09/01/2021

Decreto de criação de ARIE Matão completa 36 anos

Área é protegida por Leis Federais e faz parte do Corredor das Onças que liga Cosmópolis à Campinas

Henrique Oliveira

Um dos biomas mais conhecidos em Artur Nogueira completa 36 anos: A Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Matão de Cosmópolis. Apesar deste nome, Artur Nogueira também é contemplada com este local.
Com um Decreto Federal, o então Presidente da República General João Batista Figueiredo (1918-1999), em 09 de janeiro de 1985, decretou a área como relevante interesse ecológico, ou seja, a área de mata atlântica é protegida por leis que asseguram sua preservação. Estas asseguram a proibição de desmatamento, caça e extração ilegal com sérias penas a quem desobedece-las.


A analista ambiental Márcia Gonçalves, do projeto Corredor das Onças, diz que a importância da preservação do bioma não é somente para o meio ambiente, mas também para a fauna que habita no local.
“A Unidade de Conservação é de grande relevância para o município, o que inclui não apenas o cuidado com a flora e a fauna, mas com a vida humana”, diz Márcia Gonçalves, analista ambiental do Instituto Corredor das Onças.

 

O Matão corresponde a 173 hectares de áreas preservadas de mata atlântica. Para se ter uma ideia do tamanho, isso corresponde a 243 campos oficiais de futebol. O famoso ‘Matão da Usina’, está dentro do município de Cosmópolis, mas com áreas na vizinha Artur Nogueira. No município nogueirense corresponde com 36% e em Cosmópolis 64% da área total.

Sobre a evolução do local após o decreto de 1985, Sérgio Ferreira, que é o diretor-presidente do Instituto Corredor das Onças, acredita que a flora e a fauna estão em evidência. Para ele, a proteção dos animais e da flora, se dá com o fim das queimadas.
“Acredito que a fauna e a flora da região vêm se recuperando. Mas o que mais contribuiu para proteger a ARIE Matão e a sua fauna foi a redução do uso de fogo em canaviais como prática de manejo. Essa prática era extremamente danosa ao meio ambiente, tanto para a saúde humana provocando uma nuvem de fumaça e intoxicando as pessoas como também para com os animais. Porque eles encontram abrigo e alimentos nos canaviais e, quando havia queimada, muito morriam incinerados e os seus filhotes também”, diz Sérgio que complementa lembrando que o fim das queimadas ajudam no aumento de animais e plantas exóticas no local.

Ao redor da área de mata existem muitos canaviais e pequenas propriedades particulares. Por inúmeras vezes incêndios criminosos atingem a mata. Neste contexto, uma usina de álcool e açúcar de Cosmópolis desenvolve um trabalho de prevenção de incêndios.

De acordo com a Ester, a empresa tem uma política de prevenção com monitoramento da área e arredores, equipe de Brigada de Emergência e Incêndio. A empresa diz que este plano é aprovado pelos órgãos de proteção do meio ambiente, como Ibama e Cetesb.
Na cidade, vindo do poder público, a Defesa Civil  (tanto de Cosmópolis quanto de Artur Nogueira) contam com caminhões pipa que por diversos episódios trabalharam no combate a incêndios no local.

Corredor das Onças

Para quem conhece o local, é comum ver pequenos macacos, cotias, cachorro do mato e outros pequenos animais. Além destes animais, as onças pardas também estão presentes. O local faz parte do ‘Corredor das Onças’; é habitat destes grandes felinos.

Este trabalho foi idealizado para que estes grandes felinos tenham uma área para locomoção com mais segurança, Um projeto idealizado desde 2008 teve sua promulgação em 2015. Este corredor liga o Matão de Cosmópolis e Artur Nogueira à ARIE Mata de Santa Genebra já na cidade de Campinas (SP).

Para se locomoverem para estes locais, que servem de habitat, as onças caminham pelos mananciais dos rios Pirapitingui, Jaguari, Capivari, Ribeirão das Pedras e Atibaia ligando os dois biomas que ficam dentro de grandes áreas urbanas e margeado por áreas agrícolas.

Desde 2015, o Instituto Corredor das Onças trabalha na recuperação de matas ciliares em pontos onde caminham os animais. Mas o diretor-presidente diz que durante estes anos pouco avançou no projeto. Ele culpa a burocracia e a falta de sensibilidade de alguns empreendedores.
“O Corredor das Onças avançou pouco. Esperávamos uma área restaurada maior que os 60 hectares já plantados. A grande dificuldade está na burocracia do processo no varejo, ou seja, os empreendedores – aqueles que precisam plantar árvores para compensar o seu empreendimento – querem plantar tudo numa única área porque é mais fácil executar o plantio e fazer as manutenções”, declara Sérgio, explicando que o Instituto também ajuda na composição da flora para ajudar na recuperação de nascentes em propriedades. Isso ajuda o animal à se locomover e viver.

Sérgio lembra que muitas onças são atropeladas em rodovias de nossa região. Em 2018, uma onça parda foi atropelada por um carro na rodovia Professor Zeferino Vaz (SP-332) em Cosmópolis. Mas assegura que recuperação de matas podem ajudar a diminuir os casos.
“Infelizmente ainda temos atropelamentos na região. Mas à medida que as matas ciliares sejam recuperadas, a tendência é reduzir”, finaliza.

Imagens: Ester Agroindustrial e Instituto Caminho das Onças

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