14/02/2021

Bloco da Vaca realiza Live neste domingo: Relembre a História

Manifestação cultural é patrimônio imaterial do Estado de São Paulo

Da redação

Neste domingo (14) o Bloco da Vaca realiza uma Live, às 18h30. O evento não contará com público e respeitará todos os protocolos de combate a Covid-19.

Em 2020 o bloco fez sua nonagésima aparição no também tradicional carnaval nogueirense. Para que o bloco não deixasse de aparecer, os organizadores optaram por realizar o evento ao vivo, no mesmo modelo de shows realizados em todo o país nesse período de pandemia.

História do Bloco da Vaca

A tradição de colocar a vaca de brinquedo na rua surgiu em meados do século 20. Famílias tradicionais da cidade, livremente inspiradas nas touradas espanholas, criaram a brincadeira, que rapidamente se popularizou na localidade. A data exata da origem ainda é debatida, mas o primeiro registro fotográfico é de 1930. Por isso, resolveu se oficializar a idade do Bloco da Vaca com base nisso.

A ideia de colocar os rapazes para se vestir de mulher é muito antiga também, mas a ideia de as mulheres se vestirem de homem nem tanto. Isso porque até os anos 1980 apenas homens participavam do bloco. Mulheres e crianças só assistiam, sem se envolver na brincadeira. Isso mudou há cerca de 30 anos – e, no caso das crianças, elas ganharam uma versão para elas do bloco, os Filhos da Vaca.

 

Em seus primórdios, o Bloco da Vaca não tinha esse nome. Ele começou como “Banda do Boi”. A brincadeira era organizada pelas próprias famílias de Artur Nogueira, que se encarregavam de confeccionar a vaca e conduzi-la pelas ruas da cidade, correndo atrás dos foliões. Com o passar dos anos, o nome mudou e a proporção da folia aumentou. A responsabilidade de preparar a vaca para a festa ficou a cargo de outras pessoas.

Hoje, um grupo de voluntários trabalha na confecção da vaca. Entre eles, Eduardo Pietrobom (Duda), Geraldo Townsend (Lelo), Anderson Luís Lopes (Ninão), Euclides de Sá, Levi Fernando de Melo, David Alan Martins e André Luís Cardona (Gordico). O processo de criar o animal dura mais de um mês e meio, e inclui ir à mata para pegar cipó, conseguir crânios verdadeiros de vaca, montar a estrutura, revestir com espuma e pano, pintar e deixar perfeita para a festa em que ela é a atração principal.

Em todos esses 90 anos de tradição, a festa passou por algumas mudanças em seu formato. Se antes as pessoas corriam da vaca para que ela não as acertasse, hoje é comum ver foliões pulando na vaca ou mexendo com ela. Apesar de divertida, a brincadeira dificulta a vida de quem está debaixo da fantasia, que pesa cerca de 30 quilos.

Duda, um dos organizadores do bloco, conta um dos episódios mais interessantes envolvendo a vaca: o dia em que ela quebrou a câmera de um cinegrafista da Rede Globo. “Isso foi na primeira vez que a Globo veio”, começa. “A emissora chegou e não avisou ninguém. Já tinha gente embaixo da vaca e o cinegrafista começou a filmar. E daí o cara que estava debaixo da vaca começou a fazer graça e o cara gostou, nisso a vaca foi pra cima e derrubou ele!”, conta rindo.

“Quebrou a câmera! E aí foram embora. O cara da vaca achou que era uma fantasia, que a câmera era de brinquedo. A gente falou depois que ele [cinegrafista] tinha que ter avisado”, relembra.

Reconhecimento

Em 2015, toda essa tradição recebeu um grande reconhecimento. O Bloco da Vaca foi registrado como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de São Paulo. Antes disso, em 2012, o bloco já havia sido reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial de Artur Nogueira.

Patrimônio Cultural Imaterial são práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas transmitidos de geração em geração e constantemente recriados pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história. Elas geram um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

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