28/07/2020

Diretor de hospital de Artur Nogueira fala sobre Covid-19 após ter sido infectado e curado

Durante entrevista ao Portal On, dr. Sidney Dutra também abordou temas ligados à prevenção da doença, tratamento e vacina

Da redação

O diretor do Hospital Bom Samaritano (HBS) em Artur Nogueira, Dr. Sidney Dutra, esteve presente nesta terça-feira (28) nos estúdios do Portal On para participar de uma entrevista exclusiva, dirigida pelo jornalista Leandro Oliveira. Entre os temas abordados na ocasião estiveram a pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19), os possíveis tratamentos e também a experiência dele ao ser infectado pelo vírus. Hoje curado, Dutra comentou sobre o uso dos medicamentos que foram indicados a ele durante o tratamento, entre eles, a Cloroquina e Hidroxicloroquia.

Sidney Dutra trabalha junto ao ramo da saúde, devido à exposição que ele encara no dia a dia da profissão, ele foi infectado pelo vírus do Covid-19. Passando pelo devido tratamento necessário, ele hoje está curado da doença. Durante a entrevista que ele cedeu ao Portal On, Dutra falou um pouco sobre essa experiência.

“Há mais de um mês eu fui acometido pelo Covid. Eu confesso que em um primeiro momento, eu tive alguns sintomas, fiz uma tomografia e a tomografia apontou uma lesão de 10% dos pulmões com características de Covid. Fui fazer o exame, o PCR [RT-PCR], que demora alguns dias. Numa sexta-feira à noite então recebi a confirmação do Covid. Eu confesso que no momento em que chegou o PCR positivo, confirmando o Covid-19, naquele momento “baqueou” um pouco, porque trabalho com hospitais – o Hospital Samaritano, o hospital de campanha de Guarulhos que só atende Covid – estamos todos os dias envolvidos com isso e sabemos o risco que a gente corre e que em algum momento isso poderia ocorrer. Com a suspeita, imediatamente eu entrei em isolamento, iniciei o protocolo, aguardando o resultado. Quando recebi a confirmação, me abalou um pouco, mas como tenho muita fé em Deus, me tranquilizei e enfrentei a doença por 14 dias”, revelou.

Sidney também falou sobre como foi o protocolo médico ao descobrir a doença e sobre a medicação usada, incluindo a Cloroquina. “Após a tomografia, que é um exame importante, um diferencial fundamental para o diagnóstico do Covid, eu já entrei em protocolo. Os médicos que me acompanhavam naquele momento me indicaram o uso da Cloroquina, e eu tomei e sou um defensor da Cloroquina. Tomei todas as medicações, porque no momento que você recebe a notícia que você tem Covid, você não se preocupa se alguém é contra ou a favor, você toma. Se foi essa minha cura, eu não sei, não tenho como afirmar. Atribuo a minha cura em primeiro lugar a Deus, acho que fui muito abençoado no momento em que fiz um diagnóstico precoce e já iniciei o tratamento. Acho isso muito importante”, destacou.

Sobre a importância do diagnóstico precoce frente à doença, ele pontuou. “O diagnóstico precoce é importante porque, primeiramente, pode não ser o Covid, quem faz essa diferenciação é o médico, ou pode ser o Covid, e quem vai poder iniciar o tratamento é o médico. A busca pela orientação médica é fundamental. Na minha visão, aqui eu faço uma crítica construtiva a nível de Brasil, eu acho que nós testamos pouco. Devemos testar mais, para tentar diagnosticar mais precocemente possível para estarmos evitando mais casos. Até mesmo essa discussão sobre lockdown, a testagem daria uma cisão, pois muita gente já teve Covid e nem percebeu, já são imunizadas. Outros estão em processo. A testagem eu considero fundamental e acho que deveria estar se fazendo até um investimento maior nisso”, opinou ele.

Durante a participação no programa, Dutra também comentou sobre as medidas de prevenção tomadas pelos países, incluindo o Brasil. “Se você me perguntar qual foi o país que 100% acertou na conduta do Covid, vai ser difícil responder. Todos estão procurando encontrar um melhor protocolo, mas eu acho que a testagem poderia ser mais intensificada. A conscientização é muito importante, mas existem dois lados da conscientização. Existe o lado que é a conscientização de como evitar o contágio, que esse eu considero o mais importante, primordial. No Brasil isso foi publicado em todos os meios de imprensa com todos os meios que têm que ser tomados. Essa conscientização é muito importante. Mas existe também a outra conscientização que é a polêmica sobre medicação, sobre isolamento, esse tipo de discussão não é bom porque polariza, politiza a questão de saúde, o que não é uma questão política”, considerou.

