? Foi a única alternativa que encontrei. Não tinha mais como eu me reerguer em Artur Nogueira. Estava devendo para muitas pessoas. Sumaré foi a solução que eu encontrei para recomeçar minha vida. Tudo aqui me lembrava de meu pai.
E a revista Destaque Empresarial, quando surgiu? Foi bem no começo, quando eu estava em Sumaré. Já era jornalista e precisava de patrocínio para sobreviver. Lembro-me que certa vez minha esposa chegou a mim e disse que havia acabado a comida de casa. Isso é muito triste, é a pior coisa que pode acontecer com um pai de família. Na ocasião, nos ajoelhamos e começamos a orar. Minutos depois ouvimos um homem tocar a campainha querendo anunciar na revista. Era um dono de um restaurante querendo fechar um patrocínio em forma de permuta, ou seja, troca de serviços, eu dava o espaço que ele queria na revista e ele me dava alimentação. Foi assim o começo da revista. Hoje, na graça de Deus tudo está se resolvendo.
Depois você se reergueu e voltou para Artur Nogueira, mas e as dívidas que ficaram para trás? Com a graça de Deus consegui pagar quase todas. Restam poucas pessoas que tenho que acertar e pedir desculpas. Isso vai acontecer muito em breve.
Ok, agora vamos falar sobre Educação. Temos muitos assuntos em aberto, cuja população espera por respostas. Vamos falar sobre a Escola Modelo, em que a inauguração deveria acontecer em junho deste ano, segundo o próprio prefeito Marcelo Capelini que deu entrevista dizendo que em 40 dias faria a inauguração. A pergunta que não sai da boca dos nogueirenses: por que a escola não inaugura? Tenho muito orgulho de trabalhar com o prefeito Marcelo Capelini, porque ele tirou a cidade de um verdadeiro caos e mesmo assim conseguiu, com recursos do próprio município, construir aquela escola. Hoje, nós já reconhecemos a importância da Escola Modelo para o município. A partir de fevereiro ela servirá como uma escola servidora, que vai acolher os alunos de outras unidades que entrarão em reforma. Se não tivéssemos a Escola Modelo, nossa Educação entraria em caos, porque não teríamos como reformar e reconstruir escolas como a do Cardona e a creche do Itamaraty. Um projeto como esse leva tempo e precisa de tempo para ficar bem feito.
Mas por que essa demora em inaugurar? Veja bem, estamos fazendo algo para colocar a educação de Artur Nogueira em destaque em todo o Brasil. E estamos fazendo as coisas bem feitas. Como devem ser feitas. Um dos motivos que atrasou a inauguração foi um problema que a Elektro detectou no prédio. A concessionária de energia pediu para alterar o projeto elétrico do prédio. Agora só estamos abrindo o processo licitatório para a aquisição de um transformador de energia.
Quando, de fato, a escola será inaugurada? Começaremos o ano letivo de 2012 com ela.
Qual é a possibilidade de chegarmos em fevereiro e a escola não for inaugurada? A escola já foi entregue ao município. A única coisa que falta concluir é o campo de futebol. No início do ano que vem vamos transferir os alunos da Emef Francisco Cardona, para que eu possa colocar os alunos da creche do Itamaraty no atual espaço do Cardona, para realizar a construção da creche e a reforma também da escola do Itamaraty. Depois que a reforma da creche for concluída, os alunos vão voltar para ela e, somente então, vamos iniciar a reforma do Cardona. Se não tivéssemos a Escola Modelo hoje não conseguiríamos fazer nada disso.
O que será construído naquele espaço no Parque dos Trabalhadores, que chegou a abrigar moradores de rua, de frente para as ruínas do Ginásio daquele bairro? Naquele lugar já está sendo construído um Centro de Referência em Atendimento Educacional Especial (Craee), uma ampliação do atendimento para as crianças que precisam de um suporte para conquistar seu aprendizado. É uma obra no valor de R$1,5 milhões. Teremos uma equipe multidisciplinar que vai identificar os problemas dos alunos.
A Secretaria vai realizar uma troca nos diretores escolares? A Secretaria de Educação está realizando uma avaliação técnica sobre os diretores, que será apresentada para o prefeito. Fizemos um levantamento sobre a opinião de cada professor a respeito da direção da escola. Os diretores que vão deixar o cargo poderão assumir outros, como vice-direção, coordenação e até mesmo a sala de aula. Queremos com esse levantamento descobrir o desempenho dos diretores. Minha função como secretário é fazer um levantamento técnico, mas quem vai decidir quem fica e quem sai será o prefeito, com base nas informações. Isso é importante também para criar a oportunidade de novas pessoas ocuparem os cargos.
