Entidade de Artur Nogueira é selecionada para receber apoio de ONG da CNBB

Norton Rocha

A parceria formalizada entre a Associação de Empreendedores Solidários Colmeia Real, de Artur Nogueira e a ONG Caritas Brasileira, braço social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), coloca o município no eixo das principais cidades de fomento à Economia Solidária, considerada uma espécie de movimento social e econômico de fomento a geração de renda, com foco no ser humano.

Ganhadora do edital aberto pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em conjunto com o Ministério do Trabalho e Emprego e ainda com o apoio da Secretaria Nacional de Economia Solidária, a Caritas deve ser responsável pela sistematização de Bancos Comunitários, Fundos Sociais e Cooperativas de Crédito Solidário existentes em todo o Brasil. Um dos fundos será gerido pela Colmeia Real, com o suporte da Caritas, que deve monitorar e auxiliar a entidade através de avaliações e planejamentos, e ainda fornecer subsídios para a execução de suas propostas.

Segundo o articulador regional da Caritas em São Paulo, Flavio Azzi, a Colmeia Real deve buscar junto à Unisol (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários), formalizar juridicamente a entidade. O representante da Caritas destaca o fato de a cultura da Economia Solidária em São Paulo ainda não estar solidificada, mas reforça que o segmento se fortalece em todas as regiões do país. Ao todo o edital contempla 95 fundos sociais, representados por entidades que, em sua maioria, pertencem a região norte e nordeste do país. “Buscamos com esta luta um lugar melhor para se viver, que ofereça condições dignas de trabalho e renda às pessoas”, afirma Azzi.

Colmeia Real

A partir de conceitos voltados a Economia Solidária, um grupo de microempreendedores de Artur Nogueira se mobilizou e, há dois meses, se reúne para discutir formas de comercialização dos produtos artesanais desenvolvidos no município.  Ao constatar a dificuldade encontrada pelos artesãos e produtores informais da região para comercializarem seus produtos, o grupo resolveu criar a Associação de Empreendedores Solidários Colmeia Real.

“Percebemos que as pessoas fazem cursos de qualificação para desempenhar determinada atividade artesanal, porém não criam um canal de vendas”, explica o empreendedor José Nogueira, secretário da associação. Segundo ele “a ideia da entidade é fomentar a renda local através do auxílio ao microempreendedor na comercialização de seu artesanato”.

Devem ser articulados espaços para a promoção e a venda destes produtos. Entre as alternativas elencadas pelo empreendedor para o fortalecimento da comercialização do artesanato nogueirense, estão a busca por locais estratégicos para a venda e a divulgação, tais como a feira cultural do Centro de Convivência de Campinas e o Festival de Inverno de Artur Nogueira, além da criação de uma feira com produtos exclusivamente artesanais no município. “Vamos tornar a cidade referência em Economia Solidária”, garante o secretário.

A ideia de criar o grupo surgiu a partir de um incômodo entre pessoas que atuam no cenário social do município e que perceberam a dificuldade enfrentada por moradores de baixa renda que trabalham com o artesanato na hora de vender seus produtos. “Temos o exemplo de pessoas que tem estocado o seu artesanato em casa e não comercializa”, explica Nogueira. A artesã Yolanda Rodriguez, tesoureira da Associação Colmeia Real e representante do Fórum Estadual de Economia Solidária, acredita que a criação de grupos de trabalhos, gerados a partir da qualificação de pessoas de baixa renda, deve estimular a economia e reduzir as desigualdades sociais. Os encontros  da Associação de Empreendedores Solidários Colmeia Real acontecem todas as terças-feiras, às 14h30, no piso superior da loja Felicitá, na Avenida IV de Novembro, 699.

A psicóloga Ana Isabel Padilha, 2 ª secretária da entidade, atua junto a Promoção Social da Prefeitura Municipal de Artur Nogueira e lida diretamente com o Programa Bolsa Família, onde orienta beneficiários do projeto a buscar alternativas para o auto sustento. Segundo ela, é preciso um despertar para que as pessoas “não se tornem reféns de si próprias, mas tenham autonomia e construam a sua própria liberdade”.