20/02/2020

Bloco da Vaca completa 90 anos de tradição no Carnaval de Artur Nogueira

Lelo e Duda, integrantes do Bloco da Vaca, falam sobre história e trabalho dedicado ao grupo carnavalesco

Da redação

Esse ano o Bloco da Vaca completa 90 anos de história em Artur Nogueira, e quanta história. Mais antigo do que a própria cidade, o bloco tem conquistado gerações e atravessado décadas com tradição e o compromisso de quem se dedica anualmente em continuar o trabalho de confeccionar cada uma das vacas, personagens principais do Carnaval nogueirense.

A primeira confecção da vaca ocorreu em 1928, quando o bloco ainda se chamava Banda do Boi, mas o primeiro registro fotográfico oficial, presente no livro de Artur Nogueira, ocorreu em 1930. Produzidas com base de cipó, cabeça de vaca, revestidas com espuma e pintadas a mão, elas costuma ter, em média, 30 kg.

Geraldo Townsend (Lelo) e Eduardo Pietrobom (Duda), são duas das pessoas envolvidas na produção das vacas do Bloco da Vaca. Ao todo são cerca de 10 pessoas envolvidas nesse trabalho que tem início em meados de dezembro. Lelo tem 86 anos e acompanha a produção e organização do bloco há 50 anos. Natural de Americana (SP), ele chegou ao município nogueirense há 5 décadas atrás, foi quando conheceu o Bloco da Vaca e então começou a gostar de Carnaval.

“Passei a gostar do Carnaval depois que assisti a festa aqui na cidade. Comecei a acompanhar o bloco, ajudar a fazer as vacas e estou até hoje. Iniciei no bloco a convite do Didi Caetano, ajudando ele a cortar os cipós. Ele parou e eu continuei. É um prazer pra gente ver os companheiros trabalhando e construindo as vacas, e uma diversão ver as pessoas correndo com elas na avenida, tomando tombo”, comenta aos risos.

Duda, outro membro e entusiasta do Bloco da Vaca, se uniu à equipe há cerca de 20 anos. Junto com Lelo e os demais colaboradores, ele contribui diretamente para a produção das vacas e para o Carnaval da cidade. “Isso tudo foi inspirado na Festa de São Firmino, na Espanha, pelas famílias espanholas aqui da cidade. Na Espanha os touros correm soltos nas ruas, então quiseram fazer algo que lembrasse essa festa. Depois se juntaram às famílias italianas, portuguesas e as demais famílias do município”, conta.

Como retribuição, Duda relata que o melhor retorno pelo trabalho desempenhado pelos colaboradores do Bloco da Vaca é ver o Carnaval ser realizado com dedicação e maestria. “A alegria da gente é fazer as vacas bem feitas, colocá-las na rua para o pessoal brincar e fazer o Carnaval acontecer. É um evento que movimenta milhares de pessoas, feito para a família e sem contra indicação. E o Bloco da Vaca é muito unido. Nós não ganhamos nada por isso, fazemos tudo de coração pelo Carnaval de Artur Nogueira e para a alegria do pessoal que vem para a festa”, acrescenta.

Na confecção das vacas, a organização e os colaboradores sempre buscam se inspirar em algum personagem da cidade, do cinema ou de algo que esteja em pauta na atualidade. Além da tradicional Vaca Preta, a Vaca Mirim do bloco Filhos da Vaca, a Vaca Pegadeira (prata)  e Vaca Mamonas (em homenagem a banda Mamonas Assassinas) esse ano o Bloco da Vaca fará uma homenagem a Richard Dias de Souza, morador de Artur Nogueira falecido em abril do ano passado (2019) aos 25 anos, devido a um infarto. Ele também era um colaborador do Bloco da Vaca. “Temos muitos colaboradores, não consigo nem citar todos, mas temos o Lelo, eu, o Ninão, o David, a Cinthia, o André, o Wagner, O Levi, o Pedro, o Cride, o Ricardo, pai do Richard, que faleceu mas também ajudava a gente e outros. Esse ano fizemos até a vaca Coringa em homenagem ao Richard, que gostava muito desse personagem, até esteve fantasiado em outra edição do Carnaval”, relata Duda.

Se depender desses dois moradores de Artur Nogueira, o Bloco da Vaca jamais terá fim e continuará a contagiar gerações no Carnaval de Artur Nogueira. “Eu acho importante manter essa tradição, não pode acabar, são 90 anos de Carnaval e Bloco da Vaca. É maior divertimento pra mim, um prazer, e uma tradição do município. Me sinto feliz em participar disso. Peço que tragam a família e se divirtam. Quem vem pra cá, gosta porque é o melhor Carnaval da região”, completa Lelo.

Em 2015, o Bloco da Vaca foi tombado como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de São Paulo. Antes disso, em 2012, o bloco já havia sido reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial de Artur Nogueira.

Considera-se como Patrimônio Cultural Imaterial as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas transmitidos de geração em geração, e constantemente, recriados pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente e história. Esse quesito gera o sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. Tudo isso é o que o Bloco da Vaca representa para Artur Nogueira através dessa expressão cultural do município.

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