22/10/2011

ENTREVISTA DA SEMANA: Adhemar da Silva Barros

Diretor fala sobre semáforos, multas e explica porque é contra as lombadas


Alex Bússulo

Por dia, em Artur Nogueira, são aplicadas cerca de cinco multas de trânsito. No mês passado, setembro, foram registradas 166 infrações no município. As três principais ocorrências foram estacionar o veículo sobre a faixa de pedestres, dirigir falando no celular e não usar cinto de segurança. Atualmente, o Departamento Municipal de Trânsito (DMT) possui três agentes responsáveis pela fiscalização das irregularidades, que ficam localizados principalmente na região central da cidade.

Na entrevista desta semana conversamos com o responsável pelo trânsito de Artur Nogueira, Adhemar da Silva Barros, que trabalha na área há mais de 20 anos.

Barros começou a trabalhar no setor junto com a Delegacia de Polícia de Artur Nogueira em 1988. Em 1993, com apoio do delegado da época, Dr. Américo Sidnei Rissatto, criou a Ciretran no município. Em 1997, também ajudou a implantar a informatização na Ciretran, permitindo assim a emissão de Carteira Nacional de Habilitação, que eram expedidas somente em Mogi Mirim. Em 1999, criou o Departamento Municipal de Trânsito, no qual vinha acumulando o cargo de encarregado da Ciretran e Diretor Municipal de Trânsito até 2009. Em 2010, assumiu a função de diretor do DMT.

Na conversa de aproximadamente uma hora, Barros fala sobre a questão dos semáforos, a falta de responsabilidade dos motoristas e explica porque é totalmente contra as lombadas. Confira.

Muitas pessoas acreditam que o trânsito de Artur Nogueira melhoraria muito se o município tivesse semáforos. O que falta para isso acontecer? Semáforo é um ponto polêmico. Especialistas no assunto afirmam que este deve ser sempre o último recurso a ser utilizado. Primeiramente vamos falar das condições para que seja possível sua implantação. É necessário que haja pelo menos 600 carros por hora; não é possível que seja implantado em fila indiana; seu tempo mínimo de farol fechado é de 16 segundos por fluxo de via e que um veículo ocupa aproximadamente 6,50 metros.

Artur Nogueira poderia ter semáforo então? Vamos para a prática em nosso município. Esse volume de carro só chega a acontecer no período da tarde, e não nos demais horários.

Como são classificados esses períodos? Podemos dividir o que acontece em Artur Nogueira em três picos. A primeira é o ‘leve’, que acontece no período da manhã, das 7h às 8h, onde temos tráfego escolar juntamente com o tráfego intermunicipal, de pessoas que moram no município, mas trabalham em cidades vizinhas. O segundo momento é considerado ‘médio’ e acontece no período do almoço, das 11h às 13h, onde temos o tráfego escolar com o tráfego do comércio local. O terceiro, e mais movimentado momento, chamamos de ‘elevado’, que acontece no período da tarde, das 17h às 18h30, em que temos todos os tráfegos, sendo o escolar, o intermunicipal e o comércio local.

Você quer dizer que os semáforos poderiam vir a atrapalhar? Desde que fossem colocados em pontos estratégicos, com estudo e planejamento, não vejo como poderia vir a atrapalhar. Levando em consideração a topografia do município, temos quadras pequenas em torno de 80 metros, o que acomodaria apenas 10 carros por quadra, e respeitando os cruzamentos e faixas de pedestres, o que complicaria a acomodação dos veículos no tempo mínimo do ciclo do semáforo, que é de 16 segundos. O que as pessoas têm que entender é que não é apenas comprar o aparelho e colocar ele lá. Existem sim muitos pontos que se fossem instalados ao invés de ajudar, complicaria ainda mais o tráfego.

Resumindo, existe algum projeto para instalação do aparelho em Artur Nogueira? Não para instalação imediata. Os projetos estão em fase de conclusão. Estamos trabalhando para que até meados do ano que vem possamos implantar os aparelhos.

Recentemente vocês realizaram a pintura de faixas de pedestres na região central de Artur Nogueira. Mas agora, poucos meses após essa pintura, podemos perceber que existem pontos em que as faixas desapareceram. Por que isso aconteceu? Primeiramente porque foi realizado o recapeamento recente e existe uma maior absorção de qualquer tipo de material que seja colocado sobre ele, sendo esta a primeira demarcação realizada neste asfalto. Em segundo, porque assim como qualquer tipo de material, existe uma vida útil, um prazo para que seja necessária sua manutenção. Nesta segunda demão, a vida útil da sinalização realizada será maior.