Isso não será uma jogada política do governo para beneficiar futuros aliados no ano que vem? De forma alguma. Fizemos um levantamento técnico, onde os ouvidos foram os próprios professores. Só para se ter uma ideia, uma das pessoas que a Secretaria está indicando para assumir como diretora é a irmã do João Carlos (PSDB). Isso é uma prova de que estamos fazendo um trabalho técnico, porque se fosse político não sugeriríamos o nome dela. Com o levantamento descobrimos que ela é uma pessoa extremamente competente. Muitas diretoras que vão sair eu considero como verdadeiras amigas e podem até ficar chateadas comigo, porém a avaliação foi técnica. No ano que vem, teremos cursos de capacitação para os diretores das escolas, para aperfeiçoar o desempenho de todos, mas principalmente elaborados com vistas a atender os apontamentos feitos, ou seja, elas não serão abandonadas.
A Secretaria está disponibilizando 310 notebooks para uso exclusivo dos professores. Qual foi a finalidade disso? Certa vez ouvi uma história que pode nos ajudar a entender a importância dessa ação. Foram ressuscitados três profissionais do século passado. Um médico, um mecânico e um professor. Os três saíram para ver como o mundo estava, o que havia mudado. Quando o médico e o mecânico viram as tecnologias, a evolução da ciência, não aguentaram o impacto, tiveram um infarto e morreram. Já o professor chegou às salas de aulas e se deparou com a mesma cena que conhecia, um professor ensinando alunos com giz e lousa. Nós temos que mudar essa realidade. Educação é coisa séria. Estamos investindo no setor e vamos nos tornar referência em todo o Brasil. Em breve, todas as escolas municipais de Artur Nogueira terão além, dos projetores digitais, que já são uma realidade, lousas com caixas de som, em que os professores usarão microfone para lecionar e não vão mais precisar ficar gritando com os alunos. Essa iniciativa, trazida da Inglaterra, inédita no Brasil até então, vem para fechar um ciclo preparado pelo prefeito Marcelo para revolucionar a Educação de Artur Nogueira. Além dos notebooks, todos os professores serão capacitados para o manuseio do aparelho e da lousa digital.
O que está sendo feito para solucionar o problema da creche Maria Piva Tagliari, localizada no Itamaraty? Com a transferência dos alunos, vamos iniciar a construção da nova creche. Será uma obra complicada, pois o terreno é uma área triangular. O projeto foi dedicado e muito bem planejado pela Engenharia. Não podemos e nem vamos começar uma construção a mil por hora, uma vez que queremos fazer uma coisa bem feita.
Hoje cerca de 200 crianças ficam fora das creches por falta de vagas. O que está sendo feito para resolver este problema? Estamos procurando alternativas. Já construímos duas excelentes creches e agora demos início ao processo licitatório para a construção de mais uma creche que será construída no jardim Carolina. Os alunos da Sérgio Manuel, que hoje ficam na creche Bela Vista, também irão para a Escola Modelo no ano que vem, permitindo assim a disponibilidade de mais vagas na creche Bela Vista.
Por que a Emef Luiz de Mello, da Ponte de Tábua, ainda está parada? Queremos transformar aquela escola em um espaço voltado para educação ambiental e agrícola, onde alunos poderão, em horário oposto ao das aulas, ter contato com o meio ambiente. É um projeto que está em fase de estudo.
Existe algum tipo de projeto para custear o transporte dos universitários de Artur Nogueira que estudam fora? Estamos discutindo vários projetos para resolver essa questão. Recentemente estive com o secretário estadual de Educação e falei para ele que Artur Nogueira tem uma grande benção que é o Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), mas que também temos um sério problema que foi a instalação da praça de pedágio na frente da faculdade. Na conversa, ele me pediu para marcarmos uma reunião com o reitor do Unasp para encontrarmos uma solução. Também estamos em fase de planejamento para trazer para o município cursos profissionalizantes para os jovens e adultos.
A parceria com o Projeto Retreta vai continuar? O Retreta é um projeto maravilhoso realizado pela Corporação 24 de Junho e a Divisão Municipal de Cultura, que atende cerca de 400 alunos do Ensino Fundamental com ensino de música. O que depender da Secretaria essa parceria, não apenas vai continuar, como aumentar. É um projeto que deu muito certo e que nos dá ótimos frutos.
Para finalizar, você pretende sair como candidato a prefeito em 2012? No momento minha preocupação é exclusiva com assuntos da Educação, o importante é que o grupo saia unido para as próximas eleições, duas pessoas já colocaram seus nomes a disposição, o Claudinei de Sá e a Alcione Coser. Trata-se de duas pessoas extremamente sérias que merecem nosso respeito e admiração.
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