06/10/2019

Casal de Artur Nogueira completa 70 anos de união

Com 90 anos de idade, Silvestre e Genny Pagliato comemoraram Bodas de Vinho em 1º de outubro

Diego Faria

Pesquisas de Estatísticas do Registro Civil, realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram a média que os casamentos têm durado no Brasil. Em 2007, a média de duração de um casamento civil era estimada em até 17 anos. Dez anos depois, em 2017, o mesmo levantamento indicou que o tempo médio do matrimônio do casamento baixou para 14 anos. Mesmo com essa tendência negativa crescendo de tempo em tempo, um casal de idosos de Artur Nogueira se mantém unido em um relacionamento estável e fortalecido no decorrer dos 70 anos em que estão casados.

Silvestre Pagliato e Genny Rodrigues Pagliato, ambos com 90 anos de idade, nasceram em Artur Nogueira, época em que o município ainda pertencia à comarca de Mogi Mirim (SP). Silvestre é filho do imigrante italiano João Pagliato e da araraquarense Rosária Kubiac Pagliato. Já a esposa dele, Genny, é filha de José Maria Rodrigues com Maria Luíza de Campos Rodrigues, que sempre foram moradores da região de Artur Nogueira.

O casal Silvestre e Genny se conheceram ainda quando jovens, aos 19 anos. Com a memória bem viva, o esposo conta como esse relacionamento tão duradouro teve início. “Nós nos conhecemos em uma das festas de amigos e vizinhos. Naquela época tinham muitos bailes e festas que as pessoas faziam em casa, festas católicas também, de Santo João e São Pedro. A gente se conheceu, namoramos por uns seis meses e então nos casamos. Sempre foi um relacionamento sério”, comenta.

Os dois sempre tiveram forte ligação com a vida no campo, onde exerceram a função de agricultores junto da família. Na época em que eram crianças e adolescentes, estudar era um privilégio, algo que eles não puderam desfrutar por muito tempo. Silvestre estudou por três anos com uma pequena turma de alunos em um sítio localizado no bairro Pinheiro, área rural de Artur Nogueira. Esse período foi o suficiente para ele aprender a ler, escrever e fazer cálculos básicos de matemática. “Quando eu tive que deixar os estudos, que eram passados no sítio, para ter que ir estudar na cidade, não havia muito condução e oportunidade, então eu tive que deixar a escola e desde aí só trabalhar ”, conta ele.

Genny teve menos tempo para os estudos. Ela estudou apenas um ano, também quando os professores iam lecionar para as famílias do campo. A idosa, hoje com 90 anos, não tem a prática da leitura e da escrita. “Eu não pude estudar, mas sempre fiz tudo em casa. Me dediquei muito aos meus filhos e ao meu marido”, expõe.

Os 70 anos de casamento de Silvestre e Genny foram completados no último dia 1º de outubro (terça-feira). Para ter um amor e um companheirismo tão duradouro no relacionamento, Silvestre dá a receita. “O segredo é ter paciência, ser compreensivo, ter respeito e um sempre  ouvir a opinião um do outro. Não pode um querer mandar no outro, tem que ter diálogo. Toda decisão tem que vir dos dois”, explica ele.

Deste casamento, o casal deu origem a quatro filhos: Odair, Jair, Valteir e Mercedes. O nascimento de três filhos ocorreram no sítio com a ajuda de parteiras, apenas um deles nasceu em um hospital. Silvestre e Genny também têm 6 netos e 8 bisnetos. “Tudo o que conquistei na vida eu não desperdicei. Deixei tudo para os meus filhos. Nós cuidamos deles e, agora, eles é que cuidam da gente. Tenho muito orgulho e gratidão por eles”, diz Silvestre, emocionado.

Com toda essa trajetória de vida, comemorando as Bodas de Vinho em 70 anos de casamento, o casal não se arrepende da vida a dois e viveriam tudo novamente. “Eu sou muito feliz pela minha vida e não mudaria nada, pelo contrário, faria tudo de novo. Inclusive, me casaria com ela novamente, não ia querer outra não”, confirma Silvestre.

A esposa Genny relaciona a união com algo muito especial, na verdade, uma provisão divina. “Sabe, foi Deus quem colocou a gente no caminho um do outro”, declara ela.

Por serem muito compassivos e fiéis ao matrimônio, Silvestre diz que nunca houve ciúmes entre os dois, tendo eles um casamento muito “respeitoso e compromissado”, segundo as palavras do próprio marido de Genny. “Os relacionamentos de hoje não duram porque existem muitos vícios e pouco diálogo entre os casais. As mulheres querem ser entendidas, ter autonomia e não dependerem dos maridos. É preciso ter a compreensão em cada um”, completa ele.

Com cabelos já branqueados pelo tempo e a voz um pouco trêmula, mas com o mesmo brilho nos olhos que trazem desde a juventude, o casal finalizou a entrevista com frases que refletem a experiência e sabedoria que adquiriram com a vida. Como ensino aos mais jovens, Genny considera que, “o que fica neste mundo é apenas o que fazemos de bom para os outros”. Já Silvestre, deixa como conselho que para viver de bem com a vida, basta “aproveitar o amor que temos junto da família”.

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