Corporação Musical de Artur Nogueira grava participação no Programa do Jô

por Norton Rocha

Depois de uma celebração de aniversário inebriante, capaz de redimensionar o papel da Corporação Musical 24 de Junho no município, um novo momento surge e parece dar continuidade às comemorações dos 90 anos da entidade. A participação do músico global Derico Sciotti na histórica apresentação da Corporação, ocorrida na noite de 22 de Junho, surtiu efeitos ainda imensuráveis ao grupo. O encontro se deu a partir de uma antiga amizade, construída desde os tempos de conservatório, entre o artista e o maestro Ricardo Michelino.

Na oportunidade em que esteve na cidade, Derico se encantou com o Projeto Retreta, que busca descentralizar o ensino da música no município. Desenvolvido pela Corporação Musical de Artur Nogueira há quatro anos o programa já atendeu cerca de 800 jovens no município. Em público, durante a sua participação no espetáculo da Corporação na Escola Modelo, Derico se prontificou a abraçar a causa e levar o projeto em forma de argumentos até a direção da Globo. Uma semana depois, a resposta: a entidade foi convidada para gravar uma apresentação no Programa do Jô.

O grupo formado por 72 músicos saiu de Artur Nogueira na manhã da última quarta-feira (2), num comboio de dois ônibus e um caminhão fornecidos pela prefeitura.

Apesar de chegarem a Rede Globo às 11 horas, a gravação só começou depois de muito ensaio, às 17 horas. O desempenho da Banda Sinfônica Jovem do Projeto Retreta chamou a atenção de produtores, assistentes e até da direção do programa. “Me senti lisonjeado em poder dirigir um musical destes, em que você vê a juventude expressando suas melhores qualidades enquanto artistas”, afirmou Willem van Weerelt, diretor do programa.

O trompetista Gustavo Libanori, integrante da Banda Sinfônica, está em êxtase diante da oportunidade de se assistir na maior emissora de TV do país fazendo justamente o que mais gosta. “Ver o trabalho da Corporação chegar num programa como o do Jô é muito gratificante”. Possivelmente a música tenha um significado maior do que se imagina no cotidiano das pessoas. O assistente de palco, chileno, Luis Alexander Rubio Bernardes, popularmente conhecido como Alex, faz alusão ao seu passado, quando a música o ajudou na sala de aula. “Eu tinha muitos problemas na escola com as exatas. Após um professor passar a ensinar matemática através da musicalização, me aproximei mais da disciplina. Percebi então a importância da música na vida do ser humano. De como você aprende através da música. Este projeto é maravilhoso”.

O ajudante geral do Estúdio 3 da Rede Globo em São Paulo, Waldir de Melo Cruz, o “Seu Madruga”, como é chamado, se emocionou ao assistir a Banda. Com um passado repleto de dificuldades, Seu Madruga recordou momentos da infância, num período em que passou muitas necessidades. “Acho que o mais significante de tudo isto é que cada uma das pessoas que estão neste projeto tem a oportunidade de aprender e ensinar. Isto para mim diz muito. Eu fui moleque de rua e sei o quanto é difícil não ter apoio social. E quando vejo uma iniciativa destas que investe e acredita nas crianças fico realmente emocionado”, diz enxugando as lágrimas o carismático ajudante.

A participação da Banda da Corporação Musical no programa da Globo representa, para Ieda Ribeiro, presidente da entidade, um fruto que está sendo colhido através de muito esforço. Este cenário confirma, segundo ela, um nível de qualidade do grupo. A presidente destaca a importância do trabalho desenvolvido pelo maestro Michelino a frente da Corporação e reflete sobre o valor daquele momento na vida dos integrantes. Ieda se diz ainda impressionada com a receptividade e a atenção da emissora em cada detalhe. “Fomos muito bem recebidos pela produção do programa. Lá, tudo é minuciosamente trabalhado”.

A apresentação deve ir ao ar no Programa do Jô na primeira semana de agosto. Segundo Derico, a repercussão deve ser grande, não apenas pelo impacto e a influência da emissora na vida dos brasileiros, mas, fundamentalmente, pela qualidade do trabalho apresentado pela Corporação Musical. Derico reforça ainda que a busca pela perfeição nestes ambientes é natural, devido a capacidade de captação das informações num sistema televisivo. “Eles vieram aqui hoje, no topo da cadeia alimentar de um sistema de comunicação, considerado a terceira maior emissora de TV do mundo. Aqui tudo deve ficar perfeito. E sonoramente ficou”, garante o músico, que trabalha com Jô Soares há 24 anos.