Uma das questões levantadas na entrevista foi sobre quais as medidas estão sendo usadas para proteger os profissionais atuantes no Hospital Bom Samaritano e também os pacientes. Sobre isso, Dr. Sidney respondeu. “Não sei dizer onde e em que momento eu contraí, mas por eu ser um profissional de saúde, e os profissionais de saúde estarem mais expostos, estão nos hospitais e o vírus é altamente contagioso, então acredito que foi nesses ambientes. Agora, o importante é os profissionais de saúde usarem os equipamentos de proteção individual. Nos Hospital Bom Samaritano, por exemplo, desde o início da pandemia nós mudamos a rotina, o controle de acesso, evitando aglomeração e os profissionais de saúde foram todos treinados e usam os equipamentos de proteção individual (EPIs). Todos esses cuidados nós tomamos e temos um infectologista somente para cuidar desse aspecto”, declarou.

Apesar de haver sempre o risco de contaminação que paira sobre a população, Dutra falou sobre a importância da prevenção e dos cuidados com a exposição. Para pessoas que estão com receio de buscar atendimento médico em hospitais e demais unidades devido a outros problemas de saúde, ele afirmou também que é preciso ter cuidado, mas procurar pelo atendimento quando necessário é necessário.

“Existe o risco de ser contaminado na rua, no hospital e em casa também. O mais importante é você tomar os cuidados para evitar essa exposição ao vírus em qualquer lugar. A pessoa que tiver qualquer outra doença que não seja o Covid e que realmente precisa, pode procurar o hospital, ali é o local onde ela terá orientação. Uma pessoa que tenha a suspeita ou confirmação, irá para o isolamento. O contágio pode existir em qualquer lugar, inclusive no hospital. Eu não posso garantir que quem passar por um hospital não será contaminado, assim como também que quem ficar em casa não será contaminado. Essa é uma característica do vírus, que é altamente contagioso. Tem que ter o cuidado”, observou.

Outra questão pontuada durante o programa foi sobre o funcionamento de UTI em Artur Nogueira. Dr. Sidney revelou que, no momento, a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Bom Samaritano não está atendendo ao Sistema Único de Saúde (SUS) por questões burocráticas. Pacientes que necessitam deste tipo de atendimento estão sendo transferidos para cidades da região.

“O hospital tem UTI, está funcionando adequadamente, são nove leitos. Porém, neste momento, a Secretaria de Saúde do município, através da Vigilância Sanitária, autoriza, fiscaliza e autoriza o funcionamento da UTI, e isso já foi feito. Em seguida a Secretaria do Estado solicita o credenciamento dos leitos para atender pacientes do SUS ao Covid, isso também já foi feito. Neste momento este processo está no Ministério da Saúde em Brasília. Temos a UTI, ela está atendendo a convênios e particulares, mas não está ainda inserido no atendimento ao SUS, porque depende desta autorização em Brasília”, explicou.

Para quem suspeita de que esteja contaminado pelo Covid-19 e precisa iniciar o tratamento, Dutra afirmou que só há um meio, a orientação de um médico. A automedicação, incluindo o uso da Cloroquina, deve estar fora de cogitação. “O que eu recomendo é procurar um médico e de preferência um médico que já te conheça, porque varia muito. Se não é recomendado [uso da Cloroquina], é por alguma razão. Eu sou a favor de todas as mediações que em todo lugar tiveram indício de sucesso. Desde que dentro das contraindicações que um médico vai decidir. E o paciente também pode colocar a opinião para o médico. Os médicos que apoiam e acreditam na Hidroxicloroquina tem que ser apoiado, o médico que não apoia, temos que respeitar. Existem indícios contra e existem a favor”, acrescentou.

Por fim, Dr. Sidney falou sobre a expectativa dele quanto à descoberta e o uso da vacina contra o Covid-19, pesquisada é estudada por muitos país, incluindo o Brasil, onde já ocorre testes em aplicação. “Peço a Deus para que realmente se consiga uma vacina. Não sei vai ser no final do ano ou no início do ano, o importante é que tenha. Enquanto não vem, temos que aprender a viver com essa realidade que está aí. Todos nós. E eu acho que ainda vai demorar”, finalizou.

Conforme o último boletim sobre Covid-19 divulgado pela Prefeitura de Artur Nogueira nesta terça-feira (28), o município possui 241 infectados pelo vírus e 63 casos suspeitos. Quatro moradores faleceram e 119 foram curados da doença. 725 exames tiveram diagnósticos negativos.

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