Por que foram removidas algumas lombadas da Avenida XV de Novembro? Não foram removidas apenas lombadas na XV de Novembro, mas em outros pontos também, isso ocorreu devido às mesmas estarem em desacordo com o Código de Trânsito Brasileiro, sendo que na Avenida XV de Novembro será realizada uma nova sinalização em breve.

Por que você é contra as lombadas? Porque elas só atrapalham. Motociclistas não respeitam lombada. Você imagina uma ambulância precisar pegar algum paciente lá na Santa Rita e trazer para o Pronto-Socorro e ter que passar pelas lombadas, só vai atrapalhar. Todas as lombadas de Artur Nogueira estão fora do padrão. Estamos tentando melhorar e regularizar essa questão, mas como tudo nessa vida, não podemos chegar lá e tirar sem antes realizar um planejamento adequado. Lombada não segura ninguém, o que segura é radar…

Você ainda recebe muitos pedidos para a instalação de lombadas? Nossa, e como recebo. A grande maioria dos pedidos que chegam ao departamento é solicitação de lombadas.

Esses pedidos são atendidos? Se fossem atendidos não haveria como transitar em Artur Nogueira. Seria uma lombada em cada quadra.

Existe algum programa para melhorar a questão das lombadas? Para melhorarmos essa questão é simples, basta apenas atender as normas estabelecidas pelo Código de Trânsito Brasileiro e é nisso que estamos trabalhando.

Lombadas eletrônicas ou radares não seriam melhores? Com certeza, mas para isso é necessário adequar o município para que essa realidade possa acontecer. Afinal, de nada vai adianta radar ou lombada eletrônica se não houver sinalização adequada e informação para tal.

Qual é o maior problema que você enfrenta no departamento de trânsito? No que diz respeito a trabalhos internos não estamos tendo dificuldades, sendo que o departamento está sendo montado praticamente agora, há muito tempo vínhamos solicitando material e funcionários para que pudéssemos realizar os trabalhos, sendo que apenas na administração atual começamos a ser atendidos. Sempre que solicitamos algo, correm-se as questões burocráticas como em todos os municípios e no final somos atendidos.

Que tipo de solicitações? Solicitamos e conseguimos máquinas e equipamentos para manutenções e implantações de pinturas. Pleiteamos e conseguimos também a aquisição de dois veículos, que auxilia no patrulhamento e também no transporte de funcionários e equipamentos, além de materiais necessários para a implantação e manutenção da sinalização já existente como placas, postes, equipamentos de fixação, tintas, cones, balizadores, cavaletes para interdições de ruas entre outros.

E no trânsito, qual o maior problema? No que diz respeito ao trânsito, tráfego e mobilidade, a maior dificuldade está no fato das pessoas desrespeitarem grosseiramente as leis do Código de Trânsito, ao desconhecerem o mesmo, afinal fazem cada absurdo que é mais provável que desconheçam.

Que tipo de absurdos? Certa vez estávamos pintando uma lombada e um cidadão parou o carro, desceu, retirou os cones, passou sobre a lombada que ainda estava com a tinta fresca e colocou os cones nos lugares. Parece brincadeira, mas é a nossa realidade. As pessoas não respeitam.

Os agentes Municipais de Trânsito ficam apenas na Avenida Dr. Fernando Arens? Eles fiscalizam principalmente o centro da cidade, a área comercial, porque é ali que acontece o maior fluxo de veículos. Não dá para eu colocar um agente lá do outro lado da cidade, onde quase não há circulação de veículos.

O trabalho desses agentes é focado na punição ou na educação preventiva? Nos dois. Primeiro trabalhamos na educação dos motoristas, orientando a não cometer as irregularidades. A multa sempre entra como último recurso. O que acontece é que cada cidadão seja ele qual for pensa apenas no momento em que está passando e não se alerta para o dia de amanhã, que poderá estar na condição adversa a qual não respeitou hoje.

No mês de setembro, apenas 20 motoristas foram multados por estarem sem cinto de segurança. O que realmente acontece? A população se conscientizou ou não existe um número suficiente de agentes? Não existe o número necessário de agentes, até porque não quero que Artur Nogueira vire uma indústria de multas.


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