13/11/2024

“É uma experiência transformadora”, afirma nogueirense sobre trabalho voluntário na África

Sibele Stein Dalprá conta sobre suas vivências durante três viagens ao continente africano junto ao projeto Zuzu for África, de Campinas

Sibele atua na liderança de Saúde na ONG (FOTO: Arquivo pessoal/Sibele Stein)

Raquel Santana

Para Sibele Stein Dalprá, de 42 anos, o trabalho voluntário é muito mais do que simplesmente dedicar tempo e esforço em prol dos outros. É uma experiência transformadora que preenche seu coração com uma sensação indescritível de propósito e gratidão. Com base nesse objetivo, ela integra a ONG Zuzu for África, uma iniciativa originada em Campinas, voltada à promoção da transformação social e ao desenvolvimento sustentável em comunidades carentes de Angola.

A nogueiresense, que atua como cirurgiã dentista, faz parte da liderança da Saúde da ONG, onde organiza tudo que se refere ao atendimento médico e odontológico da missão. “Trabalho o ano todo na organização da missão. Agora que temos um posto de saúde montado na comunidade (inaugurado na última missão), acompanho de longe o trabalho que será realizado por profissionais locais na prevenção e no acompanhamento da saúde bucal e geral das crianças da nossa escolinha na comunidade”, explica Sibele.

Primeira experiência com trabalho voluntário aconteceu em 2019 (FOTO: Arquivo pessoal/Sibele Stein)

Ela ainda conta que a ONG tem como foco proporcionar acesso à educação, saúde, e alimentação, criando oportunidades para um futuro mais digno e justo para as crianças e suas famílias. “Mais de 5 mil crianças já foram beneficiadas pelos programas da Zuzu”, afirma Dalprá.

“Nossa missão é resgatar a infância das crianças, levando esperança, oportunidade de transformação social, valorização à vida., oferecer suporte integral às comunidades vulneráveis, promovendo a educação, saúde e bem-estar social, com o objetivo de reduzir as desigualdades e fomentar o desenvolvimento sustentável”, continua.

Como tudo começou

Sibele conta que sua primeira experiência com o voluntariado pela ONG Zuzu for África aconteceu em 2019, quando viajou pela primeira vez ao continente africano. “Lá, vivenciei momentos que me tocaram profundamente e senti a presença de Deus de uma maneira tão intensa que é difícil de descrever. Foi lá também que fortaleci minha convicção de que há algo divinamente especial em estender a mão para ajudar o próximo. Foi, sem dúvida, uma experiência que guardarei para sempre em meu coração”, afirma.

Ela ainda conta que o projeto surgiu em sua vida de forma inesperada. Em 2018, ao receber uma mensagem de um grupo de ex-alunos de um curso que havia feito, soube que precisavam de doações de pasta de dente para um projeto em Campinas, que levaria suprimentos para a África. “Sabe quando você está em um momento da sua vida onde falta alguma coisa? Eu já tinha uma carreira profissional estabilizada, já tinha minha família, mas eu sentia que existia um vazio dentro de mim que precisava ser preenchido. E, quando veio essa mensagem, eu falei ‘nossa… é uma oportunidade de fazer algum trabalho voluntário, deixa eu conhecer melhor’”, explica Sibele.

A cirurgiã entrou em contato com Bruna Madureira, a fundadora do projeto, que a encantou com o amor que demonstrava por essa causa. Desejando ajudar além das doações, perguntou como poderia participar mais ativamente, e Bruna a convidou para ir à África. Mesmo sem conhecer profundamente o projeto, decidiu amadurecer a ideia e conhecer mais sobre a iniciativa. “Participei de missões em 2019, 2023 e agora 2024”, declara.

Atualmente, Sibele e seu marido, Rafael Dalprá, participam das missões (FOTO: Arquivo pessoal/ Sibele Stein)

Histórias que marcam

Sibele relata que, entre as diversas histórias que conheceu em Angola, uma das que mais a marcou aconteceu na missão realizada em 2024. Daniel, um homem com Parkinson, havia sido abandonado pela esposa devido à doença e ficou sozinho cuidando dos três filhos pequenos, de aproximadamente dois, quatro e seis anos. Quando chegaram para atendimento médico, ele mencionou que as crianças frequentemente caíam sem motivo aparente. Durante o exame, foi diagnosticada nelas uma desnutrição severa. A situação de Daniel era de extrema miséria; ele morava em uma casa precária, de chapas de metal, emprestada e sem condições de prover para as crianças.

Diante disso, Sibele junto ao Zuzu lançaram uma campanha no Instagram para construir uma casa adequada para a família. Graças às doações de pessoas de todo o Brasil, conseguiram oferecer uma nova casa com brinquedos, cama, sofá e fogão. Além disso, inseriram as crianças na escolinha que a Zuzu mantém na comunidade, onde recebem duas refeições diárias e são supervisionadas.

“Foi uma história triste, mas, ao mesmo tempo, com um final feliz. Conseguimos proporcionar tudo isso para eles. Acredito que essa foi a história que mais me marcou nas minhas três missões na África”, conta Sibele. “O trabalho voluntário não apenas enriquece a vida daqueles que são beneficiados, mas também enriquece a minha vida de uma maneira que não posso descrever”, continua.

Zuzu for África

Bruna Madureira explica que o nome da instituição surgiu de seu antigo ateliê de costura, o “Ateliê Azusa”, onde, como hobby, ela confeccionava bonecas de feltro. Ao criar uma dessas bonecas, Bruna a chamou de “Zuzu”, um diminutivo de Azusa, pois, inicialmente, o foco do ateliê era a produção exclusiva dessa personagem.

Na esquerda: Bruna fundou o projeto Zuzu for África em 2017 (FOTO: Redes sociais)

A ideia de “Zuzu for África” nasceu com o propósito de levar a boneca Zuzu para os 54 países africanos, simbolizando uma missão de esperança, impacto, inspiração e transformação para as crianças do continente. Desde 2017, o projeto atua oficialmente com trabalho voluntário para alcançar esses objetivos.

Apoio de artistas

Em 2021, após realizar um show em Angola e compartilhar no Twitter seu desejo de ajudar o país, a cantora Anitta deu início a uma relação de apoio com a organização Zuzu. O embaixador da ONG, Gabriel Gubela, intermediou o contato ao enviar a mensagem de Anitta para Neymar, que, por sua vez, conectou a cantora à instituição.

Anitta apadrinha escola construída na Angola (FOTO: Reprodução)

No dia seguinte, Anitta entrou em contato com Bruna e expressou seu interesse em contribuir. Desde então, Anitta assumiu o papel de madrinha da escolinha da Zuzu. “Ela que paga todos os serviços administrativos da escolinha, os funcionários, alimentação das crianças, o café da manhã e o almoço. Tudo isso tem um custo mensal que é pago por ela, além do suporte que ela dá para ações pontuais, como a compra dos equipamentos”, explica Bruna.

Em 2024, integrantes do projeto conheceram oficialmente a cantora Anitta, que apoia a ONG (FOTO: Redes sociais)

Inscrições abertas 

Sibele compartilha que as inscrições para a próxima missão da Zuzu estão abertas e destaca que, mesmo para quem não pode ir, é possível ajudar do Brasil. A organização tem um programa de apadrinhamento com a meta de conseguir 400 padrinhos para apoiar as crianças e os projetos da escolinha e das cestas básicas. Atualmente, ainda faltam 144 padrinhos para alcançar essa meta.

“A Zuzu é realmente uma ONG séria e que tem muito amor pelo que faz. Quem conhece a Zuzu se encanta e não consegue mais deixar de fazer parte dessa ONG. Quando a gente fala de uma coisa que a gente ama, nosso coração se enche de alegria. Eu amo essa ONG e ela faz parte da minha vida e da vida da minha família”, conclui Sibele.

Para mais informações sobre o projeto Zuzu for África, acesse o site https://zuzuforafrica.com/#section-pricing

FOTOS: Arquivo pessoal/Sibele Stein